“Todo o investimento que fizermos na saúde e escola enquanto serviços públicos gratuitos e universais fará um País mais forte” – Catarina Martins, Bloco de Esquerda

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Catarina Martins, coordenadora nacional do BE.

“Investir na escola pública e salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) são dois objetivos estratégicos” do Bloco de Esquerda (BE) na próxima legislatura. Anúncio feito na cidade de Aveiro, esta terça-feira à noite, pela coordenadora nacional dos bloquistas.

Catarina Martins falava a terminar uma sessão em que deu a conhecer, em resumo e com apoio de powerpoint, propostas naquelas duas áreas que vão figurar no programa eleitoral do partido.

Citou António Arnaut, considerado o ‘pai’ do SNS, para justificar a importância de reforçar o investimento público na saúde, “uma ideia essencial” que também se aplica nas escolas. “Dizia que não havia dinheiro quando foi criado o SNS, havia naquela altura o FMI, toda a intervenção externa, crise, e ele defendeu que se tinha de fazer o SNS e logo se via quanto custava e depois pagava-se. Porquê ? Porque estava absolutamente convicto que o SNS ia fazer crescer a economia de tal forma que se ia pagar e aconteceu”, referiu Catarina Martins apontando avanços exemplares do País, como a nível materno infantil ou de escolaridade.

“Todos os tostões que investimos no SNS, tudo o que investimos na escola pública fez este País mais forte, fez esta economia mais forte. A ideia que podemos poupar na saúde e educação para fazermos de conta que estamos a abater em défice é uma ideia errada, porque o que não for feito hoje na educação, o que não for feito hoje na saúde vai voltar com uma dívida, um défice muito maior de um País que não teve o desenvolvimento que precisa”, alertou a dirigente do BE.

Para Catarina Martins, 45 anos de democracia provou o contrário:“o investimento na escola e na saúde permitiu desenvolvimento e faz a economia crescer”. “Se queremos olhar para o futuro com esperança – e nós no Bloco não aceitamos aquela ideia da direita que andamos a discutir como pior vamos ficar, porque sabemos que podemos viver melhor e queremos viver melhor neste País – , todo o investimento que fizermos na saúde e escola enquanto serviços públicos gratuitos e universais (…), isso fará um País mais forte, uma economia mais produtiva, fará seguramente um País mais rico, por isso é que estes sectores são de maior investimento nos próximos tempos, é aqui que se investe nas pessoas e constrói igualdade”, concluiu.

Reforço do orçamento do SNS e “enorme revisão” do ensino

O BE defende, entre outras medidas, o “reforço do orçamento” do SNS com um plano plurianual de investimentos e “separar o público e privado” numa altura em que “quatro em cada 10 euros” dos apoios estatais “vão para o privado”.

Com o acordo em torno da nova Lei de Bases, os bloquistas querem na próxima legislatura “ter uma lei para acabar com promiscuidade” na gestão hospitalar e “investimento” que permita cuidados de saúde “a chegarem a todos”.

O BE quer mais concursos para especialidades com valorização das carreiras e incentivos à fixação de médicos e prosseguir com o fim das taxas moderadoras, depois dos passados dados na atual legislatura.

Na educação, “não basta aumentar” o investimento como Catarina Martins admitiu ter sucedido, pois “não foi o suficiente para compensar” os cortes anteriores “e lançar novos projetos”.

O BE quer “mudar muito a escola, mudar de paradigma”, que “está desatualizada face às necessidades de toda a comunidade”, criando “uma escola para a democracia, com autonomia”, “uma enorme revisão” a cargo de “quem a faz e compreenda”.

“Propomos abrir processo de reforma curricular, a revisão dos programas, dos ciclos e do modelo de acesso ao ensino superior, que atualize o maior pilar da democracia do País”, avançou a coordenadora, afastando “a proposta de descentralização do PS e do PSD”.

Passar a creche e o pré-escolar “a oferta educativa, universal e gratuita”, o“reforço da ação social escolar” e “uma avaliação a sério” das instalações.

Para “garantir a sustentabilidade da escola pública”, o Bloco defende professores mais jovens mas também a criação de condições de “estabilidade, vinculando professores com um programa faseado de reformas”.

Em busca do segundo eleito por Aveiro

Moisés Ferreira, atual deputado e novamente cabeça de lista pelo distrito, reclamou mérito do BE em muitas ações governamentais. “Muito mais será possível se tivermos mais força ainda”, disse, deixando um “aviso à navegação, para que ninguém se engane: estamos cheios de vontade e energia para fazer tudo o que falta fazer, somos movidos a esta energia renovável no final de cada batalha”.

Em Aveiro, o Bloco aponta para o segundo da lista, que volta a ser Nelson Peralta. “As pessoas conhecem-nos, os candidatos, o mandatário, e sabem o trabalho que fizemos e o que nos propomos fazer. É a esquerda que elege e faz as diferença”, referiu, lembrando que faltaram 100 votos para eleger dois deputados. “A juntar a todo o grupo faria muito mais diferença, terá mais força para fazer tudo o que ainda temos a fazer”, concluiu Moisés Ferreira.

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