É triste

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Jardim do Rossio, Aveiro (Foto Pedro Cruz).

Lay off (para os gerentes das empresas com funcionários) é uma miragem, é perfeitamente inconcebível que os gerentes, contribuintes como qualquer um dos seus funcionários, continuam a ser excluídos não tendo acesso a qualquer apoio.

Por Jorge Silva *

Foi publicada mais uma portaria que vem alterar o lay off. Estava com a expectativa de encontrar mais respostas às perguntas que muitos dos nossos colegas associados, com sentimentos de grande frustração, nos têm colocado.

É triste o que nos está a acontecer.

É triste tanto contágio, tanto cuidado intensivo, tanta morte.

É triste ter de recorrer a um estado social de repente para que possamos garantir a nossa sobrevivência.

É triste que todos tenhamos tido este sentimento de impotência perante um flagelo destes que nos obriga a uma mudança forte de hábitos e de regras que nos chegam por diferentes quase diariamente, que nos digam o que fazer a seguir no dia a seguir e que pode ser diferente logo no outro dia;

Mas mais triste ainda é estarmos a ler estas portarias e verificar “fixe! já há uma solução para isto”, “boa, esta regra vai ajudar resolver aquela situação”, “ok, não é grande solução mas podemos adiar o problema”, “saiu algo sobre linhas de crédito vou falar com o meu banco”, “disseram que vão dar ordens para aligeirar e acelerar os pagamentos dos subsídios dos projetos co-financiados” e com o tempo a passar constatar, ok, lay off, talvez seja pago a 28 de abril, é o que dizem…

Outro colega associado diz-nos “liguei para o banco para falar sobre a linha de crédito e ainda não sabem bem, aguardam informações superiores”, outro afirma “já sabem como fazer mas é necessário mais uns papeis”, outro pergunta-nos se é possível recorrer às linhas de crédito mas estamos com problemas de tesouraria e com pequenos incumprimentos ou porque não tenho acesso às linhas de crédito, porque estou em falta com o Estado.

Sabemos que estar em dia com tudo e com todos deve ser o princípio de qualquer empresário, mas também sabemos que não estar em dia faz, infelizmente, parte da vida do país tendo o Estado como o primeiro exemplo do país e não cumpridor para com os seus fornecedores. Não olhes para o que eu faço, mas sim para o que mando. Parece-nos mórbida esta postura de uns e os outros

Subsídios ? Dizia-nos, também, alguém: “é incrível como vêm afirmar que vão acelerar os pagamentos, já liguei para lá e ninguém atende nem à primeira nem à segunda, quando finalmente falei com a telefonista esta diz-nos pois é difícil contactar porque está toda a gente a trabalhar em tele-trabalho mas não se preocupe (é claro que tenho de me preocupar…)”. Outro exemplo que nos fizeram chegar foi “está a ser tratado, temos estado a pagar, tem de aguardar”

Lay off (para os gerentes das empresas com funcionários) é uma miragem, é perfeitamente inconcebível que os gerentes, contribuintes como qualquer um dos seus funcionários, continuam a ser excluídos não tendo acesso a qualquer apoio.

Que dualidade de critério é este em que temos contribuintes iguais a serem tratados de forma diferente? Não somos todos portugueses? É triste.

Jorge Silva, presidente da Associação Comercial de Aveiro.

* Presidente da Associação Comercial de Aveiro, texto original em https://www.acaveiro.pt/.

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