Turismo: O papel dos Sistemas de Gestão de Destinos (SGD)

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A crescente competição entre destinos turísticos, bem como a progressiva exigência da procura turística e da complexidade das estratégias para a atrair, levou as Organizações de Gestão de Destinos (OGD) a ampliarem as suas atribuições para se assumirem como atores centrais na coordenação dos stakeholders dos respetivos destinos.

Por João Pedro Vaz Pinheiro Estêvão *

Assim, algumas OGDs implementaram redes colaborativas online, designadas de Sistemas de Gestão de Destinos (SGDs), que interligam todos os agentes turísticos relevantes de um destino, facilitando a comunicação e a cooperação entre eles. Estes sistemas também proporcionam à procura turística portais online de destinos turísticos que oferecem experiências de planeamento de viagens mais personalizadas, incluindo a possibilidade de comprar produtos turísticos.

Porém, apenas um número residual de destinos turísticos tentou adotar um SGD e uma parcela considerável dos SGDs não tiveram sucesso. Os desafios para garantir o sucesso dos SGD exigem uma análise cuidada dos fatores que influenciam a predisposição dos agentes turísticos de um destino para os adotar, bem como dos fatores que determinam a importância que estes agentes atribuem às funcionalidades dos SGD. No entanto, a investigação neste âmbito é ainda limitada. A presente tese tem como principais objetivos obter um conhecimento aprofundado sobre os fatores anteriormente referidos, bem como sobre as características e papel dos SGD, no sentido de promover a implementação destes sistemas nos destinos.

Para alcançar os objetivos estabelecidos, adotou-se uma metodologia mista, começando com uma extensiva revisão da literatura sobre SGD, entrevistas exploratórias às principais empresas fornecedoras de soluções de SGD e a OGD que implementaram estes sistemas com sucesso, bem como análises de conteúdo de SGD. Esta abordagem qualitativa permitiu um conhecimento mais aprofundado relativamente às características dos SGD, aos atuais modelos de negócios e de gestão destes sistemas, bem como aos seus recentes desenvolvimentos e perspetivas futuras. Seguidamente uma abordagem quantitativa foi utlizada para identificar os fatores que explicam a predisposição dos agentes turísticos de um destino para adotar um SGD, bem como os fatores que influenciam a importância atribuída por estes agentes às funcionalidades específicas dos SGD.

Assim, um inquérito por questionário foi aplicado a diferentes tipos de agentes turísticos de um destino regional que não dispõe de um SGD: a região Centro de Portugal. Os resultados da investigação quantitativa indicam que a predisposição para adotar um SGD é influenciada positivamente por fatores como: (i) cooperação no destino; (ii) pressão do ambiente externo (ex. de destinos concorrentes); (iii) benefícios percebidos e utilidade do SGD; (iv) liderança e visão estratégica da OGD; (v) recursos e visão estratégica dos atores turísticos do destino.

Por outro lado, dois fatores até agora ausentes da investigação influenciam negativamente a predisposição para adotar um SGD, nomeadamente: (i) as plataformas alternativas online e (ii) a falta de um SGD em regiões vizinhas ou a nível nacional. Os resultados demonstram ainda que a importância atribuída às funcionalidades específicas de um SGD pelos agentes turísticos de um destino é influenciada positivamente (i) pelos seus recursos e visão estratégica, (ii) pelo seu conhecimento sobre as iniciativas da OGD no âmbito das Tecnologias de Informação e Comunicação, (iii) por ser membro afiliado da OGD; e (iv) pelo subsetor do agente turístico, observando-se que os fornecedores de alojamento turístico valorizam menos as funcionalidades de cariz colaborativo do que outro tipo de agentes.

A tese termina com conclusões e implicações para o setor do turismo, principalmente para agentes responsáveis pelo desenvolvimento turístico.

* Aluno do Programa Doutoral em Turismo da Universidade de Aveiro e docente da Universidade Lusófona, Escola de Ciências Económicas e das Organizações. Introdução da tese de doutoramento da Universidade de Aveiro premiada como a melhor de 2020 na área do turismo.

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