“Há dias assim”: A grande história à volta das Minas do Braçal

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Minas do Braçal, Sever do Vouga (Foto de António Garcia).

Um regresso às caminhadas para sítios que não cansam os olhos nem os sentidos e cujos espaços nos deslumbram sempre.

Por António Garcia *

Imaginem que, para este, já vou na minha 5ª caminhada, três das quais com guia interpretativo. Foi o caso de hoje que nos levou até às Minas do Braçal (e não só), com HikeLand e os seus guias favoritos (Quirino e o arqueólogo Pedro).

Foi precisamente o Pedro, uma vez mais, que nos deliciou de saberes que os mineiros, ainda vivos, têm vindo a partilhar. Há efectivamente uma grande história à volta das Minas do Braçal, da Malhada e do Coval da Mó (extracção da Galena para obter o chumbo). E foi à volta das duas primeiras que fizemos o trajecto que nos levou até à cascata da Cabreia.

O trajecto foi muito semelhante ao último, embora entristecido com a pouca água que vai correndo pelo rio Mau. É algo que está a acontecer por todo o País e ainda agora vamos no início do Verão.

Resumindo: temos um antigo complexo mineiro, desprovido de máquinas e outras ferramentas que ali eram utilizadas. Ficaram ruínas de algumas casas, túneis e fornos e um jardim ainda digno de visita. Num espaço onde chegaram a trabalhar mais de 700 mineiros. Um espaço ao abandono que a Câmara de Sever de Vouga tenta recuperar. Não esquecer que foi o primeiro complexo mineiro de tal importância em Portugal. E como sempre, finalizámos a caminhada de 13km500 aos pés da Cascata da Cabreia (Silva Escura).

Minas do Braçal, Sever do Vouga (António Garcia).

Se querem saber mais, aqui vai um extracto de um texto que está no site do Museu da Câmara de Sever de Vouga:

A segunda fase da exploração de Galena nas Minas do Braçal iniciou-se no segundo quartel do século XIX, através de uma concessão a José Bernardo Michelis, por portaria de 6 de agosto de 1836. Em 1840 esta licença passa para o alemão Diederich Mathias Fewerheerd, radicado na cidade do Porto, que impulsionou a exploração mineira através de técnicos e tecnologia alemã.
Em 1850 foi descoberta a mina da Malhada e logo de seguida em 1856 as minas do Coval da Mó. Pelo seu sucesso, o Governo concedeu a isenção de impostos durante 10 anos, por portaria de 30 de janeiro de 1854. As obras em 1851 já tinham mudado o curso do rio Mau e instalados três rodas hidráulicas e uma turbina que serviam para a extração de galena, sulfato de chumbo e pirite de ferro.
Em 1862 uma multidão, especialmente de Ribeira de Fráguas e de Silva Escura, entra pelas instalações mineiras destruindo-as, uma vez que o fumo das fornalhas das minas estava a prejudicar as suas vinhas causando grandes prejuízos à produção agrícola. O Governo sentiu-se na obrigação de indemnizar a empresa, autorizando a construção de uma linha férrea do sistema americano que ligasse as explorações do Braçal, Malhada e Coval da Mó, pelo Rio Mau até ao Vouga. A construção da linha teve início em 1864 e foram transportados por ela grandes quantidades de minério para dois barcos que a empresa possuía no Vouga tendo, cada um, a capacidade de transportar 10 toneladas. Daqui seguiam para Aveiro tendo como destino Inglaterra e Alemanha. Estes barcos traziam produtos e artigos para consumo e aplicação na exploração mineira, sendo transportadas em vagões para o Braçal puxados por duas ou mais juntas de bois.
Em 1863, a empresa mandou construir uma oficina de fundição no Braçal, na margem esquerda do Rio Mau, à qual deu o nome de D. Fernando, marido da Rainha D. Maria II, denominação que foi autorizada em 24 de maio de 1862. Esta oficina utilizou o mesmo modelo das fundições de Stolberg, na Prússia. Entretanto, Diederich Mathias Fewerheerd morre no Porto em 1874. Como grande e reconhecido empresário, foi condecorado pelo rei D. Pedro V com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo e agraciado pelo Rei D. Luís com a Comenda da Conceição. Morre no Porto em 1874. Como grande e reconhecido empresário, foi condecorado pelo rei D. Pedro V com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo e agraciado pelo Rei D. Luís com a Comenda da Conceição (continuar a ler em https://www.mm-sever.pt/expo/minas/).

* Trabalhou como director – responsável de sector social & cultural. https://www.facebook.com/antoniotony.garcia.9

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