“Não matei a minha mãe”

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Tribunal de Aveiro.

Um sexagenário negou ter assassinado a mãe, de 94 anos, na residência que partilhavam, numa freguesia dos arredores de Aveiro.

O homem de 66 anos, que está detido preventivamente, começou esta segunda-feira a ser julgado por homicídio qualificado no Tribunal de Aveiro.

A idosa vivia sozinha com o filho, de quem dependia em absoluto, numa casa na Póvoa do Valado, em Oliveirinha.

“Não matei a minha mãe”, garantiu o reformado no início do julgamento em resposta à juíza presidente.

Segundo o Ministério Público (MP), as lesões encontradas na idosa são compatíveis com um quadro de morte por asfixia (estrangulamento no pescoço).

O arguido referiu que acordou de noite com um barulho no quarto da mãe, encontrando-a caída da cama, como já teria sucedido anteriormente, e teve de fazer um grande esforço para a sentar, levantando-a pelas covas dos braços.

“Estava no chão, mexia os braços e batia as pernas no guarda vestidos, tinha sangue numa canela. Sentei-a na cadeira de rodas, as horas não sei. Falar não falou”, explicou.

“Como ela não dizia nada”, o filho disse que resolveu telefonar a uma enfermeira amiga, que lhe recomendou ligar ao INEM, o que aconteceu pelas 7:00, 7:30.

De acordo com a acusação, a mulher foi asfixiada por meio não concretamente apurado, com pressão no pescoço, o que a impediu de respirar, causando fraturas que provocaram a morte. Depois, o filho terá mudado o cadáver da mãe de local, sentando-a numa cadeira de rodas perto da lareira para aparentar queda. E só de manhã ligou ao INEM.

“Sou sincero, não me lembrei de chamar logo a ambulância”, afirmou em resposta ao coletivo de juízes, acrescentando ter sido alertado por uma vizinha, em data anterior aos factos, que “o hospital estava um caos”.

“A minha a vida era pior que uma empregada, devido à responsabilidade. Nunca discutimos”, garantiu ainda em resposta ao seu advogado.

O arguido, que era o único cuidador da mãe, assumiu que está há vários anos desavindo com outros irmãos.

O crime terá sido cometido na madrugada do último Domingo de Junho de 2018. Embora inicialmente relatada como uma queda acidental da cama, suscitaram-se dúvidas sobre a real causa da morte da idosa.


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