As alterações drásticas no mercado e nos circuitos de comercialização levaram a uma desvalorização progressiva do sal.
Nelson Silva *
Os registos mais antigos datam ao ano de 929 e 959, com a referencia à venda de salinas no atual concelho de Ovar, e a doação de salinas localizadas em Aveiro da Condessa Mumadona Dias ao mosteiro de Guimarães.
Os registos do seculo XIII revelam que o salgado de Aveiro era já um grande centro abastecedor europeu. Nessa altura, a paisagem caraterizava-se já pela geometria das salinas e pelo branco dos montes de sal.
No seculo XIV dá inicio a um processo de assoreamento natural, que ampliado pela geometria das salinas, manifestar problemas funcionais.
A abertura artificial da barra, em 1808 proporcionou amplas trocas hídricas entre o meio lagunar e o oceano o que proporcionou a recuperação da indústria salineira atingindo a plenitude. Na safra de 1965, as 268 salinas ativas produziram 95,5 mil toneladas de sal.
Por volta da década dos anos 70, as alterações drásticas no mercado e nos circuitos de comercialização levaram a uma desvalorização progressiva do sal e inicia-se, assim, um longo processo de abandono, e a deterioração dos estabelecimentos.
A partir da década de 80, inicia-se a conversão de marinhas entretanto inundadas, em pisciculturas (Fundo da DGPA). A aquacultura surge como uma oportunidade de negócio. Esta tendência de reconversão mantém-se atualmente.
Total em exploração – 220 ha.
Salicultura – 7 marinhas de sal ativas, correspondendo a aproximadamente 51 ha.
Aquicultura – 18 estabelecimentos de piscicultura e 66 lotes de bivalves numa área total de 169 há (65 ha pisciculturas; 54 ha são estabelecimentos de policulturas e 50 ha corresponde a lotes bivalves).
Reativação porquê ?
Permitiria equilibrar as necessidades de consumo nacional. Aspectos muito positivos na hidrodinâmica lagunar (contribui para diminuir a velocidade de correntes). Vantagens ecológicas (a existência de salinas em atividade permite a manutenção das zonas húmidas e da avifauna). Turismo de natureza (conservação da natureza e valorização paisagística)
Cerca de 75% (495 ha) revelam-se mais atractivos para serem reconvertidos em aquicultura (Investimentos de reativação inicial mais baixos, retorno financeiro mais rápido e custos de exploração menores, e questões hidraulicas)
Potencial existente identificado – 2.173 ha
Em exploração – 220 ha (169 ha aquicultura e 51 ha salicultura)
Existem atualmente 31 estabelecimentos com reconhecimento da propriedade privada e delimitados do Domínio Público Marítimo por auto de delimitação
13 estabelecimentos embora reconhecidos como privados estão ainda em fase de delimitação.
Na ultima década registou-se um o aumento significativo do reconhecimento de propriedades privadas que integram o domínio público hídrico.
* Chefe de Divisão, Agência Portuguesa do Ambiente I.P. – ARHC . Intervenção no workshop ‘Sal de Aveiro, versão na integra acessível aqui.
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