A dor não se mede e é invisível aos olhos dos outros

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Exposição hospitalar alusiva à unidade de tratamento de dor (Foto site do SNS).

A dor não é só um sintoma físico, é uma doença em si própria que causa sofrimento e redução da qualidade de vida do indivíduo na sua globalidade.

Por Ana Rita Vieira *

Portugal foi provavelmente o primeiro país no Mundo a dedicar um dia especial à Dor. Dia 15 de Outubro, assinala-se o dia Nacional de Luta contra a Dor – data criada em 1999 pela Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED).

Dia de luta contra a dor não controlada.
Dia de luta para uma melhor qualidade de vida para todos os que têm de enfrentá-la.
Dia de luta para a sensibilização dos profissionais de saúde, dos doentes e da comunidade em geral.
Dia de luta em prol de um melhor acesso aos cuidados de saúde e de uma melhor organização das unidades de dor.

1 em cada 7 portugueses sofrem de dor moderada a grave, com repercussões impactantes socioeconómicas e na qualidade de vida. A vida pessoal, a dinâmica familiar, o rendimento no emprego são profundamente afectados, gerando desconforto físico e desgaste emocional.

A dor não é só um sintoma físico, é uma doença em si própria que causa sofrimento e redução da qualidade de vida do indivíduo na sua globalidade.

É um fenómeno complexo e subjectivo, difícil de verbalizar e de explicar – a dor não se mede e é invisível aos olhos dos outros. Admitimos a sua existência quando se passa connosco e tentamos acreditar na que os outros nos comunicam.

Tem inúmeras causas. A mais frequente é a lombalgia (dores nas costas) e 80 % de todos nós sofrerá disto algures num dia das nossas vidas.

A dor é multidimensional e por isso exige um abordagem terapêutica ultiprofissional com médicos de várias especialidades e em conjunto. É neste conceito que surgem as estruturas dedicadas à Medicina da Dor. As estratégias são multimodais – não são só medicamentos, passa também por mudanças no estilo de vida, como por várias técnicas
inovadoras.

Tratar a dor é um dever dos profissionais de saúde e um direito dos doentes.

O que mais dói é não falar sobre ela. Temos de tirar a dor do silêncio e torná-la visível!

* Anestesiologista e Coordenadora da Unidade Dor HCVP. Ordem Médicos do Sul, Competência em Medicina da Dor pelo colégio da especialidade. Artigo publicado originalmente no site Healtnews.pt.

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