10 tendências de viagem para 2024

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Turismo, Portugal.
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2023 terminará como um dos melhores anos turísticos de sempre em Portugal e no mundo. Um crescimento transversal – em parte, estimulado pelo sentimento de revenge adotado pelos viajantes – que superou as expectativas e previsões das principiais organizações mundiais. Foi o ano em que foi decretado o fim da pandemia de COVID-19 e que marcou a estabilização da oferta do ecossistema turístico.

Por IPDT – Turismo e Consultoria *

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2024 será, por sua vez, um ano de grandes desafios nos campos da economia, da tecnologia, do ambiente e segurança e que vão impactar direta e indiretamente o setor das viagens turísticas.

É expectável que se continue a verificar um crescimento turístico generalizado, porém este não acontecerá de forma natural ou sem esforço, como por vezes no passado acontecia. Bem pelo contrário. Atualmente, verifica-se uma maior profissionalização do mercado turístico, com empresas e destinos altamente qualificados – ao nível humano e técnico – para se destacarem dos demais concorrentes, e captarem os seus públicos-alvo. Há uma maior adoção de uma metodologia “one size, fits one” – evoluindo da tradicional e ultrapassada abordagem “one size, fits all”.

A segmentação dos públicos e a personalização das mensagens/produtos são, portanto, trunfos que devem ser trabalhados – todos os dias – pelas empresas e destinos que se pretendem diferenciar e crescer em valor. A par deste trabalho contínuo, é fundamental que seja mantido um olhar atento às alterações sociais, económicas, ambientais e tecnológicas que aparecem num ritmo cada vez mais acelerado e que impactam os comportamentos e/ou as motivações de quem viaja.

As 10 Tendências de viagem para 2024

Tendência 1.

“Chat GPT, apetecia-me algo”

De um momento para o outro, o Chat GPT passou a fazer parte das conversas e dos processos internos de várias empresas em todo o mundo.

As dúvidas quanto aos limites e utilidade da inteligência artificial (se as havia) estão a ser dissipadas à medida que as pessoas exploram as ferramentas, sendo evidente que estas podem e devem-se tornar oportunidades a explorar.

O turismo não é exceção, sendo reconhecido o potencial e o valor que a IA pode acrescentar à experiência turística em campos como a personalização da viagem (quase pessoa-a-pessoa), o atendimento ao cliente ou a otimização de processos logísticos. Por outro lado, no futuro próximo, também os turistas vão estar mais capacitados para utilizar ferramentas como o Chat GPT em seu benefício, para, por exemplo, planear a sua viagem.

É certo que estamos numa fase ainda precoce para compreender o real impacto que a IA pode trazer para a sociedade, bem como as eventuais restrições que possam vir a ser implementadas pelos governos. No entanto, quanto mais rápido as empresas adotarem esta ferramenta como um parceiro (não o único e nunca substituindo, por completo, a interação humana), mais capacitadas estarão de ter um aliado para incrementar a qualidade da experiência turística.

Tendência 2.

Look at the price. Think first. Book after.

O acentuar da inflação nos últimos meses tem vindo a impactar o orçamento das famílias um pouco por todo o mundo, tendo sido implementadas várias medidas dos organismos centrais com vista a travar a escalada dos preços.

Algumas previsões (Fundo Monetário Internacional incluído) apontam para uma possibilidade de recessão da economia mundial, em 2024, algo que, a acontecer, trará mudanças significativas no comportamento de viagem de alguns mercados. Importa, contudo, ressalvar que tal não significa uma consequente redução do número de viajantes, mas sim uma alteração das suas prioridades/necessidades.

No próximo ano, do ponto de vista do turista, e mesmo que a situação de recessão não se confirme, será expectável que este assuma um comportamento de consumo mais racional, ponderado e que privilegie opções que lhe garantam uma boa relação qualidade – preço.

Do lado das empresas e dos destinos deve ser assumido um comportamento de constante monitorização da situação económica dos seus principais mercados, ajustando (se necessário) as políticas e prioridades de captação de turistas.

Tendência 3.

Semana de 4 dias?
Yes! Mais dias para viajar!

Depois de várias empresas o terem implementado, no último ano vários países (Portugal incluído) iniciaram projetos piloto para testar a viabilidade da semana de trabalho com 4 dias.

Os resultados têm sido bastante positivos e é expectável que esta prática comece a ser mais adotada, já a partir de 2024.

O turismo tem aqui uma oportunidade que pode alavancar, através das tradicionais escapadinhas de fim-de-semana, que podem, no curto prazo passar de 3 (sexta, sábado e domingo) para 4 dias, alargando as possibilidades para que os turistas explorem mais os destinos. Deste modo, a estruturação de novas ofertas (que incluam mais dias) deve ser um trabalho a priorizar no curto-prazo.

Tendência 4.

O desporto de olhos postos na Europa

Em 2024, a Europa será o centro das atenções para os adeptos do desporto, com a realização dos Jogos Olímpicos/Paralímpicos, em França, e do Euro 2024, na Alemanha.

No próximo ano, será expectável que se verifique um elevado crescimento do número de viagens com a motivação de assistir a estes eventos, mas também uma maior abertura para realizar outras viagens para participar ou assistir a eventos desportivos de múltiplas naturezas, fruto da atmosfera envolvente que estes dois eventos conseguem catapultar, meses antes e depois de decorrerem. Relativamente aos Jogos Olímpicos, esta será a primeira edição da história a alcançar a paridade numérica de género nas competições, com o mesmo número de atletas femininos e masculinos.

Uma mensagem clara para o mundo e que pode representar uma enorme oportunidade para os destinos turísticos, na medida em que os eventos desportivos femininos têm cada vez maior visibilidade, algo que poderá fazer aumentar bastante o retorno económico para os territórios.

Tendência 5.

2024 marca a estabilização dos padrões de viagem

2020 e 2021 ficaram marcados por uma procura elevada por destinos de natureza, de forma a evitar situações de contágio.

Em 2022 e 2023, embora se tenha mantido esta tendência, constatou-se uma grande procura pelas cidades, com os turistas movidos pelo sentimento de revenge travel.

2024, por sua vez, será um ano de normalização dos padrões de viagem, sendo expectável que os turistas apresentem um comportamento mais racional, lógico e temporalmente equilibrado, podendo-se equiparar àquele que existia antes da pandemia, entre destinos de campo, cidade e sol e praia. Importa, contudo, realçar que os turistas atuais diferem – e muito – dos que viajavam em 2019, pelo que embora exista uma estabilização dos padrões de consumo, as necessidades são diferentes, mais exigentes e os destinos devem preparar ofertas que consigam ser competitivas no mercado turístico.

Tendência 6.

Alterações climáticas entram no planeamento das viagens

Depois de várias décadas a falar das alterações climáticas, nos últimos anos temos assistido a vários exemplos dos seus impactos. Tempestades, cheias, incêndios, vagas de calor extremo são alguns dos fenómenos mais frequentes.

Embora se trate de fenómenos extremos e imprevisíveis, vários destinos começam a ser associados a estes, uma vez que têm registado um maior número de situações. Por isso, será expectável que os turistas comecem a considerar estes fatores nos momentos em que decidem o destino de viagem ou planeiam o roteiro, por exemplo, como a maior procura por soluções que lhes garantam segurança em eventuais situações críticas ou de cancelamento de voos (tal como seguros de viagem).

Do lado dos destinos, a criação de planos de ação para resposta a situações adversas (dando-os a conhecer ao trade e aos próprios turistas) pode ser uma prática útil e necessária, para transmitir confiança e motivar a visita. É, ainda, uma oportunidade para potenciar outros períodos do ano, onde, por exemplo as condições climatéricas são mais estáveis.

Tendência 7.

“Attenzione borseggiatrici!”. O grito que expôs os carteiristas

O grito “Attenzione borseggiatrici! Attenzione pickpocket!” foi, talvez, um dos que mais marcaram o verão de 2023.

Os vídeos publicados no Tik Tok, por Monica Poli, vieram trazer à atenção pública um assunto que há vários anos afeta alguns dos principais destinos mundiais: os assaltos aos turistas, por carteiristas.

Embora seja um tema recorrente, a magnitude e a visibilidade mundial que estes vídeos obtiveram, fizeram com que os turistas rotulassem certos destinos (ou áreas destes) como potenciais zonas de criminalidade. A segurança volta, assim, a ser um tema central no momento da decisão da compra da viagem podendo, inclusive, determinar a não ida para um determinado destino.

Por outro lado, quando o turista opta por viajar para estes destinos, adotará uma postura mais defensiva e atenta, para tentar precaver situações de assalto. Aqui, é fundamental que os visitantes sintam que existem mecanismos de segurança para evitar assaltos, transmitindo-lhes confiança, para que desfrutem do destino.

Tendência 8.

O futuro das viagens é cashless

A utilização de dinheiro físico está cada vez mais em desuso, sendo substituído pelas soluções tecnológicas (ex: contactless) que estão presentes na grande parte das transações que são feitas atualmente.

A Suécia é um dos países em que está em curso uma transição para que, a curto-prazo, se torne uma sociedade 100% cashless.

Esta mudança social está a ser transversal a todos os setores de atividade, não sendo o turismo exceção. Por facilidade, mas também por segurança, os turistas optam, cada vez mais, por efetuar os seus pagamentos através de cartões eletrónicos, viajando com menos – ou mesmo nenhum – dinheiro físico. Por esse motivo, há uma clara expectativa para que todos os serviços que os turistas pretendem fruir nos destinos possam ser pagos desta forma.

Assim, de forma a acompanhar esta tendência que vai marcar 2024 e os anos seguintes, é fundamental que as empresas e os destinos assegurem a possibilidade de pagamentos eletrónicos durante toda a viagem.

Tendência 9.

“O seu comboio irá partir na linha…”

Em 2023, a França publicou um decreto que proibiu a realização de voos entre cidades francesas, sempre que essa ligação possa ser feita por uma viagem de comboio com uma duração inferior a duas horas e meia.

Uma medida considerada importante para reduzir as emissões de CO2 e consequentemente a pegada carbónica.

Embora esta seja uma medida que se aplica, por enquanto, ao território francês, é esperado um aumento global da procura por viagens de comboio no próximo ano, motivada não apenas pelas questões ambientais, mas também pela comodidade da viagem.

Assim, para além da disponibilização de mecanismos que facilitem as deslocações ferroviárias, os destino devem também considerar, por exemplo, a criação de experiências a partir de estações de comboio de forma a motivar a visita

Tendência 10.

Viaje, pela sua saúde mental

O aumento dos casos de depressão e de burnout fez alertar as entidades públicas, que trazem, cada vez mais, o tema da saúde mental para as suas agendas.

Há uma procura evidente pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional sobretudo nas gerações mais novas que apresentam uma postura, face ao trabalho, diferente daquela que outrora vigorava.

As viagens assumem-se como uma das soluções mais procuradas para recuperar energias e reestabelecer o equilíbrio. Apresentam-se como uma fuga à rotina e um escape ao stress. A tendência é a procura por várias viagens curtas ao longo do ano ou, por outro lado, viagens de longa duração (um mês ou mais).

As empresas e os destinos devem procurar explorar – de forma responsável – esta necessidade, criando serviços e experiências que potenciem o sentimento de relaxamento e bem-estar.

* Este é um exercício que resulta da investigação e monitorização que o IPDT efetua junto do mercado e da opinião dos principais decisores do turismo nacional, através do Barómetro do Turismo (ler artigo original).

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