Aveiro: Recomendação contra cave do Rossio ‘chumbada’ com resposta “sumária” do presidente

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Assembleia Municipal de Aveiro.
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Sem surpresa, o presidente da Câmara de Aveiro não aceitou a recomendação do Bloco de Esquerda, apresentada na Assembleia Municipal, esta sexta-feira, para a não construção da cave de estacionamento no jardim do Rossio.

De resto, o empenho da maioria CDS-PSD no projeto mais polémico do pacote ‘PEDUCA’, onde se incluem várias intervenções em edificado e espaço público, já tinha ficado claro no ponto da análise da comunicação sobre a gestão camarária nos últimos meses, em que foi anunciada a pretensão de lançar a empreitada até ao Verão, decorrendo nesta altura acertos da proposta de concessão em termos de “sustentabilidade financeira, que ainda não está fechada”

O edil avisou logo que iria dar resposta “sumária, não indo na tática político partidária do BE” ao abordar o temas locais suscitados sob a forma de recomendação, “que o PAN também gosta de usar” na Assembleia Municipal. “Era o que mais faltava jogar assim”, disse.

Por isso, referiu-se muito genericamente ao projeto do Rossio lembrando “que não é só o estacionamento mas uma obra integrada numa estratégia urbana com pés e cabeça”, afastando que se trate de “uma maluqueira do presidente”.

Para o edil, os estacionamentos da cidade “estão mais cheios” como o Mercado Manuel Firmino, e são necessários, porque em Aveiro “há procura crescente, há mais gente a vir cá, uns de comboio, mas outros de carro e de autocarro”, estes são cerca de meio milhão, estimou.

A proposta acabou por ser rejeitada com os votos contra da maioria de direita e de dois votos do PS (Raul Martins e o eleito a representar a Junta de Eixo – Eirol).

Vogal socialista aponta “interesses”, Ribau ameaça falar disso “num outro sítio”

Depois de colocar Ribau Esteves “no lado errado da História”, ao defender propostas de mobilidade do século XX quando deveria pensar “com visão de futuro”, o deputado do PS Jorge Gonçalves apontou interesses imobiliários e turísticos na construção da cave.

“As grandes lideranças são as que não se importam de não satisfazer interesses imediatos, por exemplo de carácter imobiliário ou de agências turísticas ou de redes de hotelaria, interesses que são previsíveis, costumeiros e até viciantes de um valor bem mais alto que é o bem estar de todos e o progresso da nossa coletividade”, referiu o socialista.

Ribau Esteves mostrou-se “chocado” com a intervenção de Jorge Gonçalves que quis “repudiar” pelos termos usados. “E mais, pode ser que tenhamos de falar disto num outro sítio. Comigo na Câmara a corrupção acabou, algum funcionário que ponha as mãos no sítio errado e tem processo disciplinar sem perdão nenhum. Não estou aqui para jogar os interesses de privados, mas trabalhar com todas as empresas”, acrescentou reclamando mérito por cativar “investidores com mais sucesso”, num “trabalho à séria, sem esquemas, nem prendas”.

“Quero repudiar a sua vergonhosa intervenção. Algum indício que veja, só lhe solicito que partilhe. Agirei imediatamente em conformidade. E nisso sou diferente de todos os meus antecessores, porque sendo gente séria, não tiveram a atitude que eu tenho”, concluiu o edil.

Discurso direto

João Moniz, BE:
“Estamos perante um erro urbanístico e de política de mobilidade. Existem alternativas,
a cave é desnecessária errada e um modelo de mobilidade ultrapassado. Pedimos que não seja construído. Falta legitimidade política. Quando o presidente da Câmara podia assumir o estacionamento, preferiu não o fazer. Existe um clamor social para travar. Por isso, deve respeitar e ouvir os aveirenses”.

Ana Valente, PCP:
“A posição do PCP é plenamente conhecida, opomo-nos ao parque subterrâneo e a uma série de pressupostos da requalificação. Pena que a Câmara não reconheça a oposição”

Rui Alvarenga, PAN:
“A qualidade de vida dos aveirenses é o nosso grande projeto. Uma cidade de futuro é sem carros a congestionar o Rossio. Da necessidade vemos zero. A irreversibilidade da cave é óbvia.
Devolvam-nos o jardim. O estudo sociológico não foi feito, que validade têm os outros ? Nenhuma.
A decisão é coletiva, não é do presidente. Apelo para que façam a reflexão individual. Se vierem dizer que foi um projeto alucinado, estaremos cá para dizer que foi uma decisão coletiva”.

Jorge Greno, CDS:
“Já foi discutido, estaremos contra a proposta do Bloco”.

Filipe Tomás, PSD:
“É um dos processos mais democráticos, Assistimos ao esvaziamento de argumentos devido à evidência das correções, agora apenas se fala abaixo da terra. A discussão está feita, arrumada e há total legitimidade do executivo”.

Fernando Nogueira, PS:
“Quer fazer com dinheiro privado o que nenhum dinheiro público pagaria. É má política de estacionamento. A discussão tem subjacente o pecado original do projeto. Não é boa política de cidade só porque é pago pelo privado. No estudo de tráfego falta cobertura temporal e geográfica, deixa de fora os estacionamentos alternativas. A falta de estacionamento é questionável.
Em nenhum sitio do estudo são consideradas alternativas ao Rossio. É para viabilizar uma opção política.
Gostava de saber quem vai investir, por quanto tempo, a duração previsível do contrato e um pormenor que a ultima versão trouxe que é o salão de eventos coberto. Ao misturar dinheiro público com privados, qual a quota parte que representará o público na execução do estacionamento ?”.

Raul Martins, PS:
“A cave tem lugares insuficientes para resolver o problema nos próximos 20 anos. Não é a melhor solução para o futuro. Livra o Rossio dos carros à superfície, engrandecendo a área de lazer, é meritório. O meu sonho era não existir nehhum automóvel à superfície. É uma posição pessoal, isolado no meu partido”.

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