Aveiro / Restauração: “O País precisa de nós”

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Manifestação de restaurantes e bares, Aveiro.
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“Primeiro-ministro e Presidente da República: levantámos a economia aquando da crise, agora alguns de nós não têm dinheiro hoje para dar de comer aos filhos”. O alerta sob a forma de grito de revolta do sector da restauração da cidade de Aveiro fez-se ouvir, ainda mais alto, esta manhã, no final de uma manifestação, a segunda em poucos dias.

Centenas de pessoas, entre empresários e trabalhadores de restaurante e bares, mas também da atividade marítimo-turística e de serviços, confluíram para a praça Melo Freitas, numa demonstração de unidade solidária expressa nas palavras de ordem “Juntos seremos sempre mais fortes” que eram repetidas nos altifalantes.

As restrições horárias do estado de emergência impostas em concelhos de alto risco de contágio do Covid-19, como é o caso de Aveiro, podem ser ‘rude golpe’ nas atividades de restauração, bares e comércio de proximidade.

Durante o fim-de-semana, a partir das 13:00, as casas de ‘comes e bebes’ só poderão funcionar para entrega ao domicílio. O que não é visto como suficiente, pelo contrário, reclamava-se mais horas de trabalho, até meio da tarde.

“O País precisa de nós, os nossos estabelecimentos cumprem todas as regras de segurança, queremos trabalhar, não estamos a contribuir para a propagação desta doença”, comentou um empresário dando voz à insatisfação.

Como agravante, aproximam-se prazos para cumprir as obrigações fiscais e o deve e haver resultará para muitos em contas negativas. “Não pagamos o IVA ? Ficamos insolventes ?”, questionava-se.

A concentração serviu também para mobilizar os participantes para a manifestação nacional que está a ser preparada. “Até dia 25 teremos de pagar os nossos impostos, até lá, se não conseguirem, guardem pelo menos dinheiro para o bilhete para irmos todos para Lisboa”.

A forma como os representantes do sector têm assumido a defesa da atividade também não parece agradar. “A AHRESP e todas as outras associações onde é que estão ? Precisamos do vosso apoio”, apelava um empresário.

Os apoios estatais repetidos nos últimos dias não convencem. “Não sabemos ainda como o dinheiro vai chegar até nós, ou se vai chegar,. Existem 25 milhões de euros para a restauração, isto para mim não passam de meras promessas, muitos têm de escolher ou pagam os impostos para continuar a sobreviver e ver se conseguem algum apoio, não estando em incumprimento, ou damos de comer aos nossos filhos, que é a minha opção”, ouviu-se.

A jornada de protesto, que inclui também uma petição online, terminou perto da hora de recolher obrigatório. Muitos donos de restaurantes trouxeram comida, doada às ‘Florinhas do Vouga’ para distribuir por necessitados.

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