Ensinar História e Geografia: Além da Memorização

285
Ensino superior.

Durante décadas, o ensino de História e Geografia esteve centrado em práticas tradicionais, como a exposição oral e a memorização de factos e datas. Apesar de sua importância, estas metodologias reduzem o interesse dos alunos e limitam o desenvolvimento de competências como o pensamento crítico e a capacidade de relacionar os conteúdos com a realidade.

Por Diogo Fernandes Sousa *

Está a ler um artigo sem acesso pago. Faça um donativo para ajudar a manter o jornal online NotíciasdeAveiro.pt gratuito.

O modelo tradicional, centrado no professor como transmissor de conhecimento, limita o aluno a um papel passivo. Embora este tipo de aprendizagem possa gerar resultados instantâneos, não promove a compreensão profunda dos conteúdos nem a aplicação prática do conhecimento.

Quantos alunos, anos depois, se recordam das matérias memorizadas? Poucos. Isso acontece porque a memorização mecânica não permite que o aluno relacione a informação com a sua vida ou desenvolva uma visão crítica sobre os fenómenos históricos e geográficos. Como afirmou Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua construção”.

Se queremos preparar cidadãos competentes, é necessário apostar em métodos pedagógicos como a aprendizagem baseada em projetos ou a gamificação. Estas abordagens motivam os alunos e, também, os capacitam para serem agentes ativos no processo de aprendizagem.

Na Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), os alunos são desafiados a resolver problemas reais ou hipotéticos, que os obrigam a pesquisar, questionar e aplicar o conhecimento. Esta abordagem transforma o ensino de História e Geografia numa experiência prática e relevante.

A ABP torna a aprendizagem mais envolvente e colaborativa, ao mesmo tempo que desenvolve competências essenciais, como a pesquisa, a argumentação e a resolução de problemas.

A gamificação é outra estratégia inovadora que transforma a sala de aula num ambiente dinâmico e motivador. Consiste em utilizar elementos dos jogos, como desafios, pontuações e recompensas.

Com a gamificação, os alunos aprendem enquanto se divertem, desenvolvendo a capacidade de colaboração, raciocínio rápido e retenção de conhecimento a longo prazo. Além disso, esta abordagem é especialmente eficaz para captar a atenção das gerações mais novas, habituadas a ambientes digitais interativos.

Para implementar estas metodologias inovadoras, o papel do professor precisa de ser repensado. O professor deixa de ser o centro do processo e passa a ser um facilitador, orientando os alunos na construção do seu próprio conhecimento. Esta mudança exige uma planificação cuidadosa, criatividade e abertura para a utilização de novas ferramentas.

Em conclusão, ensinar História e Geografia não pode ser apenas uma questão de memorização, deve ser um processo de descoberta, reflexão e conexão com o mundo que nos rodeia. Se queremos que os alunos deixem de ver a História e a Geografia como uma lista de datas e lugares a decorar, é fundamental que a escola lhes mostre que aprender pode ser envolvente, desafiante e transformador.

* Escritor do Livro “Rumo da Nação: Reflexões sobre a Portugalidade”. Professor do Instituto Politécnico Jean Piaget do Norte.

Siga o canal NotíciasdeAveiro.pt no WhatsApp.

Publicidade e serviços

» Pode ativar rapidamente campanhas promocionais no jornal online NotíciasdeAveiro.pt, assim como requisitar outros serviços. Consultar informação para incluir publicidade online.