Energia e Clima: Pela participação da Engenharia na definição dos rumos

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Revista Ingeniu.
Comercio 780

A relevância dos efeitos nefastos no clima em resultado da atividade humana é reconhecida pela maioria da comunidade científica. As conclusões das conferências COP, entre outras instituições, reivindicam que as emissões de CO2 e outros gases, em resultado do uso de combustíveis fósseis, devem ter uma abordagem de mudança do paradigma tradicional.

Jorge Liça *

Os diagnósticos estão feitos e estão definidas políticas públicas ambiciosas e com objetivos e planos de atuação coerentes com essa ambição. Portugal, neste aspeto, tem cumprido e a nossa comunidade de Engenharia envolveu-se nesta tarefa de prevenção e mitigação das alterações climáticas e outros objetivos de desenvolvimento sustentável, com sucesso.

No que respeita à problemática da energia, e em especial no processo de transição energética em curso, existem dois planos de abordagem muito distintos, nomeadamente:

i) o curto prazo, em que os problemas de disponibilidade de fontes de energia, de custo dos recursos, de preços de mercado, da fiscalidade associada e as consequências para as empresas e para as famílias obrigam a medidas céleres de adaptação e de resolução de problemas de modo interligado e coordenado. São medidas de natureza tática e de controle e minimização de danos. Outro plano de abordagem mais sustentado é ii) o de médio e longoprazo, em que os problemas são de natureza completamente diferente e associados ao planeamento de segurança de abastecimento e tendo em vista a otimização económica.

Entendemos que as boas decisões de políticas públicas em Energia e Clima, no longo prazo, devem estar fundamentadas em estudos de Engenharia. É assim nas opções de suporte e incentivos à climatização dos edifícios, aos transportes de mercadorias e passageiros, à organização do território/urbanismo, aos combustíveis para transporte, à produção de eletricidade, à eficiência energética, à gestão da procura, etc. Embora devendo seguir as orientações uropeias, a decisão local deve seguir uma orientação nacional e ter em conta a utilização dos recursos adequados aos interesses estratégicos do País.

Os problemas futuros, a longo prazo, antecipam-se no presente e resolvem-se com base em estratégias sólidas que os engenheiros sabem equacionar. Se não anteciparmos agora, lamentaremos no futuro, assim como se lamenta hoje o problema do novo aeroporto de Lisboa, a escassez de ferrovia, ao abandono de geração elétrica controlável (“despachável”), a dificuldades na disponibilidade do 5G, as calamidades dos fogos florestais e das inundações, a escassez de regadio agrícola, a falta de água para abastecimento de cidades, a escassez de habitação de propriedade pública e privada e outras.

A Engenharia portuguesa, como profissão, tem dado provas de capacidade, tem interesse e pretende participar em estruturas para enquadramento e escolhas das melhores soluções técnicas, quer no âmbito da Energia e Clima, quer noutras áreas estratégicas de desenvolvimento do nosso País.

* Diretor Adjunto da Revista Ingeniu – Ordem dos Engenheiros.

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