Romão Júnior, visto pelo próprio.

José da Maia Romão Júnior nasceu em Aveiro, no dia 30 de Outubro de 1878, cidade onde faleceu no dia 25 de Agosto de 1949. João da Maia Romão, o pai já foi um grande artista aveirense, o que influenciou a sua vontade para artes plásticas e que o fez frequentar a Escola de Belas-Artes no Porto, onde tirou os cursos de desenho, pintura e escultura. Naquela escola do Porto, Romão Júnior foi companheiro de estudos do Carlos Mendes, outro grande nome das artes aveirenses na arquitetura.

Por Fernando Ferreira Dias *

No campo da pintura, entre os mestres que mais o influenciaram estava pintor Marques de Oliveira, uma referência da pintura do Porto, e foi também na cidade invicta que conheceu a pintora Margarida Costa, sua futura esposa. Esta artista era filha de outro pintor, Júlio Costa. Este Júlio Costa era, por seu turno, sobrinho de António José da Costa considerado, por muitos, como o mais notável pintor de flores português.

Mas Romão Júnior escolheu a escultura, arte onde consolidou a sua carreira artística. Ainda na sua fase inicial de escultor, Romão Júnior participou, no Porto, em algumas exposições, sendo distinguido pela crítica. Um dos momentos altos dessa fase da sua carreira ocorreu em 1908, quando a família Costa, para a qual entrou pelo casamento, bastante conceituada nos meios artísticos do Porto, realizou uma exposição coletiva no Ateneu Comercial do Porto, onde apresentou as suas esculturas, enquanto António José da Costa, Júlio Costa e Margarida Costa expuseram pintura.

Mais tarde fixou-se em Aveiro. Em meados da década de 1920, Romão Júnior passou a exercer o cargo de mestre de modelação na Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira. Um dos seus discípulos foi o escultor aveirense João Calisto, também ele um exímio modelador.

Como escultor, Romão Júnior deixou numerosos trabalhos, incluindo alguns monumentos públicos em diversos pontos do país: o monumento ao Cego de Maio, na Póvoa de Varzim, bem como os bustos do jornalista Oliveira Alvarenga e do general João de Almeida (este, num quartel da cidade da Guarda).

Também são da sua autoria os medalhões de Eça de Queirós, Camilo, Antero, Teófilo Braga, Guerra Junqueiro e Tomás Ribeiro, que se encontram na histórica Livraria Lello, Porto. Dessa época são também os pequenos medalhões-retrato de Guerra Junqueiro no Museu Municipal Dr. Santos Rocha, da Figueira da Foz, e de Manuel de Arriaga; os baixos-relevos Cavaleiro Negro, Procissão da Miséria, Quatro Evangelistas (na capela de Mões, Castro Daire) e um baixo-relevo no monumento aos Vencidos do 31 de Janeiro, no Prado do Repouso, Porto, os Quatro Evangelistas (baixos-relevos na capela de Mões, Castro Daire); busto de Manuel Firmino de Almeida Maia, encomendado por uma comissão e que, depois de ter estado longos anos no Parque da Cidade, já neste século se pode ver hoje no jardim em frente ao Mercado Municipal, que já não é o original mas uma reprodução, pois o mesmo foi roubado ; um baixo-relevo no monumento aos Vencidos do 31 de Janeiro, no Prado do Repouso. Porto.

Mário Duarte (medalha da autoria de Romão Júnior).

Pouco antes de 1930, uma doença incapacitou Romão Júnior de utilizar a mão direita, facto que não o impediu de aprender a modelar com a mão esquerda. Desta segunda fase, e entre outros, são os seguintes trabalhos: medalhão de Mário Duarte, medalhões-retratos de João Grave (em Vagos), Homem Cristo (no Jardim-Escola “João de Deus”, Lisboa) e de Alberto Soares Machado, e ainda os bustos da República (na Escola Industrial de Aveiro) e do próprio Romão Júnior (auto-retrato).

Era um artista exigente consigo mesmo, pelo que muitos trabalhos fez que ele próprio destruía. Mais um nome que merece uma homenagem de Aveiro e dos Aveirenses.

* Série de publicações ‘Personagens que fazem Aveiro’. Artigo publicado em Aveiro na História.

+ informações:

http://ww3.aeje.pt/avcultur/Avcultur/Aveidistrito/Boletim03/page45.htm

https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estudantes%20ilustres%20-%20rom%c3%a3o%20j%c3%banior

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