
“Não podemos perder talento, um só já é demais”. Alerta deixado pelo reitor da Universidade de Aveiro (UA), esta tarde, no discurso de abertura do ano letivo após aludir à “viragem” ocorrida nas condições de acesso ao ensino superior, tornadas “ainda mais apertadas” do que vigorou antes das alterações feitas por força da pandemia do Covid-19.
“Um modelo de acesso mais exigente” que “ressentiu-se” nos candidatos ao concurso nacional de acesso, onde se verificou uma redução de cerca de 16%. “É motivo de preocupação, Portugal precisa de pessoas qualificadas”, referiu Paulo Jorge Ferreira, que acumula funções com o cargo de presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).
“É necessário assegurar maior fluidez entre o ensino secundário e o acesso ao ensino superior para que nunca jovem com vontade e capacidade de aprender fique pelo caminho”, defendeu.
Apesar de receber menos colocados que o número de vagas, seguindo a tendência nacional, Aveiro continua receber, “de forma expressíva”, alunos com melhores notas, comparando com 2019 o número de colocados em primeira opção com nota superior a 18 triplicou sem contar com engenharia aeroespacial e medicina, cursos que não existiam à data. “É um sinal de confiança dos estudantes na qualidade do nosso ensino”, explicou.
178 bolsas de estudo foram este ano atribuídas aos melhores alunos de primeiro ano e em anos anteriores que mantiveram ou superar a média, graças a patrocínio de 15 entidades que “distinguem o talento e investem no futuro”.
O reitor da UA considerou, ainda, “importantíssimos” os estudantes internacionais (4478 alunos de 109 países). Passaram pelo campus académico nos últimos anos alunos de mais de 150 nacionalidades.
Paulo Jorge Ferreira deixou ainda referências a algo que “preocupa bastante” nas áreas essenciais do saber, “cuja procura merece todo o cuidado e atenção”. Em certas ciências, o número de candidatos “reduziu-se drasticamente”. Apenas seis em cada 1000 candidatos escolheram química. Na física, geologia e outras áreas “também não é melhor”. São as humanidades que geram mais interesse. “O problema de desinteresse pela ciência, começa muito a montante, uma vez que temos 12 anos de escolaridade obrigatória”, lembrou o reitor, sugerindo que “em vez de fazermos da avaliação e do exame e do sucesso o centro das discussões, colocar o foco na descoberta, criatividade, sentido crítico e inspiração”, o que poderá ser feito, recomendou, “com programas junto das escolas e futuros candidatos que acendem aquela centelha de inspiração”.
O reitor da UA apontou para o início do ano letivo de 2026 o aumento das residências universitárias. A instituição está a investir 26 milhões em várias residências, que juntas permitirão disponibilizar 425 novas camas e reabilitar 556, para dar resposta às necessidades. Dois em cada três estudantes da academia aveirense vem de fora.
Discurso discurso
“Recursos que teimam em condicionar a equidade, quer no acesso quer na permanência. Recursos financeiros que teimam em impor limitações nas condições de cada estudante” – Joana Regadas, presidente da AAUAv.
Vídeo completo da cerimónia de abertura do ano letivo na UA
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