Degradação da via ecológica ciclo pedonal

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Passadiços, Aveiro.

Sugere-se que os atos políticos relacionados com a proximidade aos cidadãos e à realidade social, ambiental e económica do município, em especial os relacionados com festejos do Dia do Município, mais do que visitas a empreitadas e obras de cimento e alcatrão, devem focar-se em visitas a pessoas e projetos do município que mereçam ser reconhecidos e em visitas a espaços identificados com necessidades de intervenção e de interesse ambiental e social.

Joaquim Ramos Pinto *

Após alertas de cidadãos em reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal de Aveiro sobre o mau estado da via ecológica ciclo-pedonal, mais conhecida por passadiços de Mataduços-Vilarinho, a ASPEA reforça o alerta para o risco de acidentes que a degradação das cordas de proteção e das placas de madeira podem provocar aos seus utilizadores.

Uma criança de 8 anos caiu de bicicleta à ria, esta terça-feira, dia 12 de maio, numa das muitas partes dos passadiços que se encontra sem cordas que funcionam como barreira de proteção, tendo resultado algumas escoriações na cara e numa perna, uma situação que poderia ser mais grave, dependendo do local em que tivesse ocorrido.

Os passadiços de Mataduços-Vilarinho fazem parte de um conjunto de equipamentos do Centro Municipal de Interpretação Ambiental, como o Cais da Ribeira de Esgueira, juntamente como o Parque Ribeirinho do Carregal e o Parque Ribeirinho de Requeixo, “procurando estimular a descoberta dos valores culturais ancorados nos ambientais e incentivar a fruição da Ria de Aveiro”.

Estes equipamentos, com um investimento superior a um milhão de euros, reconhecidos como espaços de fruição da natureza, espaços de lazer e desportivos, não podem ficar abandonados, transformando-se em espaços com risco para a segurança e saúde dos seus utilizadores.

Se, por um lado, o grande investimento, com parte de dinheiro dos contribuintes, justifica todas as garantias de materiais duradouros que deveriam ter sido escolhidos e acautelada a garantia quando as obras foram projetadas; por outro lado, o descuido e falta de acompanhamento e manutenção do estado de conservação dos equipamentos, com uso regular por parte dos cidadãos, é muito grave pelos riscos que pode causar para os seus utilizadores, assim como para o ambiente.

Como reflexão, sugere-se que os atos políticos relacionados com a proximidade aos cidadãos e à realidade social, ambiental e económica do município, em especial os relacionados com festejos do Dia do Município, mais do que visitas a empreitadas e obras de cimento e alcatrão, devem focar-se em visitas a pessoas e projetos do município que mereçam ser reconhecidos e em visitas a espaços identificados com necessidades de intervenção e de interesse ambiental e social.

As visitas in loco que tenham como princípio a valorização das pessoas, os projetos e espaços com necessidade de intervenção são uma forma de reconhecer a importância dos cidadãos e das organizações sociais, assim como uma forma de reconhecimento e valorização da voz dos munícipes.

Uma visita aos equipamentos que fazem parte do Centro Municipal de Interpretação Ambiental, e, nomeadamente aos passadiços de Mataduços-Vilarinho, seria uma forma de se assumir, com a humildade política que os munícipes esperam de um executivo, a importância das denúncias e alertas que têm sido feitas.

Essa visita deveria ser entendida, também, como forma de garantir uma rápida intervenção na recuperação ou encerramento temporário desse(s) equipamento(s), de forma a que os munícipes de Aveiro e seus visitantes usufruam dos mesmos com segurança e qualidade de vida e possam ser potenciados como espaços de convivência intergeracional.

* Presidente da direção nacional da ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental.

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