
Aveiro volta a ter uma Câmara sem maioria absoluta 27 anos depois da primeira vez em que aconteceu. Se na altura foi o PS a ter de lidar com a situação, aquando do primeiro mandato de Alberto Souto, agora os socialistas estão do outro lado da ‘barricada’, fruto da votação superior da Aliança com Aveiro que deu a presidência a Luís Souto.
A tentativa de Alberto Souto de regressar à liderança do município a que já presidiu dois mandatos vai ter consequências no PS, para já de reorganização dos elementos que vão ser vereadores, uma vez que o cabeça de lista já tinha assumido que iria renunciar caso não fosse presidente. Assim, devem entrar os quatro candidatos seguintes, que estão na lista.
Vereadores do PS que devem assumir funções no elenco camarário:
- Paula Urbano Antunes;
- Rui Castilho Dias;
- Marta Ferreira Dias;
- Leonardo Costa.
Sobre a votação que deixou a candidatura socialista a 2200 votos do resultado da Aliança na Câmara, mas permitiu recuperar a Glória – Vera Cruz, única freguesia eleita pelo PS, sob liderança do independente Bruno Ferreira, Paula Urbano destaca a recuperação eleitoral do partido.
“Partimos de sem nenhuma freguesia e com uma diferença de votos para a Câmara de mais de 8 mil votos, o objetivo era ganhar as eleições, trabalhámos para isso, porém os aveirenses decidiram que não deveriam confiar-nos a gestão dos destinos, mas também decidiram não dar maioria a nenhum partido, notou.
A ausência de ‘peso’ eleitoral nas freguesias, que as Juntas proporcionam pelo “trabalho de proximidade”, poderá ter sido determinante para o desfecho do escrutínio para o PS, explica Paula Urbano, admitindo, também, que Alberto Souto ainda tenha sido prejudicado pelas ‘lembranças’ de algum eleitorado das dificuldades deixadas há 20 anos, por razões financeiras.
“Confortável” para continuar em funções até às próximas eleições internas
Sobre o comportamento dos socialistas no executivo sem maioria, a futura vereadora lembra que o partido tem um programa sufragado com apoio relevante e não deixará de levar propostas do mesmo ao executivo. Quanto às propostas que sejam apresentadas pela Aliança, caso “pareçam para o bem comum dos aveirenses”, poderão também merecer voto a favor, mas “avaliando caso a caso”. Afastado, “para já, estará um acordo pós eleitoral ou negociações nesse sentido. Paula Urbano lembra que “a maioria dos aveirenses votou no PS e no Chega”, expressando-se por um 4-4-1, desfecho que a Aliança deverá, na sua opinião, levar também em conta na gestão.
“Tendo em conta o ponto de partida e o resultado” alcançado, a líder do PS sente-se “confortável” para continuar em funções até às eleições internas do próximo ano, admitindo equacionar as funções partidárias, “sem qualquer problema, se houver uma maioria de militantes” a pedir eleições antecipadas, embora não as perspective como “benéficas” nesta fase.
Discurso direto
“Somos um partido responsável, estamos lá porque queremos o melhor para Aveiro e que seja governada da melhor forma. Há coisas com as quais não concordamos e não diremos que sim só porque houve mais aveirenses a votarem na Aliança do que no PS. Não há uma maioria na Câmara, isso tem de estar sempre presente no modo de atuar do presidente. Não estamos para seremos força de bloqueio, nem para viabilizar tudo só que porque tiveram mais votos. 4-4-1, a maioria dos aveirenses não está de acordo com determinadas propostas e decisões da Aliança” – Paula Urbano.
“Os partidos que não ganharam têm de respeitar quem ganhou” – Luís Souto
Na noite das eleições, Luís Souto fez um ‘apelo à navegação’, afirmando-se legitimado para colocar em prática o seu programa eleitoral: “Os partidos que não ganharam têm de respeitar quem ganhou, caso contrário seriam castigados de forma avassaladora. Os aveirenses não iriam perdoar se se instalasse uma tentativa de bloqueio dos projetos em curso e que a maioria dos aveirenses decidiu que são para continuar”, avisou, esperando que os partidos da oposição “não venham agora colocar obstáculos ao trabalho que temos pela frente para resolver os problemas e andar com o município para a frente”.
Na campanha, os cabeças de lista da Aliança e do Chega foram particularmente duros nas críticas cruzadas. “O Chega mostrou que é um partido, aqui em Aveiro, completamente desqualificado, não tem noção das realidades, de profunda demagogia”, acusou Luís Souto, que não ficou sem resposta. Diogo Machado disse que nunca vira “um candidato tão impreparado e com tanto desconhecimento da realidade e necessidades” de Aveiro.
“Assegurar a estabilidade governativa é a obrigação de todos” – Diogo Machado
Entretanto, o futurovereador veio declarar que “assegurar a estabilidade governativa é a obrigação de todos” os eleitos, “bem como respeitar os resultados eleitorais” e “com humildade e a maior responsabilidade, pôr os interesses de Aveiro em primeiro”.
Sem abdicar das “linhas de força” do programa, o eleito do Chega anunciou que o partido vai “procurar perseguir e implementar” ideias pensadas para “melhorar a vida dos nossos conterrâneos” (…) conversando, discutindo, negociando, estamos certos de que seremos capazes”.
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