Região: Roteiros locais para uma Páscoa ainda de vivências restritas

1980
Pateira do Carregal, Aveiro.

A Páscoa, pelo segundo ano em regime de confinamento pandémico, pese embora algumas exceções nos serviços de proximidade que foram sendo autorizados a reabrir, mantém em vigor cautelas a bem da saúde de todos, ainda muito limitativas das vivências comunitárias e mesmo familiares.

Exigências que impedem, cautelarmente, também, tradições de pendor religioso que continuam enraizadas em muitas localidades, sobretudo fora dos grandes centros urbanos, como é o caso da visita do ‘compasso pascal’, em que o crucifixo de Cristo é levado de casa em casa para celebrar a sua ressurreição.

A proibição de circulação entre concelhos deixará limitada a movimentação que se sente mais numa região como a de Aveiro, onde existem localidades que têm uma acentuada interdependência económica e social fruto do seu desenvolvimento histórico ou afinidades territoriais, como a Bairrada, a sul, a Ria de Aveiro, ao centro, ou os concelhos de Aveiro Norte.

NotíciasdeAveiro.pt compilou, com ajudas várias, um roteiro para estes dias de Páscoa em que, apesar do cumprimento de restrições, não deixará de ser possível, mesmo com alguma chuva anunciada, fazer alguns percursos ao ar livre por lugares que têm sido redescobertos neste tempo de pandemia, encontrar ofertas gastronómicas que o modo take away salvou do encerramento ao público e aproveitar o descanso para preparar os dias que hão-de chegar, trazendo de regresso o ‘velho’ normal.

Pateira do Carregal, Aveiro.

Trilhos do Carregal e Ovos Moles de Aveiro
No concelho de Aveiro, o parque da Pateira do Carregal, em Requeixo, oferece trilhos sem dificuldades de maior a preparar antes de sair para o terreno, numa altura eventualmente menos frequentada que os concorridos passadiços entre Esgueira e Vilarinho. Na cidade, há um roteiro Arte Nova para surpreender.
O popular restaurante ‘Abílio dos Frangos’ , no Bonsucesso, está à altura da ementa pascal sem grandes demoras. Sendo injusto não referir muitas outras casas do concelho.
Inúmeras confeitarias também produzem os obrigatórios ‘Ovos Moles de Aveiro’. Duas das casas mais conhecidas (Peixinho e Maria da Apresentação) ficam na rua de Coimbra (junto aos Paços de Concelho).
A Reserva Natural de S. Jacinto ganhou motivos de interesse novos após a reabilitação dos seus espaços de acolhimento para dias de maior desconfinamento.

Pão de Vale de Ílhavo.

Arte urbana e folares de Vale de Ílhavo
Em Ílhavo, Fátima Teles, vereadora da cultura do município local, sugeriu passeios / percursos a pé ou de bicicleta no caminho do Praião, Mata Nacional das Dunas da Gafanha, Jardim Oudinot ou a ciclovia do PCI à Chousa Velha. Maria Helena Malaquias, diretora do jornal O Ilhavense,  sugere ainda os painéis pintados no viaduto sobre a avenida dos Bacalhoeiros na Gafanha da Nazaré. Na quadro pascal, os folares de Vale de Ílhavo são obrigatórios. O Tripadvisar.pt disponibiliza inúmeras sugestões de gastronomia.
Para o futuro próximo, é colocar em agenda a reabertura do Navio-Museu Santo André e do seu renovado espaço expositivo e interpretativo (início do verão).

Descer o rio Lordelo e adoçar a boca com ‘Bateiras do Vouga’
De Sever do Vouga, Vasco Figueiras, um conhecedor daquele território, sugere a ‘Pequena Rota da Agualva’, um percurso pedestre na zona verdejante serpenteada pelo rio Lordelo (afluente do Vouga), em Couto de Esteves (cascatas e recantos de beleza singular).

“Bons restaurantes não faltam” em terras severenses: Vitela, cabrito ou lampreia fazem parte da tradição. Em take away, também é possível encomendar “pizzas e pastas de excelente qualidade” na Pizzaria Don Gonçalo.
Importa ainda “guardar barriga” para doces típicos, como as ‘Bateiras do Vouga’, disponíveis nas pastelarias do concelho. “Não tarda chegam os mirtilos da colheita 2021”.
Para os dias sem restrições de mobilidade, é recomendada uma visita ao museu municipal. “Interativo, atrativo, moderno”. Uma boa opção “para toda a família” conhecer a história do concelho.

Dos caminhos ribeirinhos do Bunheiro ao pão de ló moliceiro de “O Guedes”
Para quem estará pelo concelho da Murtosa, Januário Cunha, autarca do município local, indicou o percurso ciclável e pedonal ribeirinho do Bunheiro, espreitando o património local (Casa-Museu Custódio Prato, a Capela e a Fonte de São Gonçalo ou a pitoresca Capela de São Simão). Não faltam outros motivos de interesse, mesmo para os residentes.

Percursos do Bunheiro, Murtosa.

Páscoa é sinónimo do “Pão de Ló de Barquinho”, em forma de moliceiro, confecionado na Pastelaria Âncora (“O Guedes”).
Para uma visita futura, recomenda-se uma caminhada pela “Murtosa Velha”, o núcleo urbano mais antigo da freguesia da Murtosa. E partir ao encontro de outros lugares murtoseiros e das suas gentes.

Percursos no BIORIA e regueifa da Casa do Tear
No vizinho município de Estarreja, os percursos do BIORIA são a proposta de Isabel Simões Pinto, vereadora da cultura. O de Fermelã torna possível admirar um habitat único: o “Bocage” (compartimentação dos campos agrícolas em retalhos delimitados por sebes vivas e por veios de água criados pelo homem). Mas há outros destinos.
Na gastronomia, a Taberna 1.º Maio, em Pardilhó, surge com boas referências em pratos regionais. Como doce tradicional, é de experimentar a regueifa da Casa do Tear.

Casa Museu Egas Moniz, Avanca (Estarreja).

A Casa Museu do Prémio Nobel da medicina Egas Moniz, com os seus jardins, é uma das visitas obrigatórias em Estarreja, onde também se disponibilizam passeios de charrete ao longo dos braços da Ria de Aveiro.

 

 

Da escadaria do Outeiro da Vila aos pratos dos 3 Manos
A sul, em Águeda, Jorge Costa, diretor do jornal Soberania do Povo, desafia os seus conterrâneos a percorrerem a escadaria do Outeiro da Vila (Macieira de Alcôba), o Parque de Lazer Quinta da Boiça (Aguieira, Valongo do Vouga) ou o Parque Municipal de Alta Vila, na cidade.
A sugestão gastronómica é dada ao Restaurante 3 Manos, em Mourisca do Vouga (serviço de take away). Na carta de doces: folar de páscoa em forno a lenha no Pão de Barrô, e Torta de Coco do Zé Vidal, em São Martinho, Aguada de Cima.
A preparar com tempo, uma visita à típica aldeia serrana de Lourizela, na freguesia do Préstimo e Macieira de Alcôba (casas de xisto e granito em ruas estreitas), com caminhadas pela margem do Rio Alfusqueiro (cascatas e antigos moinhos de água).

Na Rota das Cegonhas entre arrozais
Já na Bairrada, do município de Oliveira de Oliveira do Bairro, é recomendado um passeio pela ‘Rota das Cegonhas’, na Rede Natura 2000 Ria de Aveiro. Uma zona marinhas de arroz, local de nidificação das cegonhas-brancas que sobrevoam o Vale do Cértima. Uma boa alternativa é o Parque Ribeirinho do Carreiro Velho, na margem da Pateira de Fermentelos.
Gastronomicamente, é território de ‘Leitão da Bairrada’, com várias casas a entregar à porta. Os ‘Rojões da Bairrada’ com batata à racha e grelos também figuram em destaque nas ementas. Como doce, as ‘Bateiras do Cértima’ (arroz do Cértima e abóbora) impuseram-se.
Para os dias de desconfinamento, pode sintonizar uma visita à Radiolândia – Museu do Rádio (espólio de características únicas).

 

 

 

‘Trilho da Lontra’ para os vaguenses ‘esticarem as pernas’
Gustavo Neves, adjunto da presidência da Câmara de Vagos, enviou como sugestão percorrer o ‘Trilho da Lontra’, na freguesia de Fonte de Angeão e Covão do Lobo (a pé ou de bicicleta) ou os passadiços do Parque Municipal da Quinta do Ega, com o Rio Boco a par.

Quinta do Ega, Vagos.

Quanto à gastronomia, em terras vaguense, mesmo em época pascal “cai bem” uma tradicional caldeirada de enguias, com um pão doce a rematar. E numa altura em que se aproxima o Dia Nacional dos Moinhos, o município espera poder receber visitantes para conhecerem os seus vastos moinhos e azenhas, entre outras boas alternativas para ocupar o tempo livre.

Do parque urbano a S. Pedro de Castelões com “A Dica” a não esquecer
A Norte, Cristina Maria Santos, diretora do jornal Voz de Cambra, sugere aos residentes locais para explorar a nova ciclovia a pé ou de bicicleta, que liga o parque urbano da cidade à Praia Fluvial de Burgães, em S. Pedro de Castelões. Acompanha o curso de água do rio Vigues e o rio Caima.
Na gastronomia, fica a referência ao restaurante “A Dica”, com take away (vitela e cabrito assado e para sobremesa o leite creme típico do concelho).

Percurso do “Vale Mágico” (Foto de António Garcia).

Para preparar uma visita a Vale de Cambra pode seguir o roteiro “O Vale Mágico por Ferreira de Castro” com duas narrativas de viagem: uma, a partir do Guia de Portugal, onde o escritor descreve o percurso entre o miradouro das Baralhas e a Nossa Senhora da Saúde; e outra, entre Macieira de Cambra e Rôge, publicada pela Revista Semestral da Junta Distrital de Aveiro, intitulada Velha Macieira de Cambra, Sempre Jovem.

De bicicleta pelos vinhedos de Anadia e garantia de ementas recheadas
De volta ao sul, na capital do Espumante, Anadia, Jorge Sampaio, vice-presidente da autarquia local, recomenda espreitar o Espaço Bairrada (antiga estação de comboios da Curia), que retrata a Bairrada e partir num passeio de bicicleta B-AND, gratuita, seguindo o verde dos vinhedos serpenteado por estradas e caminhos.

Bairrada.

O leitão é rei na gastronomia, mas a cozinha tradicional vai mais além: chanfana, negalhos, arroz de “miúdos”, o franguinho de churrasco com muitas casas em take away ou venda ao postigo. Para doces, será um problema escolher entre Bairradinos, Fanecos, Barriga de Freira, Aletria do Mugasa ou Amores da Curia.
A reabertura dos museus, será uma boa altura para conhecer ou revisitar o Museu do Vinho Bairrada ou Aliança Underground Museum, entre outros.

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