
No dia em que celebra o seu 13.º aniversário, a ANGES – Associação Nacional de Gerontologia Social apresentou uma proposta estruturante e urgente: a criação de Centros de Longevidade como resposta oficial, reconhecida pelo Governo e comparticipada pela Segurança Social.
Por Ricardo Pocinho *
Estas unidades destinam-se a prevenir a institucionalização, evitar a solidão, promover a melhoria do estado de saúde e o bem-estar geral das pessoas com 65 ou mais anos, através de uma abordagem integrada, preventiva e baseada na evidência.
Num momento em que muito se discute sobre práticas menos adequadas em lares de idosos, muitas vezes fruto da escassez de profissionais e da sobrecarga na procura por respostas institucionais, os Centros de Longevidade surgem como uma alternativa viável e ética, centrada na promoção da autonomia, do envelhecimento ativo e do apoio comunitário.
Segundo os dados do Censos 2021, divulgados pelo INE, Portugal contava com 2 424 122 pessoas com 65 anos ou mais, representando 23,4 % da população residente. Este número já ultrapassa os 2,5 milhões, reforçando a urgência de respostas eficazes e sustentáveis para a longevidade.
A situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é igualmente preocupante. Para além da falta crónica de recursos humanos e materiais, o sistema encontra-se sobrecarregado pelo elevado consumo de cuidados de saúde, muito impulsionado pelo envelhecimento da população. Os Centros de Longevidade, quando dotados de equipas multidisciplinares que incluam profissionais de saúde, têm o potencial de evitar muitas idas desnecessárias aos centros de saúde e hospitais, contribuindo diretamente para a redução da pressão sobre o SNS.
Os projetos que tenho coordenado em Portugal, Brasil e Cabo Verde demonstram ganhos significativos na saúde física, no bem-estar subjetivo e na qualidade de vida dos utilizadores.
As atividades promovidas — como estímulo cognitivo, treino de mobilidade, manutenção da funcionalidade e reforço dos papéis sociais — demonstram-se eficazes na promoção da autonomia e qualidade de vida, sendo apontadas como a única resposta com real capacidade para evitar a rutura do sistema de apoio social aos idosos e o colapso progressivo do SNS.
Atualmente, a comparticipação da Segurança Social é de:
– 523,29 € por pessoa em lares de idosos;
– 155,82 € por pessoa em centros de dia.
Os projetos da ANGES, com um custo médio de apenas 52 € por pessoa, demonstram ser sustentáveis, eficazes e com elevado retorno social e económico.
A ANGES apela ao Governo para que os Centros de Longevidade sejam reconhecidos como resposta oficial, integrada na rede pública de serviços sociais, com a devida comparticipação do Estado.
* Presidente da Direção da ANGES.
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