No meio da angústia e do pânico, a ter de resistir!

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Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro.

Estão em pânico as trabalhadoras do sector social, agora mais do que nos dias que antecederam a chegada do COVID-19.

António Baião *

Os relatos que nos estão a chegar nos últimos dias, agravam a já débil situação em que estes trabalhadores e trabalhadoras são obrigadas a desenvolver as suas nobres tarefas, dando o melhor de si ao serviço dos que tanto precisam, os idosos, em troca de um salário de miséria.

Na maioria destas instituições, as Ajudantes da Acção Directa dos lares  e do serviço ao domicílio, cozinheiras, auxiliares de serviços gerais, não têm as condições de protecção individual que são exigidas, ainda mais no momento presente e neste sector onde a vulnerabilidade, está em cada quarto ou casa destes utentes.

Continua, mas já era assim antes, a ter-se um rácio inferior ao que a Lei e a Segurança Social determina, do número de trabalhadores para o número de utentes, o que origina que uma mesma Ajudante de Acção Directa, tenha de estar sozinha a tratar de 2 utentes num quarto, a levantar, tratar da higiene, a vestir e se algo de mal acontece, a culpa aqui, não morre solteira, é sempre da trabalhadora.

Estão em pânico as trabalhadoras do sector social, agora mais do que nos dias que antecederam a chegada do COVID-19.

Do Sindicato Hotelaria do Centro, que já representa e defende as trabalhadoras destas instituições há mais de 20 anos, este é o agravar de tudo o que denunciámos junto das Misericórdias por exemplo, da Pampilhosa da Serra, Condeixa, Mealhada, Viseu, Carregal do Sal, Santa Comba Dão, Figueira da Foz, Cantanhede, Belmonte, para só falar de algumas.

Mas também de enumeras IPSS, Lar de Santa Teresinha em Cucujães, Lar do Centro Pôr do Sol de Mosteiró, Centro Geriátrico Luís Viegas Nascimento na Figueira da Foz, Fundação Sarah Beirão, Fundação Aurélio Amaro Diniz, Casa da Criança e Casa dos Pobres em Coimbra, Cebes, Centro Cultural da Adémia, Fundação A.D.F.P. de Miranda do Corvo, Centro Paroquial de Espírito Santo, de tantas e tantas que a nós recorrem os seus trabalhadores(as), sindicalizando-se e pedindo a nossa intervenção, muitas vezes para fazer face a atropelos nos seus direitos, praticados ou autorizados, pelos “Beneméritos Directores”, sendo estes médicos, padres, freiras, advogados, donos de Farmácias ou de outros negócios e também outros acólitos de profissões indiferenciadas.

Ficaria mal se disséssemos que são todos e em todas as instituições assim, felizmente existem algumas poucas excepções.

Dos Lares privados, nem vamos falar, pois este é um sector em que os donos e patrões só vêm o lucro e não querem sequer negociar com os Sindicatos a regulação dos direitos dos trabalhadores, vive-se a “Lei da Selva” na sua maioria, e aplica-se a Lei dos Mínimos a nível de salários e direitos.

Sabemos que isto neste sector vai agravar-se, infelizmente para os utentes, alguns irão morrer, mas sobretudo para os trabalhadores(as) que irão continuar a ser desrespeitados nos seus direitos e na ausência de condições de trabalho e segurança, mantendo-se no meio da angústia e do pânico, a ter de resistir!

Não os deixaremos sozinhos!

Cá estamos, agora e depois como o estivemos antes, para denunciar os maus exemplos e defender os trabalhadores.

* Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria,
Turismo, Restaurantes e Similares do Centro.

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