“Requalificação” da área envolvente à Escola EB 2/3 de São Bernardo ou “desqualificação”

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Escola de São Bernardo, Aveiro.
Comercio 780

Não nos parece que a cidade de Aveiro tenha, assim “em todo o lado” ecovias, assim tantos passeios arborizados, com sombra, para fomentar o deslocamento a pé ou de bicicleta entre as várias áreas urbanas.

Por Olga Pinho *

O projeto de “Requalificação da área envolvente à Escola de São Bernardo”, da Câmara Municipal de Aveiro, prevê o abate de 75 árvores adultas, praticamente todas as que existem atualmente nos passeios em torno da escola e ruas próximas, para que estes sejam pavimentados e criados lugares de estacionamento.

São estas árvores que embelezam esta zona urbana, que a tornam convidativa, que nos dão sombra e permitem a sua utilização para atividades ao ar livre, corrida, caminhadas e passeios de bicicleta e de triciclo, que em muito contribuem para a nossa qualidade de vida. São árvores que demoraram mais de 25 anos a atingir o seu atual porte e apresentam uma capacidade fotossintética e purificadora do ar bastante elevada.

Estas árvores bordejam a escola e, até por uma questão educativa, não deveriam ser abatidas, sem um motivo muito forte e compreensível. Como explicar aos alunos o abate de 75 árvores adultas à volta da sua escola? Onde está a sustentabilidade? Onde está a redução da pegada de carbono? Onde está a melhoria do ambiente urbano?

Moradores apelam a que sejam mantidas as árvores adultas e estreitadas as ruas, tornando-as de sentido único e alargando o passeio ao lado das árvores, para criar uma ecovia, um passeio largo destinado à circulação a pé ou em bicicleta.

Esta beneficiaria muito toda a população, as pessoas que usufruem desta zona arborizada e com sombras para as suas atividades ao ar livre. Beneficiaria as pessoas de mobilidade condicionada e beneficiaria a comunidade educativa como os vários alunos que se deslocam de bicicleta, muitas vezes pela estrada, entre os carros, sem segurança.

Seria uma medida importante pela desejada mobilidade urbana sustentável que, por definição “visa proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano …, que não gere segregações espaciais, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável. Baseado nas pessoas e não nos veículos.”

Perante este apelo dos moradores, o Exmo. Presidente da Câmara de Aveiro, na Assembleia Municipal, a 13 de fevereiro, rejeitou-o e respondeu que “a nossa lógica não é por ecovias em todo o lado”. Exmo. Presidente, esperamos que a sua lógica não seja abater as árvores da cidade de Aveiro, em todo o lado. Onde está a mobilidade urbana sustentável? Não nos parece que a cidade de Aveiro tenha, assim “em todo o lado” ecovias, assim tantos passeios arborizados, com sombra, para fomentar o deslocamento a pé ou de bicicleta entre as várias áreas urbanas.

As árvores conseguem absorver mais da metade das partículas presentes na atmosfera, principal responsável pela poluição do ar nos centros urbanos. Uma árvore adulta, não o raminho plantado em sua substituição, consegue absorver, por ano, aproximadamente 22 Kg de dióxido de carbono, um dos principais gases de efeito de estufa responsável pelas alterações climáticas. Uma só árvore adulta produz oxigénio suficiente para a respiração de dois seres humanos adultos. Vale a pena conservar as árvores adultas!

Cada árvore adulta urbana e saudável que a Câmara Municipal de Aveiro abate representa uma desqualificação na qualidade de vida dos habitantes e um passo atrás no desenvolvimento sustentável.

* Moradora na envolvente à Escola de São Bernardo, Aveiro.

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