Tribunal de Aveiro.

Um homem de 74 anos confessou, esta segunda-feira, o homicídio de um indivíduo que tinha sido testemunha de acusação  num processo judicial, desferindo-lhe 20 facadas, em Águeda. Responde ainda por dois homicídios tentados e um crime de incêndio e explosão.

O arguido cometeu o crime a 24 de março de 2023, numa estrada em zona florestal junto ao Centro Social e Paroquial de Recardães, tudo indica, para se vingar da vítima cujo depoimento terá sido determinante para ser condenado a sete anos de prisão num processo em que respondeu por furto.  Aquando da abordagem na via pública, o acusado terá desferido no sexagaenário cerca de 20 golpes com uma faca de 13 centímetros que trazia escondida.

Depois, deslocou-se ao centro de Águeda, ao escritório de um advogado que esteve ligado ao processo que lhe valera a condenação. Como estava fechado, fez explodir um engenho pirotécnico artesanal e ateou fogo ao corredor com gasolina. No interior do edifício encontrava-se uma outra advogada, que teve de ser assistida por inalação de fumo, juntamente com mais duas pessoas.

O arguido foi detido pouco tempo depois e encontra-se a cumprir a pena de prisão referente ao processo de furto.

“Sim, corresponde à verdade. O julgamento em que fui condenado foi o que deu origem a esta situação lamentável, só peço perdão. Para mim foi doloroso ser condenado por um crime que não cometi”, declarou no início do julgamento ao ser confrontado com a acusação de homicídio consumado, ressalvando, contudo, que “nunca teve a intenção de matar”.

Corrigiu também a acusação no número de golpes desferidos. “Não andava bem, sei que mandei [a faca] para o pescoço e aqui para baixo. Mas 20 facadas não dei… Estava com ódio e com raiva”.

“Era para dar um susto” ao advogado “e não matar”

Já sobre os factos envolvendo o advogado, justificou-se alegando que estava insatisfeito com a conduta do mesmo, que teria procurado arrolar “falsos depoimentos e mentiras” aquando do julgamento por furto. “Fiquei sentido”, assumiu, garantindo, contudo, que “era para dar um susto e não matar” ao fazer deflagrar “fogo de artíficio” com gasolina que levara em dois bidões. A intenção inicial, quando adquiriu os artigos e o combustível, seria, segundo explicou, cometer suicídio no próprio carro.

Antigo jogador de futebol federado e emigrante, o arguido que também fez vida como agente de espetáculos e é conhecido em Águeda por negociar leitões, atribuiu “a culpa disto tudo”,  a um irmão e outros que teriam sido seus cúmplices na condenação a pena de cadeia por furto. Contou ainda ter sido,  um ano antes do desfecho do caso judicial, a agressões violentas que terão acontecido em contexto de desavenças com o irmão,  e que motivaram uma queixa-crime.

“Lamento e peço perdão, foi num momento de raiva, andava sem vida”, repetiu  pretendendo mostrar arrependimento pelos atos cometidos em março de 2023.  Insistiu também que, caso o falecido tivesse aceitado, aquando da abordagem, dirigir-se ao advogado, para arranjar forma de corrigir o depoimento que levou à condenação,  “nada disto tinha acontecido”.

(em atualização)

 

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