O papel das exportações na economia portuguesa

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Navio com contentores, Porto de Aveiro.
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Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao ano de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,3% em termos reais em comparação com 2022. Em valores nominais, registou um aumento de 9,7%, alcançando 265,7 mil milhões de euros. As exportações portuguesas representaram 47,5% deste valor do PIB (sendo 30,5% em bens e 16,9% em serviços), totalizando 126,3 mil milhões de euros.

Leonardo Oliveira Costa *

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Fazendo uma breve análise histórica, e uma vez que nos encontramos a celebrar os 50 anos do 25 de abril, a evolução do valor das exportações de bens e serviços de Portugal é um bom indicador da estratégia de progresso e de desenvolvimento da nossa economia. Os dados do INE mostram um crescimento do peso das exportações no PIB e da abertura ao exterior quase contínuo, o que nos possibilitou passar o valor de exportações de 500 milhões de euros em 1974, para 8.000 milhões de euros em 1986 e para 126,3 mil milhões de euros em 2023.

Assim sendo, a abertura do nosso país e o aumento das exportações dos nossos bens e serviços desempenhou um papel crucial no crescimento económico de Portugal, impulsionando a entrada de receitas estrangeiras e promovendo a competitividade das empresas no mercado global. Ao expandir os mercados de destino para os produtos e serviços portugueses, as exportações não só geram aumentos de receitas para as empresas, criam empregos, mas também estimulam investimentos em inovação, tecnologia e infraestruturas.

Nas últimas décadas Portugal tem diversificado os seus produtos de exportação, passando de produtos tradicionais, como têxteis e calçado, que ainda continuam a desempenhar um papel importante nas nossas exportações atuais, para uma crescente valorização de setores de alta tecnologia e conhecimento, como a indústria da robótica, automação, eletrónica e farmacêutica. Olhando mais especificamente para a região de Aveiro (NUTS III), e com base no Gabinete de Estudos e Estatística do Governo, a mesma conta com uma indústria exportadora focada em setores como a automação, máquinas e aparelhos, componentes para transportes, metais, químicos, plásticos e borracha que muito contribuem para o desenvolvimento da nossa região.

Relacionado com este aumento de exportações de produtos e serviços há duas variáveis que são importantes mencionar – as estratégias de internacionalização das empresas e os fundos para a internacionalização. Não há dúvidas que as empresas portuguesas têm reconhecido a importância de expandir para mercados externos como uma forma de impulsionar o crescimento e a competitividade. Investimentos em estratégias de internacionalização, como a adaptação de produtos e serviços aos requisitos dos mercados estrangeiros, a participação em feiras internacionais e a criação de parcerias com distribuidores e agentes locais, têm sido fundamentais para o sucesso das exportações. Além disso, os fundos de apoio do Governo e da União Europeia, como é o caso do PT2030, desempenham um papel importante, fornecendo recursos financeiros e assistência técnica às empresas que buscam expandir-se globalmente. Estes fundos ajudam a mitigar os custos associados à internacionalização, promovendo o acesso a novos mercados e incentivando a inovação e a competitividade das nossas empresas.

Analisando o futuro, as nossas exportações continuam a enfrentar desafios significativos. Entre os principais desafios destacaria a forte concorrência internacional, que se encontra cada vez mais intensa, exigindo uma forte de capacidade de inovação e adaptação às nossas empresas portuguesas, de forma a manterem-se competitivas ao nível do preço e da qualidade dos seus produtos e serviços. Por outro lado, o mundo atual enfrenta um conjunto de incertezas económicas e políticas que já comprovaram que podem provocar quebras de desempenho na economia de muitos países, tendo impacto também nas nossas exportações. Continuamos muito dependentes sobretudo de quatro grandes economias como vimos, e a diversificação de mercados poderá ser importante.

Como último desafio, destacaria da necessidade de evolução do nosso tecido empresarial. O mesmo é constituído maioritariamente por PME, como demonstram os Censos de 2021. Destas PME uma pequena minoria encontra-se na linha da frente com bons níveis de capitalização e com uma orientação para exterior. Mais atrás encontramos um conjunto de PME muito estagnadas e endividadas, pouco digitalizadas, com problemas de gestão e sucessão. Por último encontramos o pelotão composto por micro e pequenas empresas que têm um papel importante na nossa economia direcionada apenas para o mercado interno.

Em suma, a trajetória das exportações portuguesas ao longo dos anos, desde os marcos históricos até os desafios contemporâneos, revela a importância fundamental do comércio internacional para o crescimento económico e a competitividade do país. Enquanto celebramos os 50 anos do 25 de abril, é evidente que as exportações desempenharam um papel importante nesse percurso impulsionando a modernização e diversificação da economia nacional. Olhando para o futuro, é imperativo que as empresas portuguesas continuem a investir em estratégias de internacionalização e a aproveitar os fundos disponíveis para enfrentar os desafios da concorrência global, incertezas geopolíticas e mudanças tecnológicas, garantindo assim um desenvolvimento económico sustentável e resiliente.

* Gestor de uma empresa em Aveiro.

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