
Alberto Souto procura a terceira eleição para a presidência da Câmara de Aveiro, que perdeu em 2005 para Élio Maia (dois mandatos), antecessor de Ribau Esteves (três mandatos).
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A partir do momento que, há quase quatro anos, ‘exigiu a cabeça’ de Manuel Oliveira Sousa, candidato derrotado do PS , na terceiro reeleição do atual presidente, que o nome do antigo autarca praticamente não deixou de ser o mais que provável socialista para a ‘corrida’ de 2025, onde tem a companhia do irmão mais novo Luís Souto, presidente da Assembleia Municipal, que foi convocado por Ribau Esteves para ‘as lides’ autárquicas há oito anos. Quiseram os destinos políticos e partidários que o cadeirão presidencial que já foi ocupado pelo avô Alberto Souto entre 1957-1961 seja disputado por dois netos, um deles reincidente..
Após duas décadas de maiorias, primeiro PSD-CDS e depois alargadas também ao PPM, o cabeça de lista do PS, que passou, entretanto, pela gestão de empresas públicas, ANACOM e Governo (Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações ), regressa à ‘casa de partida’. Um percurso iniciado em 1997, quando, vindo do estrangeiro (Banco Europeu de Investimento), ‘conquistou’ a Câmara ao conservador CDS, partido que estava à frente dos destinos do município desde as primeiras eleições autárquicas.
Seguiu-se a maioria absoluta de 2001, quando foi erguida a maior obra de sempre da autarquia, o estádio. Apesar da festa do Euro 2004, o PS pagou ‘caro’ o encargo financeiro assumido a par do Estado, deixando escapar a Câmara para a coligação que, entretanto, se formara entre PSD e CDS. Em 2025, Alberto Souto volta a quer deixar a ‘marcas’ no município, para corrigir, revogar se for caso disso, mas também fazer o entende que que já devia ter sido feito em várias áreas. Quase como uma ‘maldição’, se for presidente, terá de voltar a lidar com estádio que construiu, agora para dar a sequência a obras urgentes de manutenção.
Discurso direto
“O PS tinha uma lista de 10 pessoas, que eu próprio sugeri. Quadros muito valiosos, independentes, mulheres. Fui eu porque as circunstâncias, depois daquele resumo de ideias que queria transmitir ao futuro candidato, estava ainda ‘bichinho’ e tudo ponderado chegámos à conclusão”;
“Durante 20 anos estive praticamente ausente, nos primeiros anos saí a terreiro a defender-me, depois disso as pessoas deixaram de falar na dívida, o próprio Eng. Ribau disse que o valor são 160 milhões, era o que estava no relatório da IGF e nunca menti. Quem não tem ideias, e perante a força desta candidatura, procura motivos na contabilidade há 20 anos. Não se pode comparar o que é incomparável. Aconteceu um desequilíbrio de tesouraria devido ao estádio. Acho que é um erro da Aliança, as pessoas em geral querem lá saber da contabilidade de há 20 anos, estão preocupadas com o futuro. A responsabilidade política foi por unanimidade”;
“Quando publiquei o livro das 101 propostas não era candidato, disse que era um exercício de futurismo. Ideias que ficam, mas muito difíceis de concretizar. As propostas dominicais, alertei, eram para a discussão. No programa eleitoral, o que vale, desafiei a indicarem-me uma proposta megalómana, não está lá nenhuma”. Eu gosto de o futuro, mas tenho os pés bem assentes na terra, quero ser um presidente de contas certas e a horas;
“A obrigação de um candidato é ter um olhar crítico sobre o que herda. Dar continuidade às coisas boas. As 10% que são más e mesmo absurdas, têm de ser travadas. São compromissos. A bola do Rui Chafes e a muralha são infelicidades estéticas de quem as colocou lá. Não valem nada, valem um cisco ao lado de enormidades. Um dia se resolverá, não é nenhuma prioridade. Importante é não se construir a torre de 12 pisos, não massificar de construção a antiga lota ou não destruir a vivenda do conservatório. A Câmara veio finalmente revelar imagens. Qualquer pessoa percebe que não é necessário”;
[Luís Souto] “É a favor do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, do pavilhão-oficina, do ‘caixote’ ao lado dos Armazéns de Aveiro… Propostas não construídas, que estamos a tempo de travar”. Sou transparente, rigoroso, digo as minhas ideias, não escondo o jogo e não vou fazer como outros que querem dar continuidade só porque têm medo ou incapacidade de ter olhar crítico sobre Aveiro”;
“No hospital apresentei duas hipóteses, não apresentei a minha opinião. Depois disse que não atrasava nem um dia. Já vi este filme, há 30 anos um Governo disse-nos que havia dinheiro para o hospital, nem projeto havia. Uma das grandes derrotas do Eng. Ribau é não ter resolvido o novo hospital. Podia ter criado as condições para avançar com uma localização ótima, em termos de planeamento. Agora é uma oportunidade boa”;
“Fui autarca com Governos do PS e do PSD. Se alguém aparece a pedir um hospital ao Primeiro-Ministro ele olha para as prioridades nacionais… Montenegro já disse que Aveiro não está nas prioridades hospitalares. Tive muitos projetos do PS e consegui do PSD. Não pedi a Cidade Digital, tive de passar no teste do professor Mariano Gago”;
“Ninguém pode dizer quanto custa a nova ponta praça no canal central sem projeto. Espero que os arquitetos estejam inspirados”;
“[Cais do Paraíso] Vamos ter menos construção e permitir que a família Bóia construa, respeitando os direitos que tem. Garanto que vou revogar aquele plano de pormenor, temos a obrigação de revogar, para continuar a cometer erros temos o Luís”;
“Resolver o engarrafamento da Avenida é para a primeira semana. Tenho intenção de chegar ao gabinete de mobilidade com três sugestões concretas, sem grandes obras. E paulatinamente limitar o trânsito. Estacionamento na Maia Magalhães é para abrir concurso na primeira semana e na Fonte Nova na segunda. E ideia que o Luís tem tentado apropriar-se, duplicar ou triplicar a capacidade do parque estação”;
[Parque de lazer ?] “O parque das Barrocas é capaz de ser mais fácil, o presidente pôs as equipas a trabalhar em plena campanha”;
“É preciso fazer uma reflexão com a comunidade sobre a Escola Homem Cristo, a tirar dali a escola tem de ser muito amadurecida. Se se concluir por uma nova escola, sou contra meter o ‘rossio na betesga’, o que se conhece é que vai para um espaço apertadinho. Temos de ter a ambição que seja uma escola a sério, com todas condições”;
[Imposto locais] Não posso apresentar propostas irresponsáveis e demagógicas”;
“Há uma grande pressão turística, mas não temos problemas de outras cidades. Podemos diversificar as ofertas, criar polos para visitas a outras. Temos no programa elaborar uma estratégia”;
[Atividades empresariais turismo e alojamento] “Estarei completamente à vontade. Sempre distingui interesse público e privado. Farei a declaração de interesses que a lei obriga e não participarei em decisões em que estejam envolvidos familiares, nem na elaboração das estratégias”;
[Prazo de eletrificação dos moliceiros que fazem passeios nos canais citadinos] A tecnologia está a evoluir muito depressa e provavelmente estará desadaptada das necessidades das baterias. O objetivo público é que sejam não poluentes e com autonomia para que o modelo de negócio na base de concessão também não seja posto em causa;
[Cultura] “Queremos valorizar os agentes culturais que têm sido desconsiderados. O programa ‘Perto de Si’ é para manter. Atrair os grandes espetáculos. Eventos como o Prisma e o Festival dos Canais são um sucesso. Toda a gente acha uma boa ideia recriar o Carnaval da Ria. A outra ideia são as conferências do futuro”.
[Candidaturas nas freguesias] “Temos boas expetativas em todas, estamos a trabalhar para ganhar todas. Não faço prognósticos.”
[Expansão portuária na ‘base’ de São Jacinto] Fiquei surpreendido pelo candidato da Aliança não estar alinhado com o seu governo. Não sou contra o regresso do aeródromo, mas parece mais interessante para São Jacinto, é sobretudo uma operação logística. Se o porto tiver ali uma antena o problema das acessibilidades vai ter se reforçado, isso é benéfico”. . Não impacto com o destino de turismo de natureza, do outro lado”;
[Pelouros] Ainda é muito cedo isso. Temos uma equipa de nove, mais suplentes. Todos aptos. Pessoas nos primeiros lugares muito qualificadas, uma delas na área da economia, diretora do curso de economia da Universidade de Aveiro. Gente muito qualificada em todas as áreas.
[Apelo ao voto útil ?] As pessoas fazem as suas análises, outras votam por fidelidade. Não acredito muito nesses apelos, mas não deixarei de chamar a atenção que os votos no BE, PCP, Livre são votos perdidos, não vão eleger ninguém. Se preferem um projeto, que não sendo o projeto de cada um desses partidos, apesar de tudo, como o nosso, tem propostas e princípios em que se reveem, e acredito que sim, votem utilmente, porque senão são votos para eleger um candidato que não vão gostar de ver”
Entrevista partilhada pelo Youtube e Facebook. Apoio à produção da Fundação Eng. António Pascoal www.fapascoal.pt
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