Atitude proativa ambiental dos portos

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Porto de Aveiro.

As autoridades portuárias compreendem que se tiverem portos mais verdes, poderão sustentar e manter a operação portuária por mais anos, sem conflitos com as comunidade locais.

Por Vítor Caldeirinha *

As principais fontes do impacto ambiental dos portos marítimos incluem a poluição relacionada com a construção e manutenção do porto, dos terminais e dos canais de navegação, as emissões atmosféricas de navios que escalam o porto, o ruído dos equipamentos dos terminais (como guindastes e equipamentos de parque) e atividades logísticas e industriais no porto, as emissões atmosféricas e o cheiro associado às operações portuárias e os efeitos ambientais do congestionamento associado às operações terrestres de barcaças, comboios e camiões.

Existem diversas variáveis ambientais que devem ser acompanhadas nos portos, como sejam a qualidade da água, a hidrografia e hidrologia costeiras, a contaminação dos fundos, a ecologia marinha e costeira, fauna e flora, a qualidade do ar, o ruído e a vibração, o impacto visual, a gestão de resíduos e os impactos socioculturais.

As autoridades portuárias demonstram preocupações crescentes relativamente aos impactos da poluição sonora e das emissões atmosféricas no funcionamento sustentável do porto. Esses tipos de poluição afetam claramente a saúde das pessoas que trabalham ou vivem nos arredores dos portos. Como tal, limitar a poluição atmosférica e sonora não é apenas um objetivo ambiental das autoridades portuárias. Também se tornou uma missão clara no contexto da responsabilidade social corporativa e da gestão do relacionamento com os diversos atores nas áreas portuárias.

Nas operações terrestres que conectam o porto e o hinterland através do transporte terrestre, os impactos ambientais causados por terminais intermodais e congestionamentos levam a efeitos adversos, como poluição do ar e o ruído, sem descurar o impacto visual dos granéis em monte ou dos contentotres empilhados.

As autoridades portuárias são desafiadas a eliminar ou reduzir esses efeitos por meio de uma série de instrumentos de gestão verde do porto:

– penalidades e incentivos;
– monitorização e medição;
– condicionamento verde de acesso ao mercado;
– regulamentação dos padrões ambientais da atividade.

As autoridades portuárias compreendem que se tiverem portos mais verdes, poderão sustentar e manter a operação portuária por mais anos, sem conflitos com as comunidade locais.

Os portos são extremamente vulneráveis a reclamações infundadas relativamente a danos ambientais (por exemplo, relacionados com dragagens). Para evitar tais reclamações, os portos precisam de informações quantificáveis e detalhadas sobre os impactos de suas operações no meio ambiente adjacente.

A consulta proativa com a comunidade constitui uma componente chave da gestão ambiental. Por isso, os portos devem comunicar a forma como os impactos ambientais associados às operações portuárias são geridos. Se um porto inicia o diálogo com a comunidade local apenas em resposta a um problema, a perceção negativa da comunidade pode ser o resultado.

* Consultor de Portos e Transportes. Resumo de artigo publicado originalmente na Revista Transportes e Negócios (ler versão completa).

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