Concelhias de Ílhavo e Aveiro estão “a dar passos que os autarcas atuais não dão”

2200
Convenção autárquica intermunicipal do PS de Aveiro e Ílhavo.

As concelhias do PS de Ílhavo e Aveiro assumiram o compromisso de trabalhar conjuntamente em áreas de interesse para ambos os municípios, preparando propostas tendo em vista as próximas eleições locais. Sem colocar em causa a autonomia de cada concelho, muito menos colocar ‘em cima da mesa’ uma possível agregação.

A convenção autárquica intermunicipal inédita realizada este sábado em Ílhavo deu visibilidade à pretensão de trabalhar dossiês comuns, já em marcha internamente, criticando as atuais maiorias camarárias por não darem passos idênticos.

A iniciativa, segundo deu conta no início dos trabalhos Sérgio Lopes, líder do PS ilhavense, foi “motivada pela singularidade da vizinhança”, pois tratam-de de dois concelhos “que partilham dinâmicas e interdependências muito peculiares, merecendo trabalho específico dos governantes e autarcas”. Uma forma de “reflectir sobre problemas e desafios comuns” para “fazer diagnósticos e propor soluções”, acrescentou.

As concelhias organizaram debates sectoriais sobre turismo, cultura, mobilidade, transportes e ria de Aveiro, por entenderem que são áreas prioritárias.

“Damos o primeiro passo de identificação de propostas para continuar em cada concelho, uma cooperação institucional que deve haver, não desfazendo a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro. Mas esta é bastante distinta, estamos a dar passos que os autarcas atuais não dão. Queremos afirmar os factores diferenciadores, a identidade de cada concelho, mas também a postura de colaboração em problemas e desafios comuns”, vincou Sérgio Lopes.

O líder do PS de Ílhavo e vereador na Câmara local afastou uma eventual agregação dos dois municípios. “Nunca defendemos que deveria haver um concelho único. Houve quem defendesse, mas com a mudança de ares começou a ter medo de persistir. Há muito a fazer e muito pouco se faz”, referiu.

Manuel Oliveira de Sousa, do PS de Aveiro, adiantou que as estruturas vizinhas querem fazer “um trabalho contínuo até ao próximo ato eleitoral autárquico”.

“Temos tanto em comum, até políticas áridas da mesma espécie; lançaram o embrião e depois encaminharam o produto para refinar em Aveiro, quando tivermos oportunidade devolvemos à procedência”, ironizou o vereador na abertura dos trabalhos, numa referência à passagem de Ribau Esteves da Câmara ilhavense para a autarquia de Aveiro.

A maioria PSD-CDS não foi poupada. “O que temos vivido localmente é uma política de terra queimada para depois fazer números espectaculares em momentos chave”, acusou Manuel Oliveira de Sousa.

“No futuro temos muita coisa a unir politicamente”, referiu apontando para trabalho comum em matérias como a educação ou o próximo quadro de apoio.

A convenção autárquica contou com a presença de Carlos Miguel, Secretário de Estado das Autarquias Locais, que veio fazer um ponto de situação da lei quadro da descentralização. Jorge Vultos, presidente da distrital do PS e líder da Câmara de São João da Madeira, encerrou os trabalhos.