Risco sísmico em Portugal

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Registos sísmico.
Comercio 780

Os sismos, também conhecidos como terramotos, são fenómenos naturais que ocorrem quando há uma libertação repentina de energia na crosta terrestre, causando vibrações e movimentos no solo.

Por Aníbal Costa *

Essas perturbações sísmicas podem variar em intensidade, desde tremores leves e impercetíveis até terramotos devastadores que podem causar danos significativos em edifícios e infraestruturas e, o mais importante, perdas de vidas humanas.

O risco sísmico refere-se à probabilidade de ocorrência de sismos em determinada região e aos possíveis impactos que esses eventos podem causar. Este tipo de risco é determinado por diversos fatores, salientando-se a perigosidade sísmica, traduzida pela atividade sísmica, a vulnerabilidade das construções e das infraestruturas, associada à qualidade da construção, e a exposição, associada à densidade populacional, uma vez que maior densidade populacional significa que mais vidas e propriedades estão em risco durante um terramoto.

Em áreas com alto risco sísmico, é importante adotar medidas de prevenção, mitigação e preparação para minimizar os danos. Isso inclui a implementação de regulamentação que garanta a resistência sísmica das estruturas. Felizmente, em Portugal essa regulamentação existe há muitos anos. O que é discutível é a sua correta aplicação.

A sensibilização da população e, essencialmente, dos políticos para implementarem medidas preventivas e de reforço, principalmente nos edifícios que se devem manter em funcionamento após a ocorrência de um sismo, como é o caso dos hospitais, é ainda muito reduzida. Veja-se o exemplo do novo hospital que está a ser construído em Lisboa. Não houve vontade política para instalar isolamento sísmico no mesmo. É também importante educar a população sobre medidas de segurança durante a ocorrência de um sismo e implementar sistemas de alerta precoce para fornecer avisos prévios sobre a ocorrência de sismos.

O papel dos técnicos na mitigação do risco sísmico passa pela realização de estudos minuciosos para identificar áreas com maior risco de ocorrência de sismos e avaliar a potencial intensidade e impacto dos mesmos. O conhecimento da perigosidade sísmica, através da monitorização da atividade e da análise da história sísmica do país, permitirá compreender e interpretar os sismos que ocorreram e, assim, prevenir os futuros. Do ponto de vista da engenharia, passa pelo desenvolvimento de ferramentas que diminuam a vulnerabilidade das construções e das infraestruturas e pela transferência desse conhecimento para a prática, para que a construção tenha qualidade para resistir ao valor da ação transmitida pelo sismo às construções e que está definida na regulamentação portuguesa.

Veja-se o caso recente do sismo na Turquia, em que muitos edifícios novos colapsaram como baralhos de cartas. Esta é uma área em que a Universidade tem e deve desempenhar um papel ativo e produtivo. Outra situação em que a Universidade pode ter uma intervenção ativa é no planeamento urbano, procurando estudar as áreas onde a atividade sísmica é intensa e prevenindo a construção nessas áreas, através da produção de conhecimento que sustente os instrumentos de planeamento.

Só um planeamento cuidadoso do uso do solo, considerando o risco sísmico, pode evitar a construção em áreas de alto risco, nomeadamente perto de falhas ativas ou em solo instável. Por outro lado, é fundamental que governos, comunidades e indivíduos estejam conscientes do risco sísmico nas suas áreas e tomem as medidas apropriadas para se prepararem e responderem a esses eventos. A coordenação entre as autoridades de proteção civil, as equipas de resgate e os serviços de emergência é essencial para garantir uma resposta eficaz e minimizar o impacto dos sismos na população, na construção e nas infraestruturas.

Professor aposentado do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro (UA). Artigo publicado original na revista Linhas da Universidade de Aveiro.

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