Carlos Avilez: Uma vida dedicada ao Teatro Português

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Carlos Avilez.
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Faleceu o ator e encenador Carlos Avilez, um dos maiores nomes da cultura nacional e do teatro português. Atualmente encontrava-se a encenar a peça “Electra”, protagonizada pela atriz Bárbara Branco, que estreou no passado dia 18 de novembro no Auditório da Academia das Artes do Estoril.

Por Nuno Alexandre *

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Estreou-se como ator em 1956 na Companhia Amélia Rey Colaço- Robles Monteiro, e permaneceu na mesma até 1963. Juntamente com João Vasco, fundou em 1965 a Companhia de Teatro mais antiga do país ainda em atividade, o Teatro Experimental de Cascais (TEC), que completou no passado dia 13 de novembro 58 anos de vida. Na companhia formaram-se, passaram e continuam a passar grandes nomes de relevo da cultura nacional. O TEC guarda toda uma história de resistência, de valorização e de formação de artistas e um vastíssimo espólio patrimonial e cultural.

Avilez deu a conhecer ao mundo o TEC e meteu Cascais no mapa. Projetou o Teatro Português e os seus artistas no mundo. Em 1970 foi diretor artístico e responsável pelo dia consagrado a Portugal na Expo´70 em Osaka, no Japão. Em 1977, foi responsável por encenar a peça “O Encoberto”, uma obra de Natália Correia censurada durante a ditadura fascista e que subiu ao palco do Teatro Micaelense, nos Açores, no pós-25 de Abril. Em 1979, juntamente com Amélia Rey Colaço, foi nomeado diretor da Companhia Nacional de Teatro I- Teatro Popular, com sede em Lisboa, no Teatro São Luiz. De 1993 a 2000 foi diretor do Teatro Nacional D. Maria II, diretor do Teatro Nacional de S. João e Presidente do Instituto de Artes Cénicas. Ainda no ano de 1993, fundou a Escola Profissional de Teatro de Cascais, da qual foi diretor e professor até ao fim da sua vida. O encenador chegou a trabalhar em França com o diretor de Teatro e Cinema Britânico Peter Brook, e na Polónia com Jerzy Grotowski, um dos grandes nomes do Teatro Polaco. Além de peças teatrais,

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Avilez encenou várias óperas como “Carmen”, “Contos de Hoffmann”, “As Variedades de Proteu”, “O Capote”, “Inês de Castro”, “O Barbeiro de Sevilha” e “Madame Butterfly”
Ao longo da sua vida e carreira artística, Carlos Avilez encenou vários projetos teatrais e formou vários atores pertencentes à constelação artística nacional. Avilez foi um dos pilares do Teatro e representou uma revolução no Teatro Português, a quem dedicou toda uma vida. Carlos Avilez viveu e trabalhou bastante para dar vida ao Teatro Português, ele dizia que o Teatro “é o espelho do povo”. O ator e encenador foi MESTRE nas artes cénicas e é considerado o “pai do teatro e de formação profissional” por muitas atrizes e atores que ele formou.

Carlos Avilez é um nome incontornável da História do Teatro Português. Portugal é dos países da Europa que menos investe e valoriza as artes e a cultura, e o Mestre Avilez sempre se pautou pela valorização das artes, da cultura e de todos os profissionais que trabalham no setor. A valorização da Cultura e dos seus profissionais é algo que devemos continuar a exigir! Sem Cultura seremos o “Portugal dos pequeninos” da Europa.  Carlos Avilez partiu, mas deixa-nos um vasto legado patrimonial, histórico e cultural. O Teatro Experimental de Cascais e a Escola Profissional de Teatro de Cascais, que fazem parte do seu legado, continua e continuará a formar e a projetar novos e grandes artistas. O nome Carlos Avilez é um nome que ficará para a História e que certamente será sempre honrado pelos seus alunos e pelo seu amado e estimado público, o povo português.

Viva o Teatro! Até Sempre, Carlos Avilez!

* Estudante de História na FLUC, Aveiro.

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