A equipa de Saúde na frente de combate ao Covid-19

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Unidade hospitalar.
Comercio 780

Chegado o final deste ano de desafios, é natural fazer uma retrospetiva. Como ano atípico que foi, pondo em causa tanto do que julgávamos certo, este ano exige uma introspeção.

Por Ana Castro Rollo *

Foi natural valorizar o que passava como garantido: o abraço da amizade, a aproximação, o toque, o convívio com quem nos é querido. A exigência de afastamento dos mais vulneráveis, como proteção dos mesmos, torna-nos mais duros, pela certeza de que assim estarão mais seguros, apesar da dor que fica pela condição, mesmo quando são necessárias alternativas mirabolantes para nos mantermos presentes.

Todos nós, e falando agora de nós como Profissionais de Saúde, vimo-nos perante o ataque da Pandemia Covid-19. A incerteza que esta trouxe, a mudança de rotinas. O ter de ir quando todos tinham de ficar.

A tentativa de proteger ao máximo os nossos utentes, foi mal entendida pela população em geral. Continuamos a ouvir que “deixaram de fazer consultas”, “parecem astronautas com medo do vírus”, quando na verdade trabalhamos mais do que alguma vez seria possível imaginar e sempre com o intuito de proteger os que nos procuram. Este trabalho invisível da linha da frente do Serviço Nacional de Saúde é mal entendido.

Quando digo linha da frente, falo de todos nós, Profissionais de Saúde, todos os que fazem esta roda girar e que muitas vezes com pouco, fazem muito.

Logo desde cedo iniciou-se a organização. Nunca se reuniu tanto e de tantas formas, na procura de alcançar e aprender soluções. Nunca fechamos as portas, sempre mantivemos as consultas, apesar de grande parte se ter transformado em não presencial. Não deixamos de ver os diabéticos, os hipertensos, as crianças e as grávidas ou quem se apresenta com uma doença de novo ou agravada.

Somos nós que diariamente entramos em casa dos suspeitos e infetados por Covid-19 através do telefonema, mas dando segurança e aconselhando os 80% casos ligeiros a moderados sobre como atuar. Enfermeiros e Médicos unem-se nesta tarefa. Mantém-se o domicílio, os cuidados de penso. As Secretárias Clínicas desdobram-se em papéis, emails, telefonemas, procuram ajudar, resolver, criar soluções.

Levam com múltiplas queixas ao balcão, porque o trabalho é invisível aos olhos de quem não quer ver. Vejo as Assistentes Operacionais a procurarem deixar tudo como manda o controle de infeção, a aprenderam novas formas de limpar e como o fazer, permitindo que tudo esteja bem.

Vejo o Segurança a manter a ordem e muitas vezes a ter de fazer tarefas antes impensáveis. Vejo os meus colegas Médicos, muitas vezes já cansados, muitos sem possibilidade de férias, mas a fazer tudo e muitas vezes para lá da hora de saída. Numa altura em que o desgaste vai tomando forma, olho à minha volta e sinto um orgulho enorme por ser Profissional de Saúde. Não pelo reconhecimento a nível superior, mas pelo que vejo acontecer. Vejo-os diariamente, os meus Colegas de Guerra, e os esforços que fazem para que tudo corra bem.

Mantém-se os objetivos, apesar de haver mais obstáculos para os alcançar. O trabalho em equipa faz-nos chegar mais longe e é de cabeça erguida e de coração cheio que sinto fazer parte de uma… A equipa dos Profissionais de Saúde.

Bem hajam, mantenham-se seguros e protejam-se. “Isto também passará.”

* Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar, USF Nova Era. Artigo de opinião publicado originalmente no site Healthnews.

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