Armazém de sal, Aveiro (arquivo).

No Canal de São Roque, em Aveiro, ficava um derradeiro armazém onde ainda se podia comprar o “Sal de Aveiro” em saco de 25 quilos.

Por Fernando Ferreira Dias *

A dona desse armazém era a Dona Maria da Apresentação Calisto, uma filha do Bairro da Beira-Mar.

Nasceu em 7 de Outubro de 1935, mas para os pais não pagarem a multa por demora de registo foi declarada como tendo sido a 15 de Outubro e teve dois filhos.

Juntamente com o seu marido, o Sr. Ricardo Neves já falecido lançaram-se no negócio do sal. Para tal chegaram a ter três barcos mercantéis (saleiros), que acartavam das salinas o sal produzido para o armazém do Canal de São Roque.

Contava ela que trabalhava sem horário, pois quando tinham clientes não se podia fazer folga e nesse tempo não havia tapetes rolantes e demais modernismos.

Foi a época em que havia a linha de comboio no cais e vendiam-se carruagens de sal. Toda a gente fazia a matança do porco e o sal era o único conservante, que usavam nas arcas salgadeiras.

Hoje o sal de Aveiro é preterido por outros, como o da Tunísia, que embora de menos qualidade é mais barato. Assim o sal de Aveiro em 2018 era a 4 euros o saco de 25 quilos e o da Tunísia, a mesma quantidade, só custava 3 euros.

Apenas alguns bons “Chefs cozinheiros” usam o sal de Aveiro, porque sabem que é de facto diferente e dá um sabor melhor aos seus cozinhados.

Dona Maria do Sal, Aveiro.

Já depois deste artigo escrito faleceu a D.Maria. O negócio esteve assegurado pelo filho João, mas depois ele, que já está na casa dos cinquenta , não resistiu e o que aconteceu foi o armazém ser vendido para algum ‘negócio turístico’.

Penso que a Dona Apresentação é digna de figurar na lista das pessoas que fazem Aveiro.

 

 

 

 

* Série de publicações ‘Personagens que fazem Aveiro’. Artigo publicado em Aveiro na História.

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