A reputação dos políticos e a confiança do eleitorado

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Assembleia da República.
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Ao analisarmos as mais de 200 mil reclamações registadas em 2023 no Portal da Queixa, destaca-se no pódio dos mais contestados o setor público, com foco na saúde e nos organismos do estado.

Por Pedro Barros Lourenço *

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O setor da saúde, vital para os cidadãos, emerge como epicentro das críticas, somando-se à insatisfação dos portugueses, constragimentos na administração pública, na educação e nos transportes públicos. No meio de mais uma crise em Portugal, este cenário torna-se num verdadeiro desafio para os partidos com as eleições legislativas de 10 de março.

Numa era em que os cidadãos detêm o poder da partilha de opiniões, a reputação torna-se a moeda de troca entre estes intervenientes, os eleitores e os candidatos. A desconfiança gerada pelas políticas governativas reflete-se na avaliação dos políticos.

O dilema assemelha-se ao enfrentado pelas marcas no setor privado, onde a gestão de reputação é vital. Tanto os políticos, como as marcas, devem alinhar a sua narrativa com a perceção dos seus eleitores. A comunicação transparente, próxima e humana torna-se imperativa. Promessas vazias geram crises e, em tempos de crise política, económica e social, a confiança do eleitor torna-se um ativo escasso.

Neste contexto de insatisfação generalizada, surge uma alternativa política mais radical, que se posiciona como o último reduto para eleitores desacreditados. O envolvimento mediático de figuras proeminentes como Pedro Nuno Santos do OS e Luís Montenegro do PSD em situações suscetíveis a desconfianças, destaca a necessidade urgente de uma mudança profunda.

A crescente aceitação de alternativas mais radicais reflete a frustração dos eleitores com a abordagem convencional. Estes casos alimentam o ceticismo em relação aos políticos tradicionais, impulsionando a busca por soluções fora do status quo. É um alerta claro para a classe política: a resistência à mudança pode precipitar o surgimento de movimentos mais extremistas como resposta à crescente desilusão popular. É hora de os partidos olharem para dentro, adotando estratégias de gestão de marca. Assim como o estado trata o cidadão como cliente, em alguns organismos públicos, os políticos devem seguir o mesmo caminho. A mudança de paradigma é essencial para reconquistar a confiança dos eleitores.

Numa sociedade democrática, onde o poder de decisão está nas mãos dos cidadãos, a eficiência na gestão da marca política torna-se uma necessidade premente. Os partidos devem reconhecer que o seu “produto” é o programa político veiculado pelos seus colaboradores – os militantes e os políticos em exercício.

Em suma, a mudança é inevitável. A sociedade exige uma abordagem mais transparente e eficiente por parte dos políticos. A gestão cuidadosa da reputação torna-se o alicerce para convencer eleitores desacreditados. Resta saber se a política portuguesa está pronta para esta transformação.

* CEO & Founder da Consumers Trust e Embaixador da Comissão Europeia para os Direitos do Consumidor Artigo publicado originalmente em revista Líder Magazine.

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