
Bruno Costa e Rui Soares Carneiro, dupla do painel de comentadores do podcast ‘Política Nos Is’ deixam algumas notas do balanço das eleições autárquicas no concelho de Aveiro realizadas este domingo, antecipando argumentos para o debate do próximo episódio a divulgar quinta-feira.

“Apesar da redução de votos na Aliança, Aveiro deu resposta positiva ao trabalho dos últimos 12 anos”
Por Bruno Costa
O eleitorado PSD/CDS garantiu a vitória ao bloco da coligação Aliança com Aveiro. Em 2021, Ribau Esteves conseguiu nas eleições Autárquicas alavancar as votações para as Juntas de Freguesia, porque a Aliança, na eleição para a Câmara Municipal, teve em termos genéricos, mais votos.
Este domingo, foi o inverso, foram as juntas a assegurar a eleição da Câmara Municipal, provando a forte implementação do PSD no concelho, e nas 10 freguesias do concelho, apesar da alteração da equipa e da liderança, e da redução de votos na Aliança, Aveiro deu resposta positiva ao trabalho desenvolvido nos últimos 12 anos!
Das 12 maiorias absolutas, nas 10 freguesias, Assembleia Municipal e Câmara Municipal, foram mantidas 7, perdeu a freguesia da Glória-Vera Cruz para o PS e as maioria na Câmara Municipal, em Esgueira, Eixo-Eirol e Aradas. Na Assembleia Municipal, a presença dos Presidentes de Junta deverá assegurar a maioria e a eleição de Capão Filipe para presidente. Um novo ciclo que se inicia, com desafios intensos, sobretudo na gestão do executivo camarário com um cenário de minoria em 4-4-1.
Alberto Souto alavancou o PS em termos de votos, e escolheu o candidato vencedor na junta de centro da cidade. Acrescentou ao debate ideológico e fez uma boa caminhada, não conseguiu o objetivo e tal como em 2005, ele e a sua equipa devem estar a preparar a renuncia ao mandato autárquico.
O Chega ficou aquém, será decisivo em algumas freguesias para desbloquear maiorias, mas a expectativa era para um resultado mais sólido na Câmara Municipal e Assembleia. Aveiro manteve o votos nos partidos mais tradicionais.
Os outros partidos, CDU sai da Assembleia tal como o BE e PAN, a Iniciativa Liberal passa a ter autarcas, tal como o Livre. BE penalizado pela questão nacional e a liderança de Mariana Mortágua apesar da campanha positiva, e o Livre a aproveitar esse eleitorado para eleger.
Parabéns aos candidatos, mas sobretudo aos eleitos. Votos de bom trabalho em benefício de Aveiro.
“Os aveirenses pronunciaram-se e optaram pela continuidade”
Nestas eleições, que se previam renhidas, as principais disputas aconteceram nas Freguesias, com quatro a merecer especial destaque.
Por Rui Soares Carneiro
A maior delas, Glória e Vera Cruz, foi palco da conquista da noite para o PS, que conseguiu destronar a maioria de direita que liderava o território desde a criação da União. Apesar do peso populacional e simbólico desta freguesia, essa vitória não compensa as restantes nove perdidas pelo PS. Ainda assim, em Aradas, Eixo e Eirol, e sobretudo em Esgueira, o Partido Socialista melhorou os seus resultados, aumentando a votação e retirando a maioria absoluta à coligação Aliança com Aveiro.
Foi nas freguesias mais urbanas que o PS conseguiu reduzir significativamente a diferença face à direita, diminuindo a distância de cerca de nove mil votos para pouco mais de dois mil. Este resultado permitiu retirar a maioria absoluta da Aliança com Aveiro na Câmara Municipal. Não é uma vitória, mas é uma conquista.
O novo Presidente, Luís Souto, será agora obrigado a dialogar e assumir compromissos com a oposição. Espera-se que haja essa abertura – e que o PS, mesmo liderando a oposição, se disponibilize para ser parte ativa e construtiva na governação municipal.
A verdadeira disputa, porém, continuará na Câmara Municipal, uma vez que a Aliança com Aveiro mantém a maioria na Assembleia Municipal graças ao voto dos Presidentes de Junta – nove dos quais pertencem à direita. Assim, a capacidade de influência do PS dependerá sobretudo do trabalho que desenvolver na Câmara, esperando-se que o novo Presidente não cometa o erro político de atribuir poder ao eleito do Chega. Partido esse que, apesar das ambições declaradas, ficou muito aquém das expectativas, resultado de uma campanha fraca e de uma implantação reduzida no território aveirense.
Foi, portanto, uma vitória para a Aliança com Aveiro, mas com sabores amargos. A mudança de ciclo, as divisões internas, o afastamento de figuras influentes e uma campanha eleitoral aquém do esperado contribuíram para que os resultados não fossem tão expressivos quanto há quatro anos. As quebras – quase três mil votos a menos – refletem também o mérito da oposição, que soube capitalizar o descontentamento.
Quanto aos restantes partidos, BE, CDU e PAN caíram na irrelevância. A surpresa da noite veio do Livre, que conseguiu eleger um representante para a Assembleia Municipal – um resultado que contrariou as previsões. Já a Iniciativa Liberal confirmou as expectativas, elegendo dois membros e alcançando um número de votos expressivo, próximo do Chega.
Aveiro, à semelhança de muitos outros municípios, entra agora num novo ciclo político, marcado por uma liderança em minoria. Este cenário exigirá diálogo, capacidade de compromisso e uma nova forma de fazer política. Espero que todos os eleitos saibam honrar o mandato que o povo lhes confiou, colocando os interesses de Aveiro acima das diferenças partidárias.
Que não vivamos quatro anos de impasse, mas sim de trabalho, entendimento e progresso – por Aveiro e pelos aveirenses.
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