Mobilidade Elétrica em Portugal avança energicamente!

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Veículo elétrico.
Comercio 780

Quando no final do século XIX apareceram os primeiros automóveis ligeiros de passageiros, a resistência à mudança por parte dos criadores de cavalos, estalajadeiros, ferreiros, fabricantes de carruagens, coches e carroças, fabricantes de selas, selins e arreios, etc., foi muito forte e produziu várias campanhas anti automóvel que visavam demonstrar os “perigos” dos automóveis em relação aos veículos de tração animal. Todos sabemos o que aconteceu. A McLaughlin Carriage Company – um fabricante de carruagens, coches, carroças, veículos de tração animal -, teve de se adaptar e passou a fabricar automóveis.

Por Henrique Sánchez *

Qualquer mudança, especialmente se representa uma mudança disruptiva, gera resistência por parte dos Humanos, quer por desconhecimento, por interesses instalados ou simplesmente porque representam o que se convencionou chamar “os velhos do Restelo”, são contra porque sim, sem qualquer avaliação da novidade, seja um equipamento, seja uma tecnologia ou qualquer outro avanço e melhoria de vida para os Humanos. Sim, eles existem e estão no meio de nós. Pararam no tempo, fossilizaram, são os “dinossauros excelentíssimos da era moderna”.

Quando alguém afirma que “não estamos preparados”, o que quer na realidade dizer é que “não estou preparado”, seja economicamente, seja mentalmente e dessa forma se reconforta.

Só que a roda da História é imparável e tem por hábito cilindrar quem não entende, nem se adapta, às transformações que estão a acontecer na mobilidade dos Humanos e na produção de energia limpa, a eletricidade produzida por fontes renováveis. Quem não se lembra da Kodak ou da Nokia, dois gigantes nas respetivas áreas de negócio e que em poucos anos desapareceram, faliram e levaram ao desemprego centenas de milhares de trabalhadores, por não se terem adaptado ao curso da História e das suas inovações tecnológicas.

Iremos, seguramente, assistir a mais Kodak´s, agora naquela indústria automóvel que não tenha a capacidade de se modernizar e adaptar às exigências do mundo atual.

Traduzo uma frase recentemente lida num artigo originalmente em espanhol:

“Não sou fundamentalista face aos veículos elétricos, que fique claro, no entanto entre importar o petróleo, refinar o petróleo, distribuir o petróleo às Estações e Áreas de Serviço, encher os depósitos dos carros e depois, lutar contra as emissões que produzem, ou, produzir eletricidade através de fontes renováveis, seja a eólica, a fotovoltaica ou outra, e abastecer os veículos elétricos com um custo muito mais pequeno, creio não existirem dúvidas.”

Os veículos com motores elétricos são muito superiores aos veículos com motores de combustão interna. São 4 as razões pelas quais os veículos elétricos vão triunfar sobre os veículos com motores de combustão interna, e nenhuma delas é o Ambiente, se bem que será esta, o Ambiente e a necessidade de combate às alterações climáticas, a acelerar a transição para a mobilidade elétrica por parte dos Humanos, e as 4 razões são: a Eficiência Energética, a Economia, a Manutenção e o Desempenho. Em 2018, num artigo da Bloomberg intitulado, “Sete razões pelas quais o motor de combustão interna é um homem morto”1, até são apontadas 7 razões que levarão ao desaparecimento dos veículos com motores de combustão interna.

Simplificando, e apenas referindo as 4 razões que a UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, identificou, a UVE produziu um vídeo em 2016 apontando as 4 razões pelas quais os veículos elétricos vão triunfar:

Eficiência Energética: de toda a energia produzida por um motor de combustão interna, apenas 15% a 20% dessa energia é utilizada na tração do veículo, o restante dispersa-se em calor. Num motor elétrico a quantidade de energia que é aproveitada para a tração do veículo é de 90% a 95%. Um veículo com motor elétrico para percorrer uma determinada distância, necessita de 5 vezes menos energia do que um veículo com motor de combustão interna.

Economia: a eletricidade é mais económica do que qualquer combustível fóssil e o seu custo de produção (preferencialmente renovável) é muito mais reduzido do que o custo para extrair, refinar, transportar, armazenar e distribuir os combustíveis fósseis. Muito mais económico conduzir um veículo elétrico.

Manutenção: o motor elétrico é muito mais simples que o motor de combustão interna, possui uma ínfima parte de peças móveis, não necessita de sistemas de arrefecimento do motor, de redução das vibrações, de óleos ou outros sistemas de lubrificação (com exceção do óleo dos travões), não existe carburador, injetores, turbos, velas, cambota, bielas, etc., tem uma manutenção muito reduzida, existindo fabricantes que já nem indicam um plano de revisões e outros que oferecem 5 anos ou 100.000 km de manutenção gratuita.

Desempenho: um veículo elétrico tem toda a potência disponível instantaneamente, o que lhe permite acelerações extremamente rápidas, muito eficazes em situações de ultrapassagem de outros veículos, tem um centro de gravidade muito baixo, a bateria faz parte da própria estrutura do veículo e está normalmente colocada entre os dois eixos do veículo, o que lhe permite um desempenho em estrada e em curva muito mais seguro e eficiente.

No entanto, e apesar das vantagens já enumeradas, existe uma razão que vai fazer acelerar, e muito, a adoção dos veículos elétricos puros: o combate às alterações climáticas, absolutamente urgente e que é muito mais abrangente do que a redução de emissões dos transportes rodoviários. No entanto aqui falamos de veículos e da sua utilização. A não emissão de Gases de Efeito de Estufa (GEE) e de outros gases altamente tóxicos e prejudiciais à saúde dos Humanos, muito especialmente nos grandes centros urbanos onde essa poluição se acumula, provocando inúmeras doenças respiratórias. Podemos também referir a poluição sonora, o ruído a que todos estamos sujeitos nas grandes áreas metropolitanas. Estamos numa fase em que as “opiniões” contam pouco, especialmente quando essas mesmas “opiniões” estão totalmente desajustadas da realidade dos factos e não são fundamentadas nem indicam as fontes em que se baseiam. Devemo-nos focar na realidade dos números e na experiência de quem conduz um veículo elétrico em Portugal, que já são mais de 200.000 utilizadores. As vendas de veículos elétricos a nível mundial estão em forte crescimento,

* Presidente da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos. Adaptação de artigo publicado originalmente na Revista Blueauto.

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