Como ‘Netflix e chill’ podem transformar a aprendizagem de línguas

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O que nos interessa enquanto investigadoras é compreender se os estudantes da Universidade de Aveiro consideram que aprendem línguas vendo vídeos, que línguas aprendem e que ferramentas utilizam para melhor as compreender

Por Liudmila Shafirova e Maria Helena Araújo e Sá *

As novas ferramentas tecnológicas abrem outras portas à aprendizagem de línguas. Estas ferramentas nem sempre são visíveis como aplicações do tipo Duolingue, nas quais a aprendizagem pode ser constantemente medida. É possível, também, aprender coisas sem um objectivo principal de aprendizagem. Por exemplo, investigadores de diferentes países já confirmaram que podemos melhorar a nossa aprendizagem de línguas assistindo a vídeos com ou sem legendas. O que mais se desenvolve é o vocabulário e a capacidade de ouvir e compreender os falantes da língua que queremos aprender.

Assim, o que nos interessa enquanto investigadoras é compreender se os estudantes da Universidade de Aveiro consideram que aprendem línguas vendo vídeos, que línguas aprendem e que ferramentas utilizam para melhor as compreender. Para este efeito, lançámos um questionário a todos os alunos da academia, dos diferentes cursos e ciclos de ensino.

Uma das nossas primeiras descobertas foi que os estudantes vêem vídeos numa grande variedade de línguas, entre as mais populares, o inglês (com 98%!), depois o português, espanhol, francês, italiano e, por fim, línguas mais distantes, como o coreano e o japonês.

Na plataforma da Netflix, por exemplo, o coreano e o japonês foram tão populares quanto o italiano, provavelmente, graças à popularidade do drama coreano (K-drama), ou dos desenhos animados japoneses (anime).

Agora, se foi isto que os estudantes observaram, será que aprenderam alguma coisa? A nossa segunda descoberta foi que os estudantes consideram que aprendem línguas vendo vídeos. Que línguas são essas? Especialmente inglês, de novo, com mais de 90% das respostas, seguido do espanhol, com quase 50%, o francês, próximo dos 30% e o italiano, com cerca de 20%. Como podemos ver, os estudantes consideram que aprendem várias línguas, não só o inglês.

Mas, também, reparámos que o japonês e o coreano quase não foram selecionados. A nossa hipótese é que, talvez, seja mais difícil aprender línguas mais distantes só a ver vídeos. Para abrir um pouco mais esta questão, fizemos uma pergunta aberta sobre o tipo de conhecimento que obtêm ao verem vídeos. As respostas foram abundantes!

Muitos estudantes partilharam as suas experiências de aprendizagem, alguns consideraram as legendas úteis, por exemplo para ver as palavras relacionadas com algo que não compreenderam, outros deram maior importância ao contexto e à linguagem quotidiana presente nos vídeos.

Já com as línguas asiáticas, os estudantes indicaram que o máximo que aprenderam foram diferentes aspectos culturais e sociais, incluindo costumes, tais como a regra japonesa de usar chinelos em casa, ou aspectos mais globais, tais como a forma como as empresas trabalham na China. Assim, vemos que com línguas mais distantes, também é possível aprender, embora não necessariamente sobre a língua, mas sobre aspectos culturais que despertam claramente a curiosidade dos estudantes.

Queremos enfatizar que só começámos a investigar este tópico recentemente, mas já nos demos conta que é um campo fértil para compreender como podemos aprender línguas através de videos. Por isso, caro(a) leitor(a), motivamo-lo a descobrir novas séries e novas línguas e culturas!

* Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente no site UA.pt.

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