Quercus realizou ações de vigilância florestal no Caramulo

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Vigilância florestal, Quercus.

O Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza realizou ações de vigilância noturna em pontos considerados importantes para a conservação da natureza no Caramulo.

A ação iniciou-se na quinta-feira, 2 de agosto, e prolongou-se pela madrugada de sábado, 4 de agosto.

Os voluntários da Quercus realizaram percursos apeados e com recurso a veículos todo o terreno para detectar comportamentos de risco ou criminosos numa zona crítica, com elevado potencial de perigo de incêndio.

A vigilância da floresta reveste-se de grande importância pela sua função dissuasora e pela maior facilidade em detectar os fogos nascentes, permitindo aumentar a rapidez da primeira intervenção. Dadas as situações de risco existentes na região, a vigilância contra fogos florestais deve constituir uma prioridade imediata de proprietários, associações de produtores florestais, proteção civil,autarquias, instituições públicas e forças de segurança.

No decorrer das ações, os colaboradores da Quercus foram-se deparando com uma série de obstáculos e situações de risco, nomeadamente a acumulação de ramada de eucalipto junto de caminhos, o incumprimento das distâncias entre as plantações e as vias de acesso e a inexistência de aceiros.

Verifica-se que as medidas impostas pela lei não estão a ser cumpridas, particularmente o aumento da execução de faixas de gestão de combustível junto de caminhos e a diminuição das áreas ocupadas pelo eucalipto.

A Quercus lamenta que a prevenção e a fiscalização continuem a ser praticamente inexistentes, e que a negligência e inação dos proprietários e das entidades públicas agravem as condições que facilitam a propagação dos fogos.

A Quercus relembra que, em outubro de 2017, a comissão técnica independente que estudou os incêndios na região centro propôs a criação de um programa que promovesse uma floresta à base de carvalhos, castanheiros e outras folhosas, bem como um programa específico que compensasse a perda de rendimento por alguns anos com a opção de espécies de crescimento lento.

No entanto, o cenário no Caramulo é desolador. Onde existia eucalipto continua a haver eucalipto. Onde existia algum pinheiro-bravo há agora eucalipto. Nenhuma das recomendações da comissão avançou. Não há incentivos para que os proprietários possam optar por outros tipos de floresta, menos rentáveis numa perspetiva de curto prazo, mas que a médio e longo prazo poderão ser ainda mais rentáveis do que as atuais alternativas.

A Direção do Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza