Futebol: BM atribui a Ricardo Maia o “objetivo mínimo” de garantir a manutenção no CdP

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Presidente da direção do Beira-Mar, Afonso Mirada, à esquerda, anunciou continuidade do treinador Ricardo Maia, ao centro.

O Beira-Mar confia a Ricardo Maia a tarefa de, pelo menos, garantir a manutenção da equipa no Campeonato de Portugal (CdP). A direção vai agora tratar do plantel, que deverá contar com a ajuda de um “parceiro”, e dá como quase garantido a criação de uma equipa sénior B, para dar sequência ao trabalho da academia de formação.

Assinada a renovação por mais um ano, já está definida a nova “missão” de Ricardo Maia à frente do Beira-Mar, depois de ter alcançado, na época de estreia, os objetivos atribuídos para 2021-22, que passavam pela promoção. O jovem treinador (34 anos) a juntar o campeonato às duas Taças em falta, conseguirá um feito inédito na história do clube aveirense, onde poucos têm continuado à frente da equipa após subidas de divisão.

O clube aurinegro, pela sua história, é sempre apresentado como candidato, mas o presidente Afonso Miranda baixa as expetativas que possam andar na cabeça dos adeptos, apontando razões conhecidas: “Entramos em jogo sempre para ganhar, mas temos de perceber que é um clube em restruturação financeira, com infraestruturas novas, pessoas novas a entrarem para trabalhar. Tudo isto tem o seu peso. Queremos dar passos seguros para voltar a ser de ‘primeira’. Os objetivos atribuídos passam por ficar nos primeiros cinco lugares”, disse numa conferência de imprensa realizada esta quinta-feira de manhã.

“Não temos, ainda, condições para assumir uma candidatura indiscutível, seria lunático fazer isso. Percebemos que a maior parte dos adeptos querem estar mais acima, mas há outros clubes, que têm outros trunfos, pelo menos financeiros. Queremos fazer um campeonato tranquilo e ver o que acontece no decorrer do campeonato. O objetivo mínimo é a manutenção, depois a dinâmica de vitórias dirá. Temos tempo para ficar no Campeonato de Portugal”, acrescentou.

O CdP será disputado em quatro zonas, com uma fase regular. Ricardo Maia tem a experiência de alguns meses a liderar o S. João de Ver na prova, depois de ter subido o clube. Prevê, naturalmente, uma época com “mais competitividade”, em que as “boas equipas” estarão incluídas na série do Beira-Mar. A “ilusão” de chegar a Liga 3 “vai estar presente em muitas equipas”. São esperados, por isso, “adversários muito duros e bem apetrechados”. O treinador deseja que o Beira-Mar surja com “o mesmo espírito” da época atual e “trabalhar, se possível, em cima de dinâmicas de vitória”.

“Parceiro” vai  começar a ajudar na antecâmara de uma nova SAD

A necessidade de assegurar ‘capital’ para maior investimento no futebol sénior levou a direção já a dar passos para a eventual criação de uma nova Sociedade Anónima Desportiva (SAD), “mas não vai surgir este ano, em cima de joelho”, garantiu Afonso Miranda. “O clube está a aproximar-se de eventuais interessados, para trabalhar num plano de transição para eventualmente no ano seguinte criar uma SAD, mas nada está fechado neste momento. Trabalhamos com o que temos, sem hipotecar nada ou mudar o rumo da nossa estratégia. Independentemente de entrar alguém que possa ajudar e acompanhar-nos para aportar algo ao Beira-Mar e para ser no futuro um parceiro privilegiado numa SAD, mas com a estratégia que este clube definir”, explicou o presidente.

Equipa sénior B ‘em marcha’

A direção dá como bem encaminhado o processo de criação de uma equipa sénior B, contando “fechar em breve o orçamento” necessário. “Está em equação ter a equipa B, faz todo o sentido para termos mais atletas da formação nos seniores. Esperamos que seja já este ano, se houver capacidade financeira”, disse Afonso Miranda.

Discurso direto

“Quero renovar os parabéns pelo trabalho. Com objetivos completamente alcançados, não fazia sentido outra decisão que não a continuidade, acresce também a postura dentro do clube, construtiva, pontos importantes para esta direção
Agradecer a confiança em querer trabalhar no clube, permite fazer algo que não tem sido possível, que é preparar a nova época com tempo. Os clubes do CdP e da Liga 3 já terminaram a época, importa dar corda aos sapatos para não perder algumas oportunidades.
Não seguramos ninguém aqui, por mais que gostamos das pessoas. Só fica aqui quer quer muito estar aqui. Não sendo por dinheiro, é porque querem muito e há vontade mútua. Não sei se o Ricardo Maia teve mais abordagens, pouco importa a partir dos momento que queremos a continuidade” – Afonso Miranda, presidente do Beira-Mar.

“Não sei se vai haver uma revolução no plantel. Subir de grau competitivo leva a maior exigência. Seis equipas vão descer novamente aos distritais, obriga a compor o plantel para consolidar a equipa na prova e olhar para lugares cimeiros, estar completamente descansado com os lugares de descida. O atual plantel tem muita qualidade. Muitos destes campeões têm história no Campeonato de Portugal, vamos ver o que o futuro reserva. Naturalmente, não haverá uma revolução.
Sobre a continuidade, a direção avaliou o nosso trabalho de forma positiva e quis continuar com a equipa técnica. Da nossa parte, analisámos o percurso feito e o que será o curto prazo, prós e contras, vimos onde melhorar e se poderíamos ter uma linha de continuidade de sucesso. Foi da vontade de ambos acontecer a renovação” – Ricardo Maia, treinador do Beira-Mar.

Ricardo Maia renova pelo Beira-Mar para a época 22-23.

Ricardo Maia já entrou na história do Beira-Mar e pode alcançar feito inédito

Ricardo Maia foi apenas o 11° treinador do Beira-Mar nos últimos 65 anos (num universo de 58 que trabalharam no clube) a renovar com o clube após uma promoção da equipa e poderá tornar-se o único a vencer todas as competições em que o clube esteve empenhado na mesma época. Faltam as taças Distrital e Supertaça, ambas a disputar com o Águeda, próximo adversário na penúltima jornada do campeonato. O Águeda, que na época de 2015-16, em que foi campeão distrital, também fez o ‘triplete’, sendo que nas Taças o Beira-Mar foi o finalista vencido.

O ‘peso’ da possibilidade de ver o seu nome ainda mais vincado num clube centenário é rapidamente aliviado por Ricardo Maia, fazendo jus ao seu estilo reservado. “Objetividade e cabeça fria é que o me orienta, se fizermos história contribuiremos para ainda maior sucesso do clube”, afirmou.

O treinador tem mantido ligações longas no seu ainda curto percurso, com passagens como adjunto por Estarreja (4 épocas) e no lugar principal em S. João de Ver (mais quatro épocas e meia), refletindo resultados positivos, mas confessa que pensa mais no dia a dia. “O futuro imediato é o que me orienta, não a médio prazo. Se tivermos sucesso, aumentamos a probabilidade de continuar ou de ter outros convites”, afirmou.

“Gosto de estar onde me sinto bem e sinto confiança em relação ao trabalho que fazemos”, acrescentou, assumindo, ainda assim, que “dá particular prazer ter continuidade, evoluir e crescer para projetar um clube” a patamares diferentes. “Foi assim nos anteriores clubes e aqui quero muito ter sucesso, independente da época que for”, concluiu.

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