A longa espera de uma mais antigas escolas de Portugal

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Escola EB1/JI da Relva, Esmoriz (Ovar).
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A reivindicação é antiga, temos Pais que “lutam” há 6 anos, e pouco ou nada mudou, e seguimos de remendo em remendo.

Por C. Daniel / Grupo de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB1/JI da Relva, Esmoriz, Ovar

Quando pensamos em infância não há quem não remonte aos seus dias de criança em que corriam livres pelos recreios das escolas em brincadeiras com os amigos.

Infelizmente, não é este o caso dos nossos filhos que não estão a construir lembranças tão coloridas quanto as que nós, Pais e Encarregados de Educação da Escola da Relva, tivemos a oportunidade de construir.

Os nossos filhos vivem em constante confinamento, privados da liberdade que apenas a leveza da infância proporciona e isto deve-se ao estado em que esta Autarquia permitiu que a Escola da Relva chegasse: áreas de recreio e de convívio perigosas, impróprias e com graves deficiências, e uma cantina que nada mais é do que um contentor exíguo instalado em frente da pitoresca fachada da escola.

A escola carece de obras de remodelação e de ampliação URGENTES e a Autarquia vai de promessa em promessa, de reunião em reunião, de adiamento em adiamento.

Recentemente, foram-nos garantidas obras durante a pandemia que foram adiadas para as férias de verão e início do ano letivo. Findo este prazo, foi-nos garantida a data de novembro de 2022. Pasmem-se! Novo adiamento para março de 2023. Podemos acreditar? Não!

A reivindicação é antiga, temos Pais que “lutam” há 6 anos, e pouco ou nada mudou, e seguimos de remendo em remendo.

Almoços em cantinas improvisadas eram cronometrados, obrigando as crianças dos quatro turnos a comer em contrarrelógio. Foram já impedidas a sopro de apito de falar e de conviver com os amiguinhos enquanto almoçam, por falta de condições e de capacidade do contentor dito “provisório”. Quem não se recorda dos momentos de brincadeira na cantina na infância?

Ironia para uma escola cujo nome é Escola da Relva, o único “verde” no recreio/logradouro ser a tela de relva artificial sem higienização e sem manutenção, que constantemente estraga a roupa das crianças, para além de as fazer adoecer, já que o piso liberta partículas nocivas.

Durante anos, os nossos filhos foram obrigados a conviver e a brincar numa área nauseabunda de água suja de esgoto que inundava o recreio/logradouro de relva artificial, o qual a Autarquia se recusou a limpar e a desinfetar. O que fizeram os Pais perante esta recusa incompreensível da Autarquia? Assumiram os trabalhos e, nas suas limitadas habilidades, fizeram como puderam a devida desinfeção do espaço.

Existem, no entanto, também caixas de esgoto dentro do edifício que vertem e libertam odores e gases perigosos em espaços fechados como as salas de aula.

Quando chove, sem lugar abrigado onde brincar nos intervalos, ficam obrigados a permanecer sentados nas salas de aula ou nos corredores exíguos e apinhados potencializando a transmissão de doenças.

Após a chuva, a utilização do espaço externo mantém-se inutilizável por dias, completamente alagado, já que a drenagem é inexistente. Os nossos filhos ficam uma vez mais confinados.

Os nossos filhos assistem às aulas em dias de inverno cobertos com casacos, cachecóis, gorros e luvas pelo frio que se faz sentir nas salas. O sistema elétrico está em curto-circuito e o recém instalado sistema de aquecimento de última geração nunca funcionou como esperado. É impossível concentrarem-se na aprendizagem quando o cérebro está a processar o desconforto corporal do frio.

Estes são alguns dos muitos problemas que levam os nossos filhos a adoecerem e a magoarem-se na escola, mas a estes juntam-se ainda muitos outros problemas graves numa escola que deveria ser um orgulho para a cidade de Esmoriz e para o Município de Ovar, pelo seu valor histórico e pela qualidade do seu ensino.

Os seus 134 anos de existência fazem desta escola uma das mais antigas de Portugal.

Reconhecida por se destacar entre as demais no aproveitamento e na qualidade do ensino, os seus alunos conquistam todos os anos lugares de mérito em concursos escolares regionais e nacionais.

Mas a Autarquia em vez de premiar e valorizar o mérito e garantir que os nossos filhos recuperam a liberdade e o direito ao espaço para se exercitarem e brincarem em segurança, que o Covid já tanto limitou, ignora os apelos dos Pais e Encarregados de Educação, da comunidade escolar e das próprias crianças.

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