Assembleia Municipal de Aveiro.

A pretexto da análise da comunicação da Câmara relativa aos últimos meses de gestão, a última informação escrita antes das eleições autárquicas, a oposição na Assembleia Municipal de Aveiro não deixou de colocar em causa obras lançadas na ponta final do mandato.

Nuno Teixeira, do PCP, aludiu ao “frenesim de lançamento de obras com avultados compromissos financeiros” como a reabilitação do Museu de Santa Joana, o Museu de Arte Cerâmica ou a requalificação do Conservatório. Apesar da “legitimidade” das deliberações, o eleito advertiu que “tão significativos gastos deveriam ser poupados para uma nova realidade” a sair das eleições. Já “em contexto de final de mandato”, o representante comunista notou que “os grandes problemas continuam ou se agravam, como os transportes, saúde e falta de creches”, lamentando a falta de pressão junto do poder central para resolver tais carências. Apontou ainda “os falhanços” das obras da Avenida Lourenço Peixinho ou da praça jardim do Rossio. Na gestão financeira, o PCP lembrou que a recuperação financeira também contou com “o sacrifício dos aveirenses”, alertando para “endividamentos” em curso que “poderão onerar o município”.

Pedro Rodrigues, do PAN, questionou o projeto de reabilitação do Conservatório, que prevê a demolição da antiga vivenda da Cerciav, reafirmando não concordar com a mesma. Defendeu que a ampliação deveria passar “por um espaço novo, com capacidade para crescer e, porque não, integrado numa nova sala de espetáculos”. Sobre o Dia Europeu Sem Carros, lamentou que a autarquia tenha persistido em manter-se alheada do evento. Sem querer colocar em causa intervenções municipais realizadas para a promoção da mobilidade suave, o eleito defendeu que “é necessário fazer mais”.

Pela bancada do Bloco, Celme Tavares, aproveitou para lembrar a ausência de condições para percursos pedonais e cicláveis na Avenida Europa, a antiga EN 109, “o mínimo que se exige para uma cidade com mobilidade sustentável”, investimentos que “foram deixados para trás”.

Jorge Gonçalves, do PS, começou por se referir a “uma constatação óbvia” dos últimos três meses, que indentificou como “sobrelotação de ideias, projetos próxima das eleições autárquicas”, acreditando que “o povo está atento a estes pormenores”. A questão, acrescentou, é saber a razão de “obras tão importantes não terem sido feitas antes”. Apontou também o caso da Estratégia Local de Habitação, que esteve “anos” a aguardar avanços. Notou, também, que ruas de Nariz e Verba foram reabilitadas um mês antes das eleições, “em plena festa de Nariz”. Quanto ao Museu de Aveiro, as obras adjudicadas, por 5 milhões de euros, levam o PS a insistir que a “municipalização foi errada”, pela “despromoção cultural” e pelos encargos que a autarquia passa a ter de assumir nas obras. O deputado retomou também as críticas recentemente apontadas pela candidatura do PS ao projeto do Museu da Arte Cerâmica a propósito da adjudicação da obra de reabilitação da antiga biblioteca, alertando para a construção de um novo “bloco” associado ao edifício histórico que “não torna harmoniosa aquela zona” enquadrada por uma praceta.

PCP e PAN vão “desaparecer” da Assembleia Municipal, vaticina presidente da Câmara

Nas respostas, Ribau Esteves “achou piada” à referência comunista de “frenesim” nas obras, perspetivando que tal discurso e prática política venha a castigar o PCP, deixando de ter qualquer eleito na Assembleia Municipal. Quanto à crítica do PS (“sobrelotação”), lembrou que o partido já vinha dizendo desde o mandato passado que a Câmara “fazia obras a mais”. Para Ribau Esteves, o que “não faz sentido é a arrogância absurda” dos socialistas de “quererem mandar na governação sem ter mandato do povo”.
Recordou a “pesada derrota” do PS em 2021 “mesmo com a fantástica ajuda desse partido fortíssimo”, o PAN, “que também vai desaparecer desta Assembleia”.

O edil renovou que a maioria irá “trabalhar e dar máximo do primeiro ao último dia”, antecipando, desde já, “uma fantástica” ordem de trabalhos daquele que será a última reunião camarária pública antes das eleições.

Ribau Esteves deu conta também do avanço do investimento da Trofa Saúde no seu hospital há muito anunciado para Aveiro, com a construção já em curso, orçado em cerca de 80 milhões de euros.

Sobre o Conservatório, o presidente adiantou que serão apresentadas “imagens 3D” para ilustrar “o impacto” do projeto de requalificação em todo o espaço previsto e na relação com a zona verde. Uma ampliação que não passa apenas por mais salas de dança, continuando a rejeitar “a ideia absurda” de manter a vivenda contígua, antiga Cerciav, “que em termos históricos e arquitetónicos não vale nada”. “Espero que não caia antes do empreiteiro pegar na obra”, alertou.

Ribau Esteves aproveitou a intervenção neste ponto da ordem do dia para dar conta que “existe um movimento em curso” de alguns operadores marítimos turísticos, numa “estratégia” enquadrada no período eleitoral e de mudança de Câmara, para não cumprir a obrigação assumida de eletrificação dos barcos moliceiros a partir de 1 de janeiro, sob pena de perda das licenças.

Sobre os melhoramentos reclamados na Avenida Europa, mantém que aquele corredor deva ter ciclovia. Uma hipótese que necessitará, ainda assim, que sejam retiradas as portagens da A25 que restam em atividade no concelho de Aveiro, desviando o trânsito que passa pela antiga En109. “Já falta pouco, o próprio Bloco apresentou uma proposta. É preciso arranjar uma maioria” que faça ‘passar’ na Assembleia da República.

O PS foi acusado de “mentir de forma primária e estúpida” nas críticas que tem assumido relativamente à obra de ampliação da antiga biblioteca, antecipando que “será sancionado por isso” nas eleições. “A praceta vai ficar intocável”. Ribau Esteves também rejeito “a lógica socialista” para o Museu de Aveiro, que iria deixar aquele espaço “num estado miserável” (ver declarações abaixo).

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