Acusado de burlas alega desconhecer que negócio em ouro era esquema em “pirâmide”

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Tribunal de Aveiro.
Comercio 780

Um informático acusado de participação em 37 burlas qualificadas relacionadas com um pretenso esquema habitualmente designado como “pirâmide financeira”, assumiu existirem na acusação “factos que são verdade, mas dizerem que foi para prejudicar alguém é falso”. Colegas universitários em Aveiro e familiares entre os lesados.

O segundo arguido, um empresário da zona de Almada, com 50 anos, ligado atualmente ao sector dos metais ferrosos e não ferrosos, que terá recebido as transferências monetárias, na ordem dos 20 mil euros, remeteu-se ao silêncio no início do julgamento, no Tribunal de Aveiro, ressalvado pretende falar.

O informático disse que, à data dos factos, em 2014, participou como investidor e angariou colegas e amigos quando frequentava a Universidade de Aveiro, assim como familiares diretos, que pagavam, cada um, 300 euros trimestralmente.

O dinheiro seria para investimentos propostos pelo empresário ‘mentor’ do alegado esquema, que teriam como destino “alavancar” negócios de uma empresa espanhola que iria explorar ouro no Brasil. Mas os investidores nunca chegaram a ter qualquer retorno, perdendo todo o dinheiro transferido.

Colegas estudantes chegaram a ficar em situação difícil economicamente por terem participado no ‘esquema’ com dinheiros das despesas correntes atraídos por “lucros”, que deveriam ser pagos um mês depois das entregas monetárias. O que nunca aconteceu por supostos atrasos “nos investimentos e de registos”, explicou o informático ao dar conta das alegadas justificações que recebia da empresa para onde eram feitas as transferência.

Em resposta ao Procurador do Ministério Público, negou que se tivesse apresentado como responsável da empresa numa apresentação de angariação de ‘clientes’ que decorreu num hotel de Aveiro.

O “grupo” de 200 pessoas formado com a ajuda do antigo estudante universitário seria desmantelado após queixas que levaram a Polícia Judiciária a lançar uma investigação por burlas. Após as buscas, o próprio “negócio” terá sido alvo de uma “restruturação” para formação financeira a que seria garantido, igualmente, remuneração.

“Fiquei deslumbrado quando fomos à apresentação do negócio, achei que ia ganhar muito dinheiro, o dobro, o triplo ou quatro vezes mais do investimento inicial. Eu era muito jovem, 20 anos. Via aquilo como dar o dinheiro num lado e aparecer dinheiro do outro lado. Não nos preocupava na altura como isso acontecia. Podia ter corrido bem, correu mal. Vi isto como uma forma de todos enriquecermos. Houve gente que recusou, por dizer que era bom demais. Eu tinha fé”, afirmou o programador informático que mantém atividade laboral no ramo e assumiu continuar a fazer alguns investimentos em ações e moeda digital (bitcoin) .

(em atualização)

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