As empresas estão a aproveitar os conflitos internacionais para beneficiarem de mão-de-obra barata por serem muito vulneráveis e não conhecerem os seus direitos.
Por António Baião *
A FESAHT/ Sindicatos apresentou a todas as associações patronais da hotelaria, restauração e bebidas propostas de aumentos salariais para 2022.
Estamos em Abril e algumas associações patronais ainda não aceitaram reunir com os sindicatos para dar início às negociações e aquelas que aceitaram negociar condicionam as negociações com à retirada de direitos importantes dos trabalhadores conquistados há décadas com a luta.
No âmbito da Região Centro, será determinante o desbloquear das negociações com a AHRESP e APHORT, para que os Patrões dos Hotéis, Restaurantes, Bares, Pastelarias, Restauração Rápida das grandes cadeias nacionais e internacionais, passem a pagar melhores salários e respeitem os direitos dos trabalhadores, deixando assim a prática geral de pagar o Salário Mínimo Nacional, com horários desregulados e longos e sem pagar trabalho extraordinário muitas deles.
As propostas de aumentos salariais apresentadas pelas associações patronais são miseráveis, prevendo manter o valor do Salário Mínimo Nacional para milhares de trabalhadores e para a esmagadora maioria dos trabalhadores propõem aumentos de 5 ou 6 euros em tabelas que não são revistas há 3 ou mais anos.
Contudo, o sector vive uma boa situação económica, as unidades hoteleiras estiveram todas cheias na Páscoa e a reservas para os meses seguintes não param de crescer, perspectivando-se uma ocupação e receitas superiores a 2019.
As empresas estão a aproveitar os conflitos internacionais para beneficiarem de mão-de-obra barata por serem muito vulneráveis e não conhecerem os seus direitos.
As declarações públicas das associações patronais e das empresas que prometem valorizar as carreiras profissionais e melhorar os salários são completamente falsas.
Nos locais de trabalho, os trabalhadores sofrem neste momento uma forte ofensiva patronal na retirada de direitos pela aplicação forçada de um acordo celebrado recentemente com os sindicatos da UGT, na redução do pagamento do trabalho prestado em dia feriado em dia de descanso semanal para metade, no roubo dos feriados do Carnaval e Municipal, no roubo das diuturnidades, no roubo do direito do prémio de línguas, no roubo do direito à alimentação em espécie, na redução do pagamento do subsídio nocturno, etc..
Os sindicatos estão a realizar reuniões de trabalhadores nos locais de trabalho para discutir com os trabalhadores formas de luta que obriguem o patronado a dar aumentos salariais dignos sem perdas de direitos.
A acção de luta do 1º de Maio será um ponto alto da afirmação das reivindicações dos trabalhadores e ao nível do Sindicato de Hotelaria Centro, a realização da sua Assembleia Geral em 9 de Maio e as eleições internas de 16 a 20 de Maio, servirão para um amplo esclarecimento e envolvimento dos trabalhadores para preparar as acções regionais a desenvolver no período de Junho a Setembro
* Sindicato de Hotelaria do Centro / FESAHT.
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