25 de Abril / Aveiro: Presidente da Câmara defende maior aposta na descentralização

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Sessão solene do 25 de Abril, Aveiro.

O presidente da Câmara de Aveiro defendeu, esta terça-feira, ao intervir nas comemorações locais do 48ª aniversário do 25 de Abril, que, tendo o País vivido mais tempo em democracia do que em ditadura, “a herança que vale a pena assentar, aquilo que temos de fazer, é cuidar dela, dar-lhe mais qualidade e mais maturidade”.

Para o edil, a democracia, que “já não é jovem”, deve ser dotada de “capacidade proporcional às necessidades de servir bem os cidadãos pelas estruturas do Estado, para se realizarem os princípios da igualdade de oportunidades conquistados em 1974”.

Ribau Esteves vê no poder local democrático “uma das principais conquistas” da Revolução do 25 de Abril, considerando-o “muito mais importante do que um patamar eleito diretamente à escala de freguesias e municipal para fazer coisas pelas pessoas”, deixando, assim, implícita a discordância com uma eventual regionalização.

“O que interessa hoje”, defendeu “é reforçar o poder local”, tornando-o “mais capaz” em termos legais e “dotado” em termos financeiros, bem como “mais atrativo para induzir a participação mais ativa dos cidadãos e a democracia ser mais saudável”.

“Este é um tempo de trabalhar a descentralização, mas com mais dimensão, expressão e qualidade” para ter “um país melhor servidor da sua gente”, o que acontecerá, advogou, “se for muito mais descentralizado do que temos”.

Outra das “conquistas relevantes para a vida dos cidadãos” destacadas pelo autarca foi a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), impondo-se, contudo, torná-lo “mais atrativo” para travar o abandono dos seus recursos humanos e “investir a sério na capacitação dos edifícios”, de que apontou como um dos exemplos principais “a urgente ampliação e qualificação” do hospital de Aveiro e autorização de cursos de medicina em mais universidades, incluindo a de Aveiro.

Discurso direto

“Celebrar o 25 de Abril em 2022 passa por valorizar a paz, sem a qual não pode haver liberdade e afirmarmos a firme crença na Europa. Sem a revolução de 1974, Portugal não teria acolhimento na antiga CEE, hoje União Europeia. É uma importantíssima conquista de Abril” – Luís Souto de Miranda, presidente da Assembleia Municipal.

“Meio século desde o 25 de Abril, o novo desafio é a qualidade da democracia. O quadro político obriga a reflexão sobre a abstenção e o crescimento eleitoral de movimentos populistas nos extremos, seja na esquerda radical ou direita anti sistema, que devem ser criticados e desmascarados” – Filipe Ramos (PPM).

“Continuamos a ser interpelados para a aplicação na vida dos direitos inscritos na Constituição, tendo os valores de Abril como elemento central da intervenção política, também da autarquia, construindo um futuro melhor. O país tem recursos, mas necessita de uma resposta política à altura” – António Salavessa (CDU).

“A democracia de hoje devia estar madura, mas não está. Os que em 1974 perseguiram, prenderam, torturaram e ilegalizaram continuam hoje tão ignóbeis como no passado. Prova disso é a cerca sanitária que fazem ao partido Chega, tentando limitar a ação só porque diz a verdade e afronta o sistema” – Gabriel Bernardo (Chega).

“No contexto em que voltamos a ter uma guerra na Europa, aquele monstro do sangue das vidas que quanto mais come e consume menos se farta, mais uma vez somos postos a prova. É este constante repto da democracia: o de saber incluir sem rotular, existir sem destruir a casa onde vivemos e maltratar outros” – Pedro Rodrigues (PAN).

“É por sabermos o que foi conquistado por Abril, que sabemos também aquilo que tem vindo a ser deteriorado pelas políticas da direita que privilegiam a desigualdade e exploração, este sim é o substrato que faz crescer os populismos e a extrema direita, que ameaçam a democracia e liberdade” – João Moniz (BE).

“Há que recordar todos que contribuíram para mudança de regime, sem exceção, mais do que habitualmente são lembrados. Não podemos deixar de denunciar o aproveitamento da vida em democracia e liberdade dos que tentam disseminar ideias extremistas e radicais, à esquerda e direita” – Jorge Greno (CDS).

“Não tardará, o 25 de Abril passará a memória longínqua. Este caminho conduz para o perigo do esquecimento, tenderemos a dar a liberdade como valor adquirido e nunca colocado em causa. Porém a história recente, a pandemia e a injustificada invasão russa, lembram-nos a importância da liberdade, propiciando em simultâneo o surgimento de movimentos que a podem colocar sob ameaça duradoura, exigindo a vigilância redobrada sobre aqueles que tendam a florir a forte ideologia antidemocracia por que se regem” – Francisco Picado (PS).

“Temos que lutar pela democracia, sarar as feridas e fugir dos extremismos que a ameaçam. Precisamos de redirecionar os nossos recursos para aquilo que interessa ao país: na saúde e educação, vistos como investimentos com frutos a colher no dia amanhã; uma justiça mais célere e confiável; vivemos num país com sistema burocrático pesado; seguro, mas a precisar de dignificar as forças de segurança; confiar mais na classe política, com políticos mais despojados e mais apostados na causa pública. Faz sentido lembrar Abril, claro que faz.” – Manuel Prior (PSD).

Assistir à transmissão da sessão solene do 25 de Abril.

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