Presidente da AFIA lamenta cancelamento do projeto da INEOS que seria “indutor” de novos investimentos

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Ineos Automotive.
Comercio 780

“Para Estarreja, para a região e para todo o cluster automóvel do país é um retrocesso. A empresa traria um volume acrescentado para a indústria, sobretudo numa região que está organizada e possui capacidade de resposta a estes desafios”.

É assim que o presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) comenta a suspensão do projeto da INEOS Automotive que estava a ser executado em Estarreja, já numa fase de preparação do terreno no Eco Parque Empresarial e contratação de pessoal no âmbito de um investimento inicial de 300 milhões de euros e duas centenas de empregos.

“Ficámos surpreendidos, obviamente. Tudo se conjugava, pelos avanços feitos. A nossa posição era de grande regozijo e otimismo, embora não fosse de grande dimensão, iria criar postos de tradutor e ser um projeto indutor de outros investimentos, chamando a atenção para as competências e desenvolvimentos feitos pela indústria”, referiu José Couto em declarações ao programa da Comunidade Portuária de Aveiro na Rádio Voz da Ria.

A INEOS fez contas e concluiu que a quebra de vendas no setor automóvel devido à pandemia do Covid-19, de 20 a 30%, nos próximos anos, inviabiliza uma fábrica nova, optando por produzir numa linha já existente, avançando nesse sentido com a aquisição de uma unidade em França.

José Couto vê “sensatez” nos argumentos apresentados pelo investidor inglês, apesar da frustração das expetativas criadas em Portugal.

Isto com a agravante de suceder num momento em que a indústria, no geral, está a sofrer com o abalo da crise sanitária, com estimativas a apontarem para quebras de 30% na produção destinada aos construtores de automóveis.

“Depois de crescermos a 7% ao ano, não vamos conseguir manter estruturas de recursos humanos e de viabilidade económica. Pela dimensão do cluster, não pode deixar de ser olhado com muita atenção por parte do Governo”, alertou o presidente da AFIA, lembrando que “outros países” posicionam-se para “promover competências e capacidades” indo ao encontro “dos grandes desafios” que os clientes colocam para manter fornecedores.

Discurso direto

“Temos de adequar rapidamente a estratégia dos nossos portos às necessidades da indústria automóvel, têm de ter preços competitivos. Todos os dias são colocados contentores em cima de camiões para mandar para o centro da Europa, o que será cada vez mais caro e os nossos clientes vão recusar e baixar preços, pelo que teremos de sacrificar margem. Há uma oportunidade de tratar do que faz falta, para ser parte da solução. Seremos menos competitivos na logística se não pensarmos na ligação ferroviária ao centro da Europa, é uma componente importantíssima para os nossos portos, esta resposta tem de ser dada ” – José Couto, presidente da AFIA.

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