Osaka 2025.

Já passaram dois meses desde que Osaka inaugurou oficialmente a Expo 2025 — um dos maiores eventos globais da década. Sob o tema “Projetar a sociedade do futuro para as nossas vidas”, esta Exposição Mundial, organizada na ilha artificial de Yumeshima, no Japão, assume-se como muito mais do que uma montra de inovação.

Por IPDT / Blog *

A expo é um espaço de provocação e diálogo, onde se repensam os grandes desafios contemporâneos: o envelhecimento da população, a sustentabilidade dos sistemas urbanos, o impacto das novas tecnologias e, inevitavelmente, o papel do turismo na transformação das sociedades.

A cidade de Osaka foi escolhida como sede da Expo após um processo competitivo conduzido pelo Bureau International des Expositions, envolvendo candidaturas temáticas, avaliações técnicas e uma votação entre 170 países. Entre abril e outubro de 2025, Yumeshima transforma-se num palco de experiências, negociações e tendências, onde o turismo se cruza com a diplomacia, o branding nacional e a cultura global.

O cenário é monumental: a expo conta com a presença de 160 países e regiões, mais de 80 pavilhões contidos num recinto circular com quase dois quilómetros de extensão — o “Grand Ring”, uma estrutura construída inteiramente em madeira — e a expectativa de receber até 28 milhões de visitantes ao longo dos 184 dias do evento. Só nas primeiras seis semanas, já foram ultrapassados os cinco milhões de entradas, com picos diários superiores a 160 mil pessoas, segundo dados oficiais da organização. Estima-se que o impacto económico possa ultrapassar os 17 mil milhões de euros, não só através do consumo direto, mas também pela projeção internacional de Osaka e da região de Kansai como destino turístico de referência.

A presença estratégica de Portugal

Portugal marca presença na Expo Osaka 2025 com o pavilhão “Oceano, Diálogo Azul”, com projeto assinado pelo arquiteto Kengo Kuma e curadoria da AICEP. É uma proposta que demonstra o compromisso do país com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e que pretende comunicar os valores da economia azul, da sustentabilidade marítima e da inovação científica com base no mar — esse espaço simbólico que liga Portugal ao mundo desde sempre.

O pavilhão integra experiências imersivas, uma zona de restauração com gastronomia nacional, espaço para eventos empresariais e uma loja de produtos portugueses. A presença portuguesa na expo é articulada entre várias entidades públicas e privadas — da AICEP ao Turismo de Portugal, passando pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Agência Nacional Erasmus+, Câmara de Lisboa e a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Japonesa — numa verdadeira aliança nacional para mostrar o país como um polo de talento, inovação e hospitalidade.

Até ao início de maio, três semanas após a abertura da Expo, mais de 200 mil pessoas já tinham visitado o Pavilhão de Portugal, superando as expectativas iniciais. A média diária ronda os 9.000 visitantes, bem acima dos 7.000 estimados pelos organizadores. A maioria é composta por visitantes japoneses, embora também se registe a presença de grupos portugueses e estrangeiros.

Para além da promoção turística, a estratégia portuguesa passa também por reforçar o posicionamento do país junto dos públicos internacionais — em particular no mercado asiático — como um destino atrativo para estudar, investir, visitar e viver. Ao adotar o oceano como tema transversal, Portugal assume uma linguagem universal, capaz de comunicar ciência, cultura e futuro num mesmo fluxo. É, ao mesmo tempo, metáfora e ferramenta: o mar como elo, não como fronteira.

Gestão de expectativas para o público geral

A Expo 2025 promete ser uma montra de inovação, mas também levanta debates importantes sobre o que hoje esperamos de eventos globais. Embora a organização tenha feito um esforço notável para criar um recinto visualmente marcante e tecnologicamente ambicioso, algumas críticas têm surgido — discretamente, mas com consistência — em fóruns e plataformas de avaliação como o TripAdvisor. Visitantes apontam falhas na organização, falta de acessibilidade linguística e experiências que, em certos pavilhões da expo, parecem mais promocionais do que inspiradoras. Nada que comprometa o evento, mas é um lembrete: o futuro não se constrói apenas com tecnologia, mas com experiências significativas, acolhimento genuíno e conteúdo que desafia.

Mesmo assim, para profissionais do setor do turismo, a Expo é um observatório privilegiado. Serve para captar tendências em design de experiências, gestão de fluxos, comunicação nacional e posicionamento de marca territorial. E, neste contexto, a presença portuguesa é um excelente exemplo de como é possível combinar identidade, estratégia e inovação numa proposta coerente, envolvente e diferenciadora.

A Expo Osaka 2025 pode ser visitada até 13 de outubro de 2025. Agora que já passou um terço do tempo previsto, o evento convida-nos — mais do que nunca — a refletir sobre o papel que o turismo pode ter na construção de um futuro mais conectado, sustentável e humano.

+ info https://www.facebook.com/PortugalExpo2025Osaka

* Artigo publicado originalmente no site do IPDT.

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