Beira-Mar quase a ver-se livre de SAD maldita

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Assembleia Geral do Beira-Mar.
Comercio 780

O calvário do Beira-Mar (clube) com a Beira-Mar – Futebol SAD criada em 2011, na qual tem uma participação de 15%, estará a terminar, após uma vida muito atribulada, seguindo-se a extinção.

Algum do espólio do clube, incluindo troféus antigos, como a réplica da Taça de Portugal conquista em 1998-99, que tinha sido transferido para a SAD, para evitar penhoras, foi, finalmente, recuperado, mas teve de ser comprado por cinco mil euros, após negociação com o administrador judicial. As taças e outras peças, incluindo pinturas, ligadas à história de quase um século de vida do clube, bem como outra parte do acervo, que está guardada, vão ser expostas no museu a criar no estádio novo. O clube retomou a posse também de um mini bus e de uma carrinha.

Com a extinção da SAD será possível afastar responsabilidades, nomeadamente pela dívida de cerca de meio milhão de euros reclamada pela Segurança Social que impede, por exemplo, aceder a subsídios camarários (estão cerca de 60 mil euros reservados), beneficiar de apoios à criação de emprego ou acolher estágios profissionais.

Falta apenas o derradeiro capítulo de uma história de que não se guardam boas memórias: a desejada extinção “é o próximo passo”, anunciou o presidente da direção do clube durante a Assembleia Geral realizada esta segunda-feira à noite com a presença de 35 sócios.

Hugo Coelho adiantou que em janeiro passado, culminando inúmeras diligências da parte dos advogados do clube, o administrador judicial da massa insolvente notificou o tribunal do comércio para a liquidação da SAD.“Se correr bem, a extinção acontecerá em breve. O que colocará fim à participação acionista”, referiu.

A insolvência da SAD, que teve no iraniano Majid Pishyar (32 Group) o seu primeiro investidor, foi decretada em fins de 2015, durante o conturbado período de gestão do italiano Omar Scafuro – chegado a Aveiro num engodo que envolveu abusivamente os espanhóis da Pieralisi -, e a consequente perda do direito desportivo de participar na segunda liga, atirando a equipa sénior para o mais baixo escalão dos distritais em 2015/16.

O presidente da direção, que está a meio do primeiro mandato, adiantou ainda que, na sequência da liquidação da SAD, recebeu também da Câmara as chaves para aceder às instalações que estão cedidas para fins administrativos no estádio municipal de Aveiro.

Prejuízo de 13.800 euros

A Assembleia Geral tinha como ponto principal da ordem de trabalhos a discussão e votação do relatório e contas da época 2017-18, que acabaria por ser aprovado por maioria (um voto contra e algumas escassas abstenções).

O ano teve um prejuízo de 13.800 euros, sensivelmente o mesmo da época anterior. “Estabilidade e credibilidade” foram as palavras usadas por Hugo Coelho para fazer o balanço de um exercício sempre com muitos problemas por resolver, os mais pesados herdados, outros fruto das dificuldades da gestão corrente.

Entre as 15 modalidades, apenas a registar a ‘baixa’ do andebol. No futebol, falhou-se a promoção ao Campeonato de Portugal, mas foi conquistada a Taça Distrital, pela primeira vez. E a academia voltou a ‘fervilhar’ de atletas, figurando, a par do Gafanha, entre as mais numerosas da Associação de Futebol de Aveiro.

O clube está em dia com a Autoridade Tributária, mercê do pagamento em prestações mensais de 2040 euros de mais valias da venda das piscinas (cerca de 250 mil euros). Será necessário vir a suportar coimas de 20 mil euros aplicadas pelas Finanças a portagens em viagens feitas no tempo da SAD.

Foi destacado o aumento dos patrocínios angariados, para 70 mil euros. Mais problemático tem sido cobrar cotas. Dos cerca de 4 mil sócios ativos, apenas um milhar paga regularmente.

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