Procura de espumantes ‘topo de gama’ causa rutura de stocks

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Espumantes Bairrada.
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Os portugueses estão a consumir mais espumante e comprar mais caro. O maior produtor da região da Bairrada conseguiu vender neste final de ano praticamente tudo que tem nas caves das gamas de qualidade superior.

Está a correr muito bem a ponta final do ano na região demarcada pioneira em Portugal na produção de espumante e lider, de forma destacada, neste segmento, uma vez que quase dois terços dos vinhos espumantes nacionais são produzidos na Bairrada.

Há uma novidade para além da tradicional subida de vendas da quadra natalícia e réveillon: o crescimento muito notório da procura pelas garrafas de marcas mais caras.

É o que dá conta Maria Miguel Manão, da Adega Cooperativa de Cantanhede, maior produtor da Bairrada, que tem na marca ‘Marquês de Marialva’ um dos seus principais cartões de visita.

“Sentimos que as pessoas estão um bocadinho mais folgadas, até fazem escolhas de produtos em posicionamentos mais elevados. Temos também um consumidor cada vez mais conhecedor, que, obviamente, olha ao preço, mas também à qualidade e fazemos um esforço para ir ao seu encontro”, começou por explicar a diretora comercial e de marketing.

Espumantes e também alguns vinhos ‘topo de gama’ registaram “uma elevada procura” a um ponto que não era habitual. “Entrámos em rutura de stocks desde há duas semanas, nas produções mais limitadas, e foi preciso ratear pelos clientes. A procura de qualidade superior deixa-nos muito satisfeitos, é um sinal que o mercado está mais receptivo”, comentou Maria Miguel Manão.

O espumante está a ser consumido mais e também cada vez mais fora das épocas festivas. “Obviamente tem um pico de vendas nesta altura de festas, família, momentos de comemoração, mas constatamos que é cada vez mais transversal a todo o ano”, referiu a diretora da Adega Cooperativa de Cantanhede.

De resto, merece atenção comercial o facto dos espumantes “estarem a alavancar mais a venda de vinhos europeus”. O maior produtor da Bairrada, além de Portugal, que é o mercado mais importante, exporta para países como a Rússia, França, Brasil e Japão.

Aumento de vendas de espumante “acima dos 10 por cento”

A região da Bairrada deve fechar o ano com um aumento de vendas de espumante “acima dos 10 por cento”, na estimativa apontada por Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), confirmando “a tendência positiva” de comercialização “mais repartida durante o ano”, dando sinal que o consumo da bebida das ‘bolhinhas’ tornou-se “mais vulgar e até popular”.

Prevê-se ultrapassar em mais dois milhões de garrafas de espumante, “o que é significativo para uma região que há dois ou três anos não certificava um milhão”.

O espumante é das poucas bebidas em termos internacional que tem conseguido aumentar vendas a dois dígitos nos últimos três anos.

Crescimento “progressivo e estrutural”

Na Bairrada, o crescimento tem sido “progressivo e estrutural” com “um trabalho consistente dos produtores, incluindo na promoção”, o que tem sido muito visível na marca comum ‘Baga Bairrada’, já com mais de duas dezenas de espumantes a apostarem na casta autóctone.

A região pioneira há 125 anos na produção de espumante pelo método clássico “tem condições para aumentar ainda mais”, garante o presidente da CVB.

A Bairrada vendeu em 2017 cerca de seis milhões de garrafas. Portugal produz cerca de 15 milhões.