Jovem acusado de homicídio tentado diz que esmurrou homem após provocações e não sabia que arma era verdadeira

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Tribunal de Aveiro.
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Um indivíduo de 26 anos, acusado de agredir violentamente outro homem de 42 anos, durante uma rixa, numa esplanada de um café, na freguesia Angeja, Albergaria-A-Velha, em novembro do ano passado, assumiu parcialmente os factos imputados.

“Em alguns pontos é verdade, outros são mentira” disse o arguido acusado de tentativa de homicídio e posse de arma proibida, que se encontra em prisão preventiva, ao falar, esta manhã, no início do julgamento a decorrer no Tribunal de Aveiro.

“Cedi às provocações” alegou o jovem ao relatar a sua versão dos factos, garantindo desconhecer, na altura, que a pistola usada fosse verdadeira.

Segundo o acusado, aquando dos factos, uma sexta-feira à noite, estava com amigos na esplanada de café. Apercebeu-se que dois homens que não conhecia saíram de um carro e entraram no estabelecimento, de onde saíram a discutir entre si.

“Um deles meteu conversa e do nada abordou o tema da pesca”, recordou. O homem ter-lhe-á chamado nomes (“és burro, volta para a escola”) quando discutiam sobre iscos. Como “a conversa azedou, disse-lhe ponha-se a andar daqui”.

Nessa altura, a vítima ter-se-á aproximado e “puxou de uma arma que tinha à cintura, destravou e apontou”, ameaçando disparar.

Ato contínuo, um amigo do arguido foi por trás do homem que estaria armado e aplica-lhe um ‘mata leão’.

Arguido diz que agarrou arma e deu “soco” / PJ fala em agressão com objeto contundente não apurado

“Agarro-lhe na mão onde tinha a arma e dou-lhe um soco na cara. Os dois caíram e eu fiquei com a arma da mão. Pensei que fosse uma airsoft, só para assustar e carreguei no gatilho. Não tinha apontado para lado nenhum. Abanei a arma e carreguei, foi impulsivo. Nunca pensei que fosse arma verdadeira, mas para nos assustar”, relatou.

A vítima foi internada em estado crítico, tendo corrido perigo de vida. A investigação da Polícia Judiciária (PJ) concluiu que o autor terá agredido a vítima “com um objeto de natureza contundente, ou atuando como tal, ainda não especificamente determinado”, causando-lhe “lesões extensas na cabeça”. “Quando a vítima se encontrava prostrada no solo, o agressor ainda a alvejou com um disparo de pistola, mas não a atingiu por circunstância meramente fortuita”.

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A Procuradora da República não deixou de sublinhar algumas “perplexidades” suscitadas, nomeadamente “a reação não muito normal”, dado o inusitado grau de violência empregue, perante “uma pessoa que estava com reflexos lentos e apático”, como o arguido retratou o estado da vítima na altura, ou não se ter apercebido, pelo peso, que a arma era verdadeira.

“Vi o meu colega atrapalhado”, justificou o jovem, negando que tivesse partido de si “comentários” depreciativos quando os dois homens chegaram ao café ou que tivessem discutido sobre “armas e carros”. Assumiu que tinha consumido droga (canábis) na noite com o seu grupo de amigos.

Vítima sem memória da noite em que correu perigo de vida

Nas declarações ao tribunal, a vítima, que se movimenta com auxílio de bengala, disse que perdeu a memória da noite em causa na sequência da operação à cabeça devido a agressão sofrida, que o deixou três semanas em coma. Os médicos terão-lhe dito que “era praticamente impossível estar vivo” e será “muito difícil” recuperar na “plenitude”. “A minha vida foi-me retirada”, lamentou.

O homem, residente em Cacia, Aveiro, que trabalhava como mecânico de bicicletas, não soube explicar a razão de andar armado com a pistola na noite da ‘rixa’. “Talvez para limpar ou afinar”, disse. A vítima, que tem licença de uso e porte de arma, tirou curso de segurança privada, assim como de formador, embora não tivesse exercido aquela profissão.

Arguido pede desculpa

Depois das declarações da vítima, o arguido quis falar novamente para “pedir desculpa” ao homem pelo sucedido e mostrou-se pronto para “ajudá-lo” com “alguma coisa que possa fazer”.

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