Qualidade do ar: Químicas de Estarreja aceitam integrar estudo para melhorar

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Complexo Químico de Estarreja.

As principais empresas do complexo químico de Estarreja, o terceiro mais importante do País, que remota à década de 40 do século passado, estão dispostas a colaborar na realização de “um estudo abrangente” da realidade local, envolvendo a Universidade de Aveiro, “que permita, com tempo e ponderação, ter conclusões” sobre a poluição do ar e determinar “áreas em que temos de melhorar”, para além das medidas já assumidas, nomeadamente no âmbito das metas do processo de descarbonização, que é determinado por normativos legais a cumprir nos próximos anos.

Anúncio feito, esta terça-feira de manhã, por Luís Delgado, da administração da empresa Bondalti (ex Cuf / Quimigal), em nome do PACOPAR – Painel Consultivo Comunitário do Programa Atuação Responsável de Estarreja, que agrega as indústrias do sector químico (Bondalti, Air Liquide, Cires e Dow), durante o encerramento da conferência ‘Estarreja e o Ar – avaliar e interpretar’ que assinalou localmente o Dia Nacional do Ar numa iniciativa da autarquia local.

Segundo aquele responsável, as empresas químicas locais têm compromissos para “acelerar nos próximos anos” a descarbonização com “objetivos ambiciosos e extremamente difíceis” de atingir, que, a serem alcançados, tornarão o complexo químico “uma referência internacional em práticas sustentáveis”, o que será, também, “uma vantagem competitiva”.

Luís Delgado assegurou que a “tendência dos últimos anos” mostra que a atividade industrial, com as suas várias fontes de emissão e impactos, “tem vindo a melhorar consideravelmente”, reportando-se a indicadores de ambiente e segurança publicados anualmente que dão conta do cumprimento integral “de tudo o que aquilo que têm de cumprir na legislação nacional”.

Info PACOPAR.

O presidente da Câmara, Diamantino Sabina, mostrou-se muito crítico de referências que surgem a apontar, recorrentemente, para a existência de problemas de qualidade do ar no concelho, colocando Estarreja entre as piores do País, tema que, na sua opinião, “infelizmente tem sido tratado com leviandade”, dando o exemplo de existirem “apenas 23 estações de monitorização”.

“Não temos a melhor qualidade do ar, mas tenho muito a certeza que não é a pior”, declarou o edil, para quem a “monitorização constante” da indústria química local peca por existirem “estudos sem termos comparativos”.

Por isso, “muitas vezes existe uma conotação negativa que não merecemos”, lamentou, garantindo que a realidade atual é bem diferente do que acontecia há alguns anos no complexo químico, para melhor.

A conferência serviu, justamente, como “primeiro passo para esclarecer a comunidade que as coisas hoje em dias não são assim tão más”, insistindo que “não existem dados suficientes” sobre poluição de ar “para dizer que Estarreja é a pior”.

Aveiro e Estarreja com ultrapassagens de limites no Centro do País

No entanto, um estudo com dados registados durante 14 anos (2005 a 2018) de monitorização de partículas e ozono nas estações de medição da qualidade do ar da região Centro dá conta de ultrapassagens muito altas em Aveiro (tráfego) e Estarreja, que consistentemente tem sido as localidades onde se registam os valores maiores. É observada, contudo, uma melhoria ao longo do período, segundo referiu Myriam Lopes, investigadora da Universidade de Aveiro, uma das especialistas convidadas (ver vídeo abaixo).

O caso de Estarreja

Os locais referidos como mais poluídos são aqueles onde se fazem medições, observou Myriam Lopes, desconhecendo-se, por isso, o ponto de situação em zonas sem registos. Em Estarreja foram analisados dados relacionadas com a libertação de partículas mais nocivas para saúde pública (2008-2022), que, adiantou a investigadora, têm vindo a diminuir ao longo do tempo, possivelmente, devido a maior controlo e a restrições nas fontes de emissões. Mesmo assim, foram registados mais de 600 valores superiores ao legislado (ver vídeo abaixo).

Discurso direto

“Por ano, cerca de 300 mil pessoas na Europa morrem prematuramente em resultado de doenças respiratórias, que, por sua vez, resultam de problemas de qualidade do ar. Em Portugal serão 6 mil. É um problema de saúde pública. Isto não quer dizer genericamente má qualidade de ar em Portugal, pelo contrário, e a monitorização não nos desmente, somos um país com qualidade de ar boa ou muito bom. Temos sim, situações pontuais a serem vistas com atenção. O que podemos fazer em uma ou duas áreas para praticamente eliminar estes valores e é possível. A avaliação da qualidade do ar decorre da legislação europeia. Muitas indústrias também monitorizam em contínuo, existem redes de monitorização diária e sistemas de alerta, que convido para visitar no site  Qualar– Nuno Lacasta, presidente do conselho diretivo da Agência Portuguesa de Ambiente (APA).

 

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