O que queres ser quando fores grande?

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Profissões do futuro.

Quem nunca ouviu esta pergunta ou a fez a uma criança? Uma indagação que ecoa desde a infância e que é, muitas vezes, respondida de forma criativa e também associada a uma profissão específica, a um anseio que começa na infância. Sonhar com ser astronauta, médico ou professor é comum e envolve sempre a oportunidade de estudar no ensino superior.

Por Mariana A. Dantas, Paula Ângela Coelho Henriques dos Santos, Oksana Tymoshchuk *

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Para muitos estudantes com dificuldades intelectuais e desenvolvimentais, a universidade representa um forte desejo, porém, em muitos casos, um sonho distante. Estar numa universidade, construir um futuro mais independente e justo parece não ser para todos. A falta de cursos adaptados e oportunidades de acesso limita esse sonho para grande parte dos alunos com dificuldades intelectuais e desenvolvimentais. Será que estamos a escutar a voz dessas pessoas para entender as suas aspirações e necessidades? O que têm elas a dizer? Quem são essas pessoas? Certamente, falamos de centenas de jovens cheios de energia e vontade de experienciar a vida acadêmica em toda a sua plenitude.

Apesar dos avanços e do reconhecimento da importância da inclusão, ainda há uma escassez de cursos superiores em Portugal que atendam às especificidades desses estudantes. É preciso quebrar as barreiras e oferecer um ensino que valorize a diversidade e promova a igualdade de oportunidades.

A Universidade de Aveiro (UA), pioneira nesta área em Portugal, desde 2021 que demonstra que é possível trazer um contributo para transformar essa realidade a partir de um curso inovador e que integra estudantes com e sem dificuldades intelectuais, sob a perspectiva de uma inclusão total. Os resultados positivos desse curso mostram o quanto a inclusão enriquece o ambiente universitário e beneficia a todos os envolvidos.

O Programa Individual de Estudos Multidisciplinares (PIEM) é um curso pioneiro em Portugal, visando a inclusão plena de estudantes com dificuldades intelectuais e desenvolvimentais no contexto de uma instituição de ensino superior. O curso promove a participação ativa desses estudantes em salas de aula regulares, onde aprendem de forma significativa e recebem apoio personalizado de acordo com as suas necessidades. Durante dois anos, os alunos estudam 10 unidades curriculares opcionais alinhadas com o Planeamento Centrado na Pessoa e com a trajetória académica e profissional escolhida por cada estudante. No terceiro ano, os estudantes passam a realizar o estágio curricular, que visa melhorar a sua empregabilidade. O curso também promove atividades extracurriculares, como o Polybat, atividade desportiva adaptada a uma diversidade de pessoas. Em 2024 passou a incluir como atividade extracurricular, a modalidade de Vela Adaptada, dinamizada pelo Sporting Club de Aveiro, em parceria com a UA.

O PIEM é uma grande conquista da nossa comunidade e tem demonstrado que o desejo de estar na universidade pode ser real e acessível a todos. Dentro dessa realidade, dia após dia, vemos os sorrisos e a alegria no olhar de cada um que adentra esse caminho, agora também estendido às águas da Ria de Aveiro. Percebemos que a inclusão é possível, e que todos podemos e temos o direito de pertencer. Pertencer a uma família, um grupo, uma universidade, a uma cidade, ao mundo em que vivemos. Todos temos o direito de ser e de existir de forma digna e, acima de tudo, de sonhar e realizar os nossos desejos!

*Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Digital Media and Interaction research center (DigiMedia). Artigo publicado originalmente no site UA.pt.

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