Hotelaria.

A Direção do Sindicato ao ser confrontada com as notícias publicadas, em vários órgãos de imprensa regional e nacional, que traduzem a divulgação pelos representantes das diferentes Regiões de Turismo e corroboradas pelo senhor Secretário de Estado em exercício, Dr. Pedro Machado, decidiu assumir uma posição de denúncia à postura das associações patronais AHP e AHRESP, que se recusam negociar com a FESAHT e os seus sindicatos, aumentos de salários dignos.

Por Afonso Figueiredo *

Além disso, bloqueiam as negociações, ao propor alterações nos contratos colectivos de trabalho que mais não visam do que a eliminação de direitos e a aplicação de alterações na organização do tempo de trabalho que serviriam para aumentar a exploração dos trabalhadores e colocar em causa a conciliação da vida familiar e profissional, principal factor, aliás reconhecido por todos para a falta de mão de obra no sector e não fixação dos nossos melhores jovens que fazem a formação e aqui não se fixam, por esta razão e pelos baixos salários e não valorização das profissões.

Hoje isto que pretendem a nossa assinatura para legalizar, já são infelizmente as práticas em muitas unidades de alojamento e restauração, porque já foi negociado e assinado pelos sindicatos da UGT, cuja representação de trabalhadores é diminuta.

Nestes Fóruns, como o que hoje decorre na Anadia “Vê Portugal” onde o Presidente da Turismo Centro de Portugal, anunciou, que, em 2024, a região teve 4,9 milhões de dormidas de turistas nacionais, sendo que anteriormente seja por via do INE, da Secretaria de Estado do Turismo e do Instituto de Turismo de Portugal já se disse e publicou os resultados totais, que no seu conjunto reflectem aumentos muito significativos, nas dormidas e refeições vendidas, originando um aumento vigoroso não só das receitas mas também dos lucros arrecadados.

Não pode assim a Direcção do Sindicato, denunciar, que onde se passeiam e vangloriam dos resultados obtidos, governantes e patrões, não haja lugar para a opinião de quem representa os trabalhadores, nem exista preocupação sobre as condições de trabalho e os rendimentos/salários, dos que todos os dias fazem acontecer esses mesmos resultados, os trabalhadores.

São palavras como “o turismo é, e continuará a ser, o coração da economia portuguesa”, proferidas ontem pelo representante da Confederação Geral de Turismo, ou do lema do último congresso da AHRESP em Aveiro em 2024 “Gestão é ter o coração do lado certo”, que nos transportam para a seguinte pergunta: “Qual a parte do coração, da Gestão e da economia é que estes senhores e as suas organizações, destinaram para os trabalhadores?”.

Dos nacionais, aqui e ali se houve dizerem “precisamos dos melhores para melhorar a qualidade do serviço que prestamos, temos de ter medidas para os fixar”, mas depois
quando se fala dos direitos, condições de trabalho e dos salários, tudo se inverte o que tem feito a que muitos optem pelo trabalho noutros países onde o salário e o reconhecimento da sua formação e profissionalismo são uma realidade.

Dos que vindo de outros países, de todos os continentes, procuram o nosso país, aqui chegam muitas das vezes com a ilusão de alcançar uma vida melhor, dizem-nos que em relação a esses, existe a necessidade do estado, criar medidas para desburocratizar a sua legalização, mas quando existem mecanismo legais, mesmo que não concordemos com
alguns dos seus pressupostos, como é o caso da “via verde” para a contratação desses trabalhadores, afinal os mesmos senhores, vêm afirmar que não têm condições para criar
habitação, dar formação e contribuir para uma inserção justa, mas o que não dizem, mas pensam e querem, é continuar a servir-se e a alimentar práticas de exploração, utilizando o recurso a “empresas” de subcontratação, algumas dirigidas por máfias, mas que servem os seus intentes, os de obter mão-de-obra barata e vulnerável, colocando-os a trabalhar em horários escravos e ainda com estes pressionando os nacionais para que aceitem condições semelhantes.

O Sindicato vai continuar o esclarecimento de todos, nacionais e imigrantes, com eles estabelecendo laços de organização para defesa dos seus direitos e combate á exploração, porque é nesses “Fóruns” os locais de trabalho, hotéis, restaurantes, áreas de restauração e bares que continuaremos a participar e onde queremos ter palavra, porque nos orgulhamos de ser um movimento sindical de unidade e solidariedade, somos da CGTP-IN.

* Direção do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro.

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