Manuel Paula Dias.

Faleceu o cineasta aveirense Manuel Paula Dias, que iria completar 91 anos no próximo dia de Natal, anunciou hoje o Cine Clube de Avanca (CCA).

“Figura ímpar da memória cultural de Aveiro, dividiu a sua longa vida entre a indústria de fundição — onde trabalhou desde muito cedo — e o cinema, que assumiu como paixão profunda e constante”, destaca a nota de imprensa.

Manuel Paula Dias, recorda o CCA, “filmou, sobretudo, nas décadas de 1960 e 1970, recorrendo aos formatos reduzidos característicos do cinema amador da época. Através da sua câmara, documentou como poucos a vida da cidade, da região e da ria de Aveiro, criando um vasto e valioso arquivo audiovisual que preserva tradições, paisagens e modos de vida hoje desaparecidos.”

A sua obra mais conhecida é o documentário “Sal, Duro Sal”, que “capta com intensidade e autenticidade a dureza do trabalho nas marinhas de sal aveirenses.”

Em 2009, Manuel Paula Dias realizou um remake de “Decomposição”, um filme originalmente rodado em 1972 (ficção experimental que relembra as dificuldades que o cinema amador e independente enfrentava com a ação da censura”.

Em colaboração com Ernesto Barros, realizou ainda “Derrame”, filme rodado em 1975 e concluído em 1977, que inclui imagens únicas do funeral do soldado morto no assalto à sede de Aveiro do Partido Comunista Português, num momento particularmente tenso do pós-Revolução.

Manuel Paula Dias e Ernesto Barros integraram o chamado “Grupo de Aveiro”, núcleo que marcou o cinema não-profissional português dos anos 60 e 70, ao lado de nomes como Vasco Branco e Manuel Matos Barbosa. Este grupo deixou um importante legado fílmico profundamente ligado à identidade cultural de Aveiro e da sua região.

Em 2014, Manuel Paula Dias foi homenageado pelo “AVANCA – Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia”, festival no qual participou várias vezes como membro de júris da competição internacional. Em 2018 foi igualmente júri do “Paisagens – Festival Internacional de Cinema de Sever do Vouga”, continuando a ser reconhecido pela sua experiência e contributo.

“Manuel Paula Dias deixa um legado maior no cinema documental português e uma memória artística profundamente entrelaçada com a história de Aveiro e da sua gente”, conclui o CCA.

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