Pescadores e desportistas náuticos reclamam: navegar na Ria de Aveiro é preciso!

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Ria de Aveiro (Ílhavo).
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As entidades que tutelam a Ria de Aveiro e que cobram avultadas verbas pela utilização do domínio público marítimo têm a responsabilidade e a obrigação, perante todos, de manter a Ria em boas condições, tal como um senhorio é obrigado conservar e cuidar de um apartamento que esteja no mercado de arrendamento.

Por Paulo Ramalheira *

A Ria de Aveiro é normalmente considerada a joia da coroa da nossa região, mas vista do céu, em plena baixa-mar, contem vastas zonas no interior das marinas que não passam de um imenso lodaçal onde não há vida e onde navegar é impossível!

Navegar é preciso!, parece ser o lema que todos os amantes da Ria de Aveiro, pescadores, desportistas náuticos e cidadãos anónimos, têm na boca quando são confrontados com as imagens terríveis obtidas hoje pelo MARIA e que aqui se partilham para que todos possam ter uma noção da dimensão do problema.

No Canal de Mira da Ria de Aveiro, onde estão instaladas algumas das mais importantes marinas da pesca profissional e das associações náuticas do concelho de Ílhavo, o panorama visto do céu é desolador e dá bem a ideia da necessidade urgente de uma intervenção que sustenha a degradação daquelas infraestruturas.

Sem uma intervenção concertada e urgente das autoridades (Agência Portuguesa do Ambiente, Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro e autarquias, entre outras), dentro de um ano ou dois, não será possível navegar, em nenhuma circunstância, no interior das marinas dos clubes náuticos e da pesca profissional e isto constitui um prejuízo muito elevado para as associações e para os pescadores, mas também para o desporto náutico, para o setor do turismo e para a economia da região, de uma maneira geral.

O Movimento de Amigos da Ria de Aveiro considera que os meios técnicos que estão a ser utilizados na obra de desassoreamento em curso não podem ser desmantelados no final da empreitada e exige que haja um reforço de novos meios que possam ser usados no interior das marinas dos clubes e da pesca.

As entidades que tutelam a Ria de Aveiro e que cobram avultadas verbas pela utilização do domínio público marítimo têm a responsabilidade e a obrigação, perante todos, de manter a Ria em boas condições, tal como um senhorio é obrigado conservar e cuidar de um apartamento que esteja no mercado de arrendamento.

Aquilo que temos assistido nas últimas décadas tem sido um abandono completo da Ria aos seus caprichos e obra de desassoreamento em curso, sendo importante, não resolve os problemas mais urgentes de quem navega e tem de aceder aos ancoradouros, na medida em que apenas incide sobre os principais canais de navegação.

É preciso encontrar os meios, os poucos meios que houver disponíveis e onde os houver, incluindo as disponibilidades das associações náuticas, e afetá-los para uma obra complementar da empreitada de desassoreamento em curso que garanta a devolução de vida à Ria de Aveiro e assegure a sua navegabilidade nas marinas, que existem precisamente para acolher os barcos, mas que, nas atuais circunstâncias, quase se tornam inúteis.

Costa Nova, Ílhavo.

* Presidente do MARIA – Movimento de Amigos da Ria de Aveiro.

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